Evento aborda a formação do professor no Brasil


A busca pela melhora no ensino da Matemática na educação básica brasileira é uma constante. Para alcançar melhores resultados, a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) criaram o Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), voltado para professores em exercício da disciplina. Para falar sobre essa iniciativa e outras formas de melhorar o ensino de Matemática no País, o 3º Diálogo Brasil e Alemanha convidou o presidente do conselho gestor do projeto, Marcelo Viana, para palestrar sobre o assunto.


Pesquisador Titular do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e membro do Comitê Executivo do MCofA – Mathematical Council of the Americas, o professor reconhece que há inúmeros problemas no ensino da disciplina no Brasil.


“Mais que qualquer outra, a Matemática exige que o aluno participe ativamente no processo de aprendizagem. Mas essa atitude não costuma ser estimulada em sala de aula”, lamenta Viana. “A Matemática é, também, um corpo de conhecimento sequencial: se uma parte não é devidamente aprendida, muito do que vem depois vai parecer um jogo sem sentido.”


Para ele, a escala gigantesca do sistema educacional brasileiro, o subdesenvolvimento sócio-econômico-cultural, a péssima capacitação para a formação de professores, a cultura de não privilegiar a educação como instrumento para o desenvolvimento individual e nacional estão entre os principais entraves para a Matemática no País. Além disso, o especialista também criticou aspectos estruturais do sistema educacional.  “O aluno é nivelado por baixo, em nome de uma isonomia sem sentido”.


Sobre a formação de professores, Viana afirma que, além da péssima formação dada nos cursos de licenciatura, eles ainda precisam enfrentar a desvalorização que a profissão do professor alcançou no Brasil. “A carreira de professor acaba sendo, muitas vezes, o destino de profissionais sem a necessária vocação, apenas porque não estão habilitados a outras carreiras que lhes seriam mais atraentes. Há exceções, mas está longe de ser a maioria”, declara Viana.


Ele sugere uma série de ações, como mais rigor acadêmico no licenciamento de instituições, reestruturação da carreira do professor e melhoria da infraestrutura das escolas. “Essas medidas exigem coragem política. Não acredito que seja possível alcançar verdadeiro avanço nesta área sem uma política de Estado coerente e arrojada.”


Como exemplos de sucesso no ensino da Matemática, Viana cita a Coréia do Sul, Cingapura e os países escandinavos. São países que, segundo ele, podem nos ensinar algumas lições. “A primeira é que os países que possuem os melhores sistemas de ensino são aqueles em que a formação e a atuação do professor da escola básica são valorizadas. A segunda é que os países em que os alunos aprendem mais Matemática são aqueles cujas culturas e sociedades mais valorizam a educação e o trabalho. Falta saber o que queremos fazer com essas lições”, conclui.


Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo

SXC
SXC