Em 30 de setembro, interessados em pesquisa e ensino de Matemática estiveram na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, para a abertura do 3º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação. Promovido pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação de São Paulo (DWIH-SP). O evento teve o objetivo de promover o contato entre instituições e profissionais dos dois países e gerar discussões sobre diversos aspectos do conhecimento científico.
O público pôde acompanhar a Leibniz Lecture do professor Günter M. Ziegler, professor e pesquisador da Freie Universität Berlin agraciado com o Prêmio Leibniz e com o Prêmio Communicator da Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa (DFG). O tema escolhido foi “Estrelas, poliedros, elipses e bolhas de sabão: algumas imagens estelares entre a geometria e a física”. “A ideia é interligar assuntos como a arte e a ciência e, dessa forma, dar uma ideia da Matemática que realizo e que me interessa”, disse Ziegler.
O professor percorreu a história da disciplina e mostrou formas geométricas criadas por grandes personagens da história da arte e da ciência – Leonardo da Vinci, Albrecht Dürer, Johannes Kepler, Friedrich Gauss e Maurits Cornelis Escher. Apontou acertos e erros de cada uma delas e comparou-as com imagens semelhantes criadas na atualidade. “Seria um exercício muito interessante se pensássemos em imagens que representassem o que é Matemática para cada um de nós. Elas podem nos inspirar a fazer descobertas”, afirmou Ziegler ao encerrar a palestra.
Sistemas complexos
No segundo e último dia do evento, 1º de outubro, foram realizados dois painéis. Na parte da manhã, o tema foi “Redes Complexas”, e os palestrantes abordaram suas diversas aplicações, com a moderação do professor Carlos Eduardo Pereira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O matemático Jürgen Kurths (Humboldt-Universität Berlin e Potsdam Institute for Climate Research) falou sobre o uso da teoria de sistemas complexos na análise de eventos naturais e na melhoria do funcionamento de redes elétricas. A partir de exemplos de cardumes de peixes e enxames de vaga-lumes, o engenheiro Elbert Macau (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE) explicou de que forma as redes complexas podem ser usadas em sistemas tecnológicos como, por exemplo, no alinhamento de satélites.
Cientista sênior na área de meteorologia, José Antonio Marengo, também do INPE, abordou os desastres naturais. Delphine Zemp, do Potsdam Institute for Climate Research, analisou o sistema de reciclagem de umidade na região amazônica. Fechando o painel, o físico Christian Schmeltzer, da Humboldt-Universität Berlin, apresentou um interessante estudo sobre um dos sistemas mais complexos: o cérebro.
Melhoria no ensino
O segundo painel foi sobre as “equações” para tornar a Matemática atraente para os estudantes. O físico e matemático Ricardo Karam, atualmente pesquisador na Universität Hamburg com uma bolsa da Fundação Alexander von Humboldt, falou de estratégicas didáticas para que os conhecimentos matemáticos estimulem a compreensão da Física.
Na sequência, duas professoras alemãs dividiram experiências: Susanne Prediger (TU Dortmund) abordou ações para despertar o interesse pela Matemática em sala de aula; já Brigitte Lutz-Westphal (Freie Universität Berlin) reforçou a importância do diálogo e afirmou que é preciso estimular os alunos a fazer perguntas.
Outras duas experiências foram apresentadas por pesquisadores do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Claudio Landim mostrou números e contou histórias que mostram o sucesso da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), da qual é coordenador. Marcelo Viana explicou o programa de mestrado Profmat, criado para capacitar professores, sobretudo para a rede de escolas públicas.
Ao longo de todo o dia, o evento foi marcado por intervenções e perguntas da plateia, formada por pesquisadores, estudantes e interessados nos temas abordados. “Esse foi o Diálogo em que mais houve interação entre o público e os palestrantes”, festejou Marcio Weichert, coordenador do DWIH-SP.
Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo