Aconteceu, no último dia 30 de junho, um evento sobre Implementação e Manutenção de Centros de P&D no Brasil. Organizado pelo Departamento de Inovação e Tecnologia da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, a rodada de palestras contou com participantes de todos os campos envolvidos no tema: empresas que buscam instalar centros no País, representantes do Governo e entidades alemãs já estabelecidas no Brasil.
O Diretor da Wenovate e Sócio da Allagi Consultoria, Bruno Rondani, deu início à discussão ressaltando a mudança na cultura da inovação nos últimos tempos. Segundo ele, os centros de P&D são hoje parte central deste processo. Mencionou, também, a existência de alguns paradoxos na gestão, como a inovação aberta versus fechada, e a livre interação versus o fluxo programado.
Em relação às novas abordagens, conceitos e ferramentas, Rondani acredita que “as pessoas hoje interagem mais com os produtos, porque querem participar”, e que isso deve ser levado em conta, assim como o timing – muito importante na inovação, já que o investimento deve ser feito no momento certo. Algumas das constatações mais relevantes da empresa envolvem a necessidade de estabelecer relações de confiança e estar próximo dos clientes na hora de desenvolver soluções.
“Nosso desafio é estimular o investimento privado”, disse Igor Manhães, Diretor de Fomento à Inovação do Ministério de Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior, ao discutir sobre os incentivos governamentais para investimentos em P&D. Ao apresentar alguns dados, revelou que o Brasil, em 12 anos, aumentou quatro vezes a criação de P&Ds, e, ao mesmo tempo, cresceu três vezes a produção de artigos científicos. O diretor ressalta, ainda, que as empresas que querem instalar centros de pesquisa precisam saber o que o País tem a oferecer, e que as reclamações que recebem são trabalhadas para melhorar ainda mais a infraestrutura tecnológica.
Já o Coordenador de Projetos de Implementação de Institutos de Inovação do SENAI, Joselito Rodrigues, citou as vantagens de articulação entre empresas inovadoras, além de instituições e universidades, a fim de formar redes de inovação. “A confiança tem muito a ver com as pessoas”, disse, em relação aos mecanismos para fazer funcionar o processo. De acordo com o coordenador, o SENAI também trabalha na criação de institutos de inovação, focados em P&D, e de tecnologia, de modo a fomentar a multidisciplinariedade e a competitividade.
Abrindo a rodada de cases, o Gerente de Tecnologia e Inovação da BASF no Brasil, Rony Sato, apresentou as ideias dos três centros de P&D no País. De início, comenta, foi necessário firmar uma rede internacional interdisciplinar por meio de parceiros industriais e instituições. “Agora estamos com um desafio: estabelecemos a meta de que, em 2020, 50% da pesquisa será realizada na Ásia e Américas”.
Dennison John, Presidente do SAP Labs América Latina, trouxe para o evento as experiências do centro da companhia, localizado em São Leopoldo. Aberto no final de 2013 e o único da empresa na América Latina, o laboratório possui 210 funcionários trabalhando em pesquisa e desenvolvimento, com foco em manutenção e inovação. “Nosso objetivo é trazer soluções inovadoras e serviços de ponta”, finalizou.
Também com três centros de P&D no País, a Robert Bosch, que nasceu motivada pela área automotiva e de combustível, acredita que uma das principais influências para o estabelecimento desses centros está na cooperação com institutos de pesquisa. “Precisamos de novas alavancas e desafios para impulsionar a engenharia produtiva no Brasil”, disse Erwin Franieck, Gerente de Engenharia de Software Flex-Functions da empresa, que investe 3,5% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento.
Para concluir o evento, o Coordenador do Fraunhofer Project Center for Innovation in Food and Bioresourcer (ITAL), o Eng. Alexandre Moreira, levantou as principais conquistas do centro de pesquisa e desenvolvimento: fomentos públicos, financiamento inicial, patentes e contratos de pesquisas. Entre os objetivos do Project Center estão cooperação industrial e intercâmbio de pesquisadores – gerando uma internacionalização dos institutos.