Neste ano, a Alemanha comemora, em 23 de abril, os 500 anos da Lei da Pureza da produção de cervejas. Nesse aspecto, ressalta-se que a bebida alemã é conhecida mundialmente por sua excelente qualidade e essa diretriz é a mais antiga sobre alimentos ainda vigente em todo o mundo.
Em alemão “Reinheitsgebot”, a normativa determina que sua composição deva ter somente três ingredientes: água, cevada e lúpulo. No documento original, a levedura não estava presente, pois, em 1516, ainda não existia este conhecimento. Inicialmente, esta determinação vigorava apenas no Estado da Baviera – só em 1906 foi acatada em todo o país.
Para estudiosos, esta lei foi concebida com dois propósitos. Primeiro, para garantir a qualidade do fermentado. Em segundo, para diminuir o preço do pão, que, na época, era um alimento básico para a população e se fosse utilizado trigo na fórmula da bebida, seu preço se elevaria e o grão se tornaria escasso.
Paralelamente à instituição da lei tiveram início os testes de qualidade da cerveja. No entanto, os métodos usados nos séculos 15 e 16 não podem ser chamados de científicos. A bebida era despejada em cima de um banco, no qual os provadores oficiais (com suas tradicionais calças de couro) sentavam-se por três horas. Após esse tempo era permitido que levantassem e, se o couro grudasse no banco, era sinal de que a cerveja tinha qualidade. No entanto, se isso não ocorresse o cervejeiro podia até ser penalizado.
Comemorações
Mas, histórias de lado, grandes festividades estão programadas para comemorar os 500 anos da Lei da Pureza da Cerveja. Na Baviera, terra da Oktoberfest, a comemoração acontece na capital, Munique, entre 22 e 24 de julho, em Odeonsplatz. As estrelas principais da festa são, naturalmente, as cervejarias bávaras, que mostrarão toda a diversidade de sua produção, sabores e tipos possíveis. Durante a festa os visitantes também poderão degustar e aprender com os mestres cervejeiros um pouco mais sobre a cultura bávara de produção da bebida.
Em toda a Alemanha, indicam as estatísticas, há mais 1.350 cervejarias que produzem, juntas, mais de 5.500 tipos diferentes. A explicação para o fato de todas terem sabores diversos reside em diversos fatores: a receita, a água utilizada, o aroma do lúpulo, o método de moagem dos cereais e, por fim, a dedicação do mestre cervejeiro.
Com cerca de 600 cervejarias, a Baviera ocupa a liderança nesse ranking, sendo que cerca de um quarto dessas produtoras está na Francônia. Por essa razão, também estão programadas inúmeras festas na região, como o Festival da Cerveja da Francônia, maior Biergarten da Alemanha, que ocorrerá de 25 a 29 de maio nos jardins do Castelo de Nuremberg. Nesse período, 40 cervejarias locais irão apresentar mais de 100 deliciosas variações da bebida. Além disso, estão previstos tours guiados por cervejarias, uma sauna de cerveja (em Bad Konigshofen) e uma exposição multimídia.
Da Alemanha para o Brasil
Em todo o mundo há cervejarias que fazem questão de estampar em suas embalagens a frase “produzida de acordo com a Lei da Pureza Alemã”, garantindo a qualidade do produto a seus consumidores. Nesse sentido, muitas marcas de grande notoriedade têm sua origem na imigração germânica, inclusive no Brasil, como a Brahma e a Antarctica.
Em 1885, o alemão Louis Bucher, de Wiesbaden, deu início, em São Paulo, ao que viria a ser a famosa Antarctica. Inicialmente um abatedor de suínos, a empresa possuía uma fábrica de gelo com capacidade ociosa, o que despertou o interesse de Bucher, que possuía uma pequena cervejaria. Já o pai-fundador da Brahma, o comerciante alemão Georg Maschke, comprou o negócio em 1894, quando criou sua própria cerveja.