A BASF registrou vendas de €62,7 bilhões no ano passado, representando um aumento de 2% em comparação ao ano anterior. Os resultados das atividades operacionais antes de juros e tributos (EBIT) apresentaram queda em relação a 2017, de €7,6 bilhões para €6,4 bilhões, decorrente, principalmente, do segmento de Químicos, que respondeu por aproximadamente dois terços da queda total de lucros. As margens de lucro do isocianato sofreram uma brusca queda no segundo semestre do ano. Além de as margens de cracker terem sido menores do que o esperado em todas as regiões em 2018.
No geral, 2018 foi um ano marcado por difíceis cenários econômicos e geopolíticos globais e conflitos comerciais. No segundo semestre do ano, a BASF sentiu uma retração econômica nos principais mercados, especialmente na indústria automotiva, o maior setor de clientes da empresa. A demanda de clientes chineses, em especial, diminuiu significativamente em decorrência do conflito comercial entre os Estados Unidos e a China. As incertezas aumentaram globalmente e, portanto, muitos participantes do mercado agiram com bastante cautela.
“Estamos lidando com estes desafios. Com a nossa nova estratégia corporativa, usaremos 2019 como um ano de transição para emergir ainda mais fortes. Neste ano, estamos adaptando nossas estruturas e processos, focando nossa organização expressamente nas necessidades de nossos clientes”, disse o Presidente da Junta Diretiva da BASF, Dr. Martin Brudermüller, que apresentou os dados financeiros do exercício de 2018 juntamente com o Chief Financial Officer Dr. Hans-Ulrich Engel.
A BASF implementou aumento de preços em todos os segmentos e divisões em 2018. Houve um discreto aumento de volumes comparado ao ano anterior. Os maiores volumes foram registrados nos segmentos de Materiais e Soluções Funcionais e Soluções para Agricultura, que foram parcialmente compensados pelos baixos volumes nos segmentos de Produtos de Performance e Químicos. A principal razão primordial para os menores volumes no segmento de Produtos de Performance foi a parada da fábrica de citral em Ludwigshafen, que reiniciou a produção no segundo trimestre. Os volumes de vendas no segmento de Químicos sofreram influência negativa devido ao baixo nível de água do rio Reno. No geral, os efeitos cambiais apresentaram um decréscimo de 4%, enquanto que, os efeitos de portfólio registraram acréscimo de 1%.
Os menores lucros nos segmentos de Materiais e Soluções Funcionais, Soluções para Agricultura e Produtos de Performance também contribuíram para o declínio no EBIT. No segmento de Soluções para Agricultura, os efeitos cambiais negativos em todas as regiões diminuíram os lucros. Além disso, houve uma forte contribuição negativa das empresas adquiridas da Bayer, cujo controle foi assumido pela BASF somente em agosto. Tal período levou a uma desvantagem devido à sazonalidade do negócio de sementes, que gera lucros predominantemente no primeiro semestre do ano, adicionado ao fato de que incorreram custos para integrar as atividades adquiridas.
Além disso, o longo período com baixo nível de água do rio Reno foi um desafio para a BASF. Na unidade de Ludwigshafen, durante grande parte do terceiro e do quarto trimestre, o recebimento de matérias-primas por via fluvial foi praticamente impossível. Consequentemente, a BASF foi forçada a reduzir as taxas de utilização da capacidade da planta em Ludwigshafen, fato que restringiu os ganhos de 2018 em cerca de €250 milhões.
Os itens extraordinários totalizaram €320 milhões, em função, principalmente, das aquisições dos novos negócios no segmento de Soluções para Agricultura. O resultado, comparado com 2017, teve decréscimo de € 58 milhões. O EBIT diminuiu em 20%, indo para €6 bilhões. Com 9,5 bilhões, o EBITDA antes de itens especiais ficou 12% abaixo do resultado do ano anterior. O EBITDA totalizou €9,2 bilhões, comparado a €10,8 bilhões em 2017.
O lucro por ação caiu de €6,62 para €5,12 em 2018. Ajustado pelos juros, impostos, depreciação e amortização de ativos intangíveis, o lucro por ação totalizou €5,87, apresentando queda de €0,57 em relação ao ano anterior.
Evolução dos lucros do Grupo BASF no quarto trimestre de 2018
As vendas do Grupo BASF aumentaram em 2% no quarto trimestre de 2018, totalizando €15,6 bilhões. Os segmentos de Produtos de Performance, Materiais e Soluções Funcionais e Soluções para Agricultura deram suporte para um possível aumento de 2% nos preços. Os volumes caíram em 3%, resultado principalmente do longo período de baixo nível de água do rio Reno que limitou drasticamente a entrega de matérias-primas essenciais para a unidade de Ludwigshafen, forçando, assim, a redução de sua capacidade de utilização. Os efeitos de portfólio totalizaram um acréscimo de 3% devido à aquisição do negócio da Bayer no segmento de Soluções para Agricultura.
O EBIT no quarto trimestre foi de €630 milhões, representando uma queda de 59% em relação ao ano anterior, devidos aos lucros significativamente menores nos segmentos de Químicos e Soluções para Agricultura. No segmento de Químicos, a principal razão da queda teve relação com as margens menores no negócio de isocianato e cracker. A evolução dos lucros no quarto trimestre no segmento de Soluções para Agricultura foi prejudicada por despesas relacionadas à aquisição. A BASF conseguiu melhorar os ganhos nos segmentos de Produtos de Performance e Materiais e Soluções Funcionais. Os gargalos no fornecimento, resultantes do baixo nível de água do rio Reno, impactaram negativamente os lucros em aproximadamente €200 milhões no período em questão.
Fluxos de Caixa do Grupo BASF no ano de 2018
Os fluxos de caixa das atividades operacionais caíram de €8,8 bilhões para €7,9 bilhões, principalmente devido à redução do lucro líquido. Em 2018, a mudança no capital de giro líquido reduziu os fluxos de caixa em €530 milhões, comparado com €1,2 bilhão de 2017. O montante utilizado nas atividades de investimento aumentou de €4 bilhões para €11,8 bilhões. Em 2018, os pagamentos líquidos para aquisições e desinvestimentos totalizaram €7,3 bilhões, principalmente relacionados à aquisição de negócios e ativos da Bayer. Os pagamentos feitos para o ativo imobilizado e intangível diminuíram em €102 milhões, indo para €3,9 bilhões. Com €4 bilhões, o fluxo de caixa livre voltou a ter força, porém com €744 milhões a menos que em 2017, devido à diminuição dos fluxos de caixa advindos das atividades operacionais.
Dividendo proposto de €3,20
“A BASF quer aumentar seu dividendo mesmo em tempos difíceis. Por isso, iremos propor à Assembleia Geral de Acionistas um dividendo de €3,20 por ação, €0,10 superior ao do ano anterior. A ação da BASF, portanto, oferece um rendimento de dividendos muito atraente, de 5,3%, com base no preço da ação no final de 2018”, comentou Brudermüller.
Implementação da estratégia da BASF
A BASF desenvolveu ainda mais sua estratégia, implementando-a sistematicamente por meio de inúmeras medidas. Como primeiro passo, desde 1º de janeiro, a BASF alterou a alocação organizacional de cerca de 14 mil colaboradores que anteriormente trabalhavam em unidades centrais. Esta transferência para as divisões de negócios foi muito suave.
“Todo o processo será concluído até o final do terceiro trimestre de 2019 e cerca de 20 mil colegas trabalharão mais próximos de nossos clientes, nos permitindo reconhecer melhor suas necessidades, desenvolver ideias e implementá-las mais rapidamente”, disse Brudermüller.
As alterações na organização afetam áreas como pesquisa e desenvolvimento, engenharia, cadeia de suprimentos, compras, recursos humanos, serviços de informação e meio ambiente, saúde e segurança. A BASF também modificou sua estrutura de relatório e agora conta com seis segmentos, ao invés de quatro: Químicos, Materiais, Soluções para Indústria, Tecnologias de Superfície, Nutrição & Cuidados e Soluções para Agricultura. “A mudança tornará nossa comunicação mais transparente e mais fácil de ser comparada com as dos nossos concorrentes”, disse o Presidente da Junta Diretiva.
A BASF empreendeu inúmeras medidas para desenvolver ainda mais seu portfólio. Por exemplo, concluiu a transferência de seus negócios envolvendo químicos para papel e água para a Solenis. O negócio em conjunto, no qual a BASF tem uma participação de 49%, opera sob o nome Solenis desde 1º de fevereiro de 2019. Em 2017, registrou vendas proforma de cerca de €2,4 bilhões e contava com aproximadamente 5,2 mil colaboradores. Hoje, o negócio conjunto oferece um portfólio de produtos expandido para os clientes nos setores de papel e tratamento de água.
Em 18 de janeiro de 2019, a Comissão Europeia concedeu a BASF uma autorização condicional para aquisição do negócio de poliamida da Solvay. Para resolver as preocupações de concorrência da Comissão Europeia, a BASF deve transferir parte do escopo da transação original para um terceiro comprador, nomeadamente os ativos de produção e as capacidades de inovação dos negócios de poliamida da Solvay na Europa. Brudermüller comentou: “Com esta aquisição, a BASF ainda pode atingir seus objetivos estratégicos e fortalecer consideravelmente os negócios com a poliamida 6.6.”
A BASF e a LetterOne esperam agora as aprovações regulatórias necessárias para a fusão de seus respectivos negócios de petróleo e gás em uma joint venture. As duas empresas assinaram um acordo de fusão no final de setembro de 2018. A conclusão da transação está prevista para o primeiro semestre de 2019. As medidas preparatórias para a integração estão sendo realizadas de acordo com o planejado. A BASF espera que a oferta pública inicial (IPO) ocorra no segundo semestre de 2020.
Como parte de sua gestão ativa de portfólio, a BASF analisa continuamente se os negócios podem atender de uma maneira ainda melhor seu potencial em uma esfera de negócio diferente, por exemplo, uma joint venture ou fora da BASF. Neste contexto, a BASF anunciou em outubro de 2018 que está avaliando opções estratégicas, como a fusão com um parceiro forte ou um desinvestimento para seu negócio de químicos para construção. O presidente da Junta Diretiva da BASF comentou: “Nosso objetivo é chegar a um acordo com relação a uma transação durante o ano de 2019. Estamos atualmente preparando um processo estruturado”.
Investimentos em crescimento orgânico na Ásia
A China já é o principal mercado da Ásia e do mundo – tanto para a BASF quanto para toda a indústria química. A BASF quer crescer mais rápido do que o mercado químico global. “Portanto, precisamos participar do crescimento na China, o maior mercado mundial de produtos químicos”, disse Brudermüller. O presidente da Junta Diretiva nomeou vários projetos de investimento com os quais a BASF quer fortalecer ainda mais sua posição na Ásia e acelerar o crescimento orgânico.
No final de outubro de 2018, por exemplo, a BASF assinou um acordo com a SINOPEC para expandir sua parceria na unidade Verbund em Nanjing, China. A joint venture BASF-YPC investirá em uma participação de 50% na construção de mais um steam cracker com capacidade de 1 milhão de toneladas de etileno por ano. A SINOPEC Yangtzi Petrochemical investirá os outros 50%. Além disso, a BASF e a SINOPEC explorarão conjuntamente novas oportunidades de negócios no crescente mercado chinês de materiais para baterias.
A Índia é outro mercado onde a BASF quer investir. A empresa assinou recentemente um memorando de entendimento com a Adani para estudar uma grande aplicação conjunta na cadeia de valor de acrílicos. A unidade designada estaria localizada no porto de Mundra, no estado indiano de Gujarat. Este seria o maior investimento da BASF na Índia até hoje e sua primeira unidade de produção neutra em CO2.
Panorama para o ano de 2019
Neste ano, a expectativa é de que a economia mundial cresça 2,8%, consideravelmente um ritmo mais lento do que em 2018 (3,2%). Na União Europeia, a empresa prevê crescimento mais fraco na demanda doméstica e, também, na demanda de exportação. Por outro lado, a BASF supõe que os Estados Unidos apresentarão um crescimento sólido, embora o efeito estimulador da reforma tributária deva ser menos expressivo do que em 2018. O crescimento na China provavelmente continuará desacelerando, mas permanecerá alto em comparação com as economias avançadas. Por outro lado, a recuperação econômica no Brasil deve perseverar.
O panorama é baseado nas seguintes hipóteses econômicas adicionais para o ano de 2019:
- Crescimento de 2,7% na produção global de químicos em 2019 (2018: +2,7%)
- Preço médio do petróleo de US$70 por barril de Brent bruto
- Taxa média de câmbio de U$$1,15 por euro
“Também esperamos que o crescimento nas indústrias de nossos clientes continue. Para o setor automotivo, prevemos uma ligeira recuperação após a menor produção que ocorreu no ano anterior”, disse Brudermüller. A perspectiva da BASF também leva em consideração que os conflitos comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais irão amenizar ao longo do ano, e que o Brexit ocorrerá sem grandes repercussões econômicas.
“Embora o ambiente seja desafiador e marcado por um alto nível de incerteza, pretendemos crescer de forma lucrativa. Esperamos um discreto aumento nas vendas, principalmente devido aos efeitos de portfólio. Queremos aumentar ligeiramente o EBIT. Além disso, prevemos que o retorno sobre o capital empregado (ROCE) seja um pouco maior do que o custo do percentual de capital, mas diminuirá um pouco em comparação ao patamar de 2018”, disse o Presidente da Junta Diretiva da BASF.
Brudermüller enfatizou que os dois primeiros trimestres de 2019 serão relativamente fracos: “Em primeiro lugar, no primeiro semestre de 2018 ainda nos beneficiamos de margens elevadas dos isocianatos, o que aumenta a base de comparação. Em segundo lugar, os custos associados à implementação da nossa estratégia terão um impacto nos lucros, assim como um número maior de paradas programadas nas fábricas em relação ao ano anterior. Os fatores decisivos para alcançar nossas metas para 2019 são um melhor desempenho dos negócios, uma sólida demanda dos clientes, bem como as primeiras contribuições de nosso programa de excelência estratégica no segundo semestre do ano. As mudanças estruturais que iniciamos na BASF também resultarão em itens extraordinários negativos notavelmente mais altos em 2019.”