8ª Conferência Brasil-Alemanha de Mineração debate sustentabilidade e inovação no setor

Foto: Homero Xavier / AHK São Paulo

A Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) realizou no dia 21 de setembro de 2023 a 8ª edição da Conferência Brasil-Alemanha de Mineração e Recursos Minerais.

Contando com o apoio dos patrocinadores de nível ouro Haver & Boecker, Voith e Vulkan e dos patrocinadores de nível prata Flottweg e ifm, o evento foi um sucesso tendo todos os ingressos esgotados duas semanas antes do evento.

Mais de 120 líderes e representantes das principais empresas de mineração do Brasil e da Alemanha se reuniram em Belo Horizonte no MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal onde puderam assistir a apresentações de temas importantes para a indústria.

Iniciando os discursos de abertura, Barbara Konner, Vice-Presidente Executiva da AHK São Paulo, apontou a relevância da Conferência para a área e deu destaque para a importância das relações entre o Brasil e a Alemanha. “A nossa Câmara também está trabalhando para que, durante as Consultas Governamentais que serão realizadas em dezembro deste ano em Berlim, ambos os Governos possam assinar um acordo na área de Mineração, que fortalecerá ainda mais a relação entre o Brasil e a Alemanha”, declarou.

Dra. Alice Silva de Castilho, Diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), discursou sobre a importância da sustentabilidade dentro das atividades de mineração e geologia. Em seguida, Benjamin George, Conselheiro de Assuntos Econômicos, Digitais e Transporte da Embaixada da República Federal da Alemanha, reforçou também o comprometimento do Governo Federal Alemão para transformar os processos da mineração mais sustentáveis. Em seu discurso de abertura, apontou as relações entre o Brasil e a Alemanha. “O Brasil é um dos parceiros mais importantes para a Alemanha no setor de mineração. A economia alemã está muito interessada em uma cooperação estratégica com o Brasil com o intuito de tornar os processos mais sustentáveis.”

A comunicação das iniciativas do setor também foi tema de discussões. “A indústria da mineração tem comunicado suas iniciativas cada vez mais e, por isso, essa Conferência é tão importante. É necessário comunicar sobre a importância estratégica da mineração”, afirmou Cinthia de Paiva Rodrigues, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRAM, responsável por finalizar os discursos de abertura da Conferência. Rodrigues informou ainda que o Instituto estabeleceu 12 grupos de trabalho para cumprir todos os objetivos de ESG.

A primeira apresentação da Conferência foi voltada à Política Europeia de Matérias-primas críticas e a Cooperação Brasil-Alemanha. Dr. Herwig Marbler da Agência Alemã de Recursos Minerais (DERA) dentro do Instituto Federal de Geociências e Recursos Minerais (BGR), destacou o potencial brasileiro na exportação de minérios, inclusive de terras raras, e frisou que os maiores desafios da indústria extrativa nacional ainda são relacionados à ecologia. “Para cada um kg de terras raras é necessário o equivalente em ácido para realizar a extração efetiva destes elementos.”

Após uma produtiva rodada de perguntas e respostas, Ademir dos Santos, Gerente Comercial da Divisão de Serviços da Haver & Boecker Niagara falou sobre o retrofit de equipamentos vibratórios e seus impactos na indústria da Mineração compartilhando um case de sucesso entre a Vale e a Haver & Boecker.

Foi realizado retrofit nas peneiras vibratórias, substituindo o sistema de fixação de pressão para fixação twist com a utilização de parafusos na longarina. As telas, que possuíam alto risco na segurança, causavam ainda grandes impactos na produção, pois é necessário parar a produção para que a manutenção possa ser realizada. “Apenas em 2022, foram mais de 544 horas de paradas devido a manutenções. O retrofit trouxe um alto impacto positivo para a Vale com a redução de 75% do tempo utilizado para as trocas das telas, diminuindo as pausas na produção, redução dos custos em 29%, além de reduzir o tempo de exposição dos colaboradores nas telas trazendo mais segurança para o processo”, ressaltou Santos.

Para o Pódio de Discussão da Haver & Boecker Niagara, Denilson Luiz Moreno Junior, Gerente Comercial de Equipamentos para Processamento Mineral da Haver & Boecker Niagara, Marcelo Perdigão, Engenheiro Sênior na VALE, Ademir dos Santos, Gerente Comercial da Divisão de Serviços da Haver & Boecker Niagara e Rodrigo Paranhos, Coordenador de Gestão de Componentes de Usina na VALE, abordaram temas como o novo sistema de monitoramento online que a VALE está utilizando, acompanhamento de projetos após a entrega para o cliente e os planos da VALE de implementar o retrofit das peneiras em todas as unidades do Brasil.

Abordando o beneficiamento a seco do minério de ferro, Jessica Lemos Lima, Engenheira de Processos da VALE discutiu como a descarbonização tem impactado a indústria de minério de ferro. “Atingimos a marca de 8 bilhões de pessoas no planeta e esse aumento populacional exige desenvolvimento. Para isso, precisamos investir em infraestrutura e energia.”

O segundo bloco de apresentações da Conferência foi conduzido por Marcel Moraes, Gerente de Engenharia na Vulkan, que apresentou detalhes da estratégia digital da empresa, como o desenvolvimento do grupo BRAIN, que discute e monitora novas tecnologias tendo em vista as melhores soluções para suprir as necessidades dos clientes.

Fazendo companhia à Moraes em mais um Pódio de Discussão, Josias Leal, Diretor de Desenvolvimento e Engenharia na Vulkan, Luiz Carlos Calil Elias, Gerente de Engenharia Elétrica e Automação na TMSA e Pedro Muttz, Engenheiro na VALE, falaram sobre a importância de criar um ambiente propício para as inovações dentro das empresas e a necessidade de compreender as demandas dos clientes para criar uma solução que traga bons resultados.

Marcus Hess, Head of Application Engineering – Industry Division da Voith Turbo, Magno Silva, Gerente de Engenharia da Voith Turbo e Rodrigo Gratz, Coordenador Regional de Vendas da Voith Turbo conduziram uma discussão sobre retrofit de acionamentos com implementação das tecnologias 4.0 e seus benefícios para a produção minerária. “Existe um desafio em aceitar novas tecnologias. Nem sempre o melhor é “não mexer em time que está ganhando”, pois às vezes o time tem falhas que podem ser melhoradas, e é aí que a inovação entra”, frisou Silva.

Na última palestra do dia, Roberto P. Xavier, Diretor Executivo da ADIMB, fomentou uma discussão a respeito da importância da mineração para o desenvolvimento de recursos tecnológicos. “Energia solar, eólica e carros elétricos dependem diretamente de minérios como alumínio, terras raras e carbono”.

O mesmo tema foi também citado por Katharina Gerlitz, Coordenadora do Centro de Competência de Mineração e Recursos Minerais Brasil-Alemanha, em seu discurso de encerramento do evento. “Em tempos em que a conscientização ambiental e a responsabilidade social estão no centro das discussões globais, é essencial que a indústria mineral se adapte e evolua. Precisamos continuar buscando soluções que não apenas impulsionem o crescimento econômico, mas também protejam os ecossistemas e garantam a qualidade de vida das gerações futuras”, finalizou Gerlitz.