“Eu tenho a convicção de que o relacionamento mais estreito entre empresas têxteis e de confecção alemãs e brasileiras será de benefício mútuo”. A declaração é do presidente da Confederação das Indústrias Alemãs do Setor Têxtil e de Moda, Peter Schwartze, que chefia uma delegação de sete empresas têxteis da Alemanha, que está no Brasil para conhecer o mercado local e buscar parcerias.
Schwartze falou durante evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil Alemanha de São Paulo, nesta segunda-feira (15), na capital paulista, em que o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Fernando Pimentel, apresentou um panorama das oportunidades existentes no setor de vestuário brasileiro aos empresários alemães.
De acordo com Pimentel, o Brasil é o 4º maior parque produtivo de confecção e o 5º maior produtor têxtil do mundo. O País é também a última cadeia têxtil completa do Ocidente, abrangendo desde a produção das fibras (como plantação de algodão), até os defiles de moda, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e varejo. Somos autossustentáveis em nossa principal cadeia, que é a do algodão, com produção de 1,5 milhão de toneladas, em média, para um consumo de 900 mil toneladas.
A despeito de sermos grandes produtores e consumidores de algodão, temos todas as principais matérias-primas de tecidos no País, e com a descoberta do Pré-sal, deixaremos de ser importadores para nos tornarmos potenciais exportadores para a cadeia sintética têxtil mundial. “Há um projeto em Suape (Pernambuco) que fará do Brasil autossuficiente em poliéster”, ressaltou Pimentel.
O faturamento da indústria têxtil e de confecção brasileira no ano passado foi de U$ 63 bilhões, com U$ 1,4 bilhão em exportações e U$ 6,5 bilhões em importações (o que resulta num déficit comercial de U$ 5,1 bilhões). Segundo Pimentel, hoje, 15% do vestuário vendido no Brasil vem de fora, índice que era de 3% há cinco anos.
O dirigente também revelou que os investimentos no setor entre 2012 e 2015 devem ficar em U$ 7 bilhões (em 2011, foram de U$ 2,4 bilhões), e o País deve exportar cerca de U$ 8 bilhões em têxteis em 2020, seis vezes mais do que o valor atual. O consumo anual de fribras por habitante (para todos os usos, não apenas confecção) pode saltar de 12 quilos para 17 quilos dentro de 15 anos, caso a economia cresça cerca de 4% ao ano (nos Estados Unidos, esse consumo é de 40 quilos hoje).
Na apresentação, o diretor chamou atenção para o fato de que as 50 maiores cidades brasileiras concentram 44% do consumo de roupas, mas que as regiões Norte e Nordeste do País, em função do bom desempenho da economia e do aumento da renda da população, vêm crescendo muito nos últimos anos, e têm um grande potencial de mercado. O varejo de roupas como um todo teve um crescimento de 5,3% no ano passado.
Por tudo isso, “o Brasil está, hoje, num momento de ápice para o investimento no setor do vestuário”, completou Pimentel.
A comitiva alemã participou, nesta terça-feira (16), de rodadas de negócios pré-agendadas com empresas brasileiras, em São Paulo. Na sequência, a delegação vai visitar indústrias têxteis na capital paulista, na quarta-feira (17), e em Blumenau (SC), na quinta e na sexta-feiras (18 e 19). O retorno à Alemanha está previsto para o sábado (20).