As condições econômicas são favoráveis e o consumo interno deve continuar impulsionando o mercado automotivo mundial na próxima década, mas o Brasil ainda precisa superar desafios para se tornar, de fato, um global player do setor. Essa é a percepção do presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Jürgen Ziegler.
Uma das primeiras lições a serem apreendidas pelo Brasil, segundo Ziegler, é que o País deve se comparar aos outros países emergentes, como China e Índia, para crescer e se tornar mais competitivo. “O Brasil investe 15% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Isso não é pouco, mas também não é muito se comparado aos investimentos de China e Índia, cujos PIB’s crescem extraordinariamente”, disse durante uma apresentação no Dia da Engenharia Alemã, em São Paulo, nesta quinta-feira (20).
Outro grave entrave ao desenvolvimento do País, na opinião de Ziegler, é a carência de profissionais qualificados, sobretudo na área da engenharia. “Temos bons engenheiros, mas perdemos esses profissionais para bancos e outras instituições”, disse.
O presidente da montadora líder nacional na venda de caminhões e ônibus também criticou a falta de incentivos no Brasil para o desenvolvimento de tecnologias “verdes” e inovadoras. Segundo ele, a companhia ocupa uma posição de destaque na geração de tecnologias para motores elétricos, híbridos e com células de hidrogênio, mas não consegue trazê-las para o mercado brasileiro. “Ainda não lançamos aqui, pois muitas dessas tecnologias ainda são impagáveis para os nossos clientes. Elas são caras, pois exigem pesquisa. O governo brasileiro deve criar condições que garantam o uso dessas inovações”, salientou.
Ainda assim, o executivo da Mercedes-Benz acredita que o mercado brasileiro de veículos comerciais continuará em expansão. Essa confiança levou a montadora a anunciar, no ano passado, um investimento de R$ 1,2 bilhão, concedido pelo BNDES, que será adicionado a recursos próprios da Empresa para aumentar a capacidade de produção de caminhões, ônibus e componentes.