Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade encerra sua 10ª edição com discussões sobre produtos inteligentes

Foto: AHK São Paulo.

Nesta sexta-feira (30), a Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) reuniu novamente os principais representantes de diferentes setores do ecossistema de inovação para debater o papel da inovação na construção de um futuro sustentável. O 10º Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade (CBAIS) retornou para o segundo dia de programação abordando temas como a atuação prática das empresas no metaverso e como a inovação aberta contribui para o crescimento dos setores da economia.

No discurso de abertura do evento,  Thomas Timm, Vice-Presidente Executivo da Câmara, reforçou a atuação da instituição na área de inovação.  “Ao longo do caminho abordamos diversos assuntos e apoiamos nossas empresas associadas com suas principais demandas: Indústria 4.0, mercado de carbono, inovação aberta e conexão com startups, smart cities e mais uma variedade de temas.”

O primeiro painel do dia discutiu a inovação aberta como ferramenta para alavancar projetos de sustentabilidade. José Borges Frias, Chefe de Inovação Corporativa na Siemens Brasil e Diretor de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios na Siemens Digital Industries Brasil, Marcos Freire Gurgel, Diretor de Corporate Venture, Inovação Aberta e Jet Skis no iFood e Ornella Nitardi, Gerente de Inovação Aberta e Ecossistema Digital para a América do Sul na BASF, debateram o desenvolvimento de tecnologias além dos limites da empresa.

“Se pensamos em inovação aberta, também pensamos em como trazer de fora e transcender as fronteiras da organização, abrindo para colaborações e parcerias podemos escalonar o crescimento”, explicou Ornella Nitardi. “Os termos que usamos para inovação precisam ser inteligíveis para aproximar e envolver as pessoas”, disse.

Seguindo com o tema, Frias acrescentou: “A Siemens comemora 175 anos, buscamos sempre inovações, mas precisamos de um olhar atento para ver oportunidades além”. E completou: “Essa é a beleza da inovação aberta, em comunidade nossos resultados chegam cada vez mais rápido”.

Contribuindo com a discussão, Marcos Freire Gurgel compartilhou cases de sustentabilidade do IFood. “Nós tínhamos um problema com as embalagens, muito plástico e embalagens. Com parcerias conseguimos implementar embalagens eco sustentáveis, assim, em comunidade, começar a resolução do problema.”

No bloco seguinte, o evento contou a participação da Especialista de Produção da DASA, Dra. Cristina Oliveira, para abordar oportunidades inovadoras para o mercado da saúde. O destaque foi o GENOV, projeto de vigilância genômica que sequencia e monitora a evolução do coronavírus desde o início da pandemia no Brasil. “Nós acreditamos que podemos contribuir muito para o País com nossas iniciativas: o mapeamento do GENOV, por exemplo, permite a identificação de variantes, a avaliação e estudo de anomalias e a tomada de decisões preventivas”, afirmou.

Sob a afirmação de que as inovações podem ser aplicadas em organizações de todos os setores, Almir Araújo Silva, Diretor de Digital, Novos Modelos de Negócios e Excelência Comercial para a América Latina na BASF, compartilhou como a digitalização alavanca a sustentabilidade no campo. “Com o digital conseguimos usar informações, dados e tomada de decisões que ajudam o agricultor a utilizar os recursos de forma otimizada”.

Após uma pausa para o almoço, foi realizado um workshop com o tema “Negócios de Impacto”, conduzido pelo Gerente de Parcerias do Quintessa, João Galvão Ceridono. Ao longo de uma hora, ele apresentou cases funcionais e conduziu exercícios práticos com os participantes.

O  bloco seguinte debatia os Produtos digitais, conectados e inteligentes (Web 3.0), com a presença de Fernando Godoy, Fundador e Diretor Executivo na Flex Interativa, Rafael Alves, Chefe de Rede Digital Enterprise para o Brasil na Siemens e Renan Minin de Mori, Facilitador de Relações com a Indústria e Doadores no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o primeiro painel levava o tema “Inovando na experiência do cliente por meio do Metaverso”.

Discutindo como as oportunidades de mercado no metaverso são  abrangentes, Fernando Godoy expos as possibilidades do virtual: “A tecnologia imersiva quebra a barreira dos games, outros segmentos como a indústria, serviços e entretenimento, observaram oportunidade de atuação, as pessoas não estão só jogando, elas estão comprando, interagindo, socializando e aprendendo”.

Renan Minin de Mori completou com as possiblidades de aplicação do metaverso na área da saúde: “Médicos em locais diferentes poderiam discutir um mesmo caso olhando exames em 3D, em uma simulação, o tempo de cirurgia quando um médico planejava em realidade virtual caia 30%”.

Rafael Alves, Chefe de Rede Digital Enterprise para o Brasil na Siemens, adicionou que uma representação imersiva e precisa da planta da empresa dentro do metaverso possibilita inúmeras soluções que não são viáveis atualmente. “Caso eu tenha um problema de operação na planta é possível inspecionar a versão digital, isso viabiliza que profissionais em diversas partes do globo atuem na resolução”, disse.

Para discutir os benefícios do uso da Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) e da Inteligência Artificial (IA) para o desenvolvimento de novos produtos e serviços, o evento contou com a presença de Marcelo Silvestrin, Diretor de Tecnologia e Inovação da Bosch Brasil. Além de exemplificar aplicações possíveis para estas tecnologias, sua apresentação foi pautada pela ênfase no Brasil como um mercado potencial. “Nós temos uma tendência de subestimar o desenvolvimento brasileiro, mas a realidade é que somos uma das principais economias digitais. Em dados concretos, fomos considerados como o 3º país mais competitivo do mundo na área de digitalização e isso se dá especialmente por conta da nossa cultura de alta adaptabilidade de temas”, disse. “O 5G é uma evolução da tecnologia móvel, essa tecnologia engloba a velocidade, maior densidade de aparelhos conectados, e o mínimo de latência”, explicou Sérgio Sevileanu, Especialista em Digitalização e Segurança Cibernética na Siemens. Sobre o uso prático da inovação nas corporações, o executivo completou: “Na indústria o 5G pode ser aplicado em terminais móveis, conexão de máquinas, realidade aumentada e o uso da própria tecnologia como meio de comunicação”.

Já o tema da tokenização da economia foi discutido pelo Gerente Sênior de Produtos e Ativos Digitais do Itaú BBA, Vito Castanha. Com uma explicação completa sobre o significado do termo e o cenário atual, ele citou que alguns estudos apontam que, entre 2025 e 2027, 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial será tokenizado. “Com o desenvolvimento dessas novas tecnologias, será possível garantir a integridade de dados e a simplificação de processos, bem como a redução de custo de observância e da sobrecarga operacional”, explicou.

A última palestra do dia foi ministrada por Bernardo Silveira Mendes, Sócio e Chief Gaming Officer (CGO) na DRUID Creative. Explicando os conceitos básicos de metaverso, ele compartilhou insights de como os NFTs podem ser aplicados no mundo corporativo.  Mendes ressaltou que esse é um universo de grande potencial para as empresas: no último ano, cerca de 41 bilhões de dólares foram transacionados em NFTs, graças a massificação das plataformas baseadas na metodologia de metaverso. “O metaverso ainda não existe, é um conceito que exige a construção de infraestruturas para que ele seja desenvolvido”, explicou, completando: “Mas dá para se inovar de formas muito simples, principalmente usando bases que já são utilizadas pelas empresas, como loyalty program, e aplicar o conceito de NFT para a estratégia das companhias.”

Encerrando o evento, os participantes puderam assistir ao documentário “Caminhos da Inovação – Alemanha: da indústria 4.0 à economia verde”, produzido pela CNI em parceria com a AHK São Paulo.

Veja aqui os principais temas discutidos no primeiro dia do Congresso.