Entre os dias 16 e 20 de outubro, uma delegação formada por tomadores de decisão de diversas empresas e associações da Alemanha voltadas ao mercado de hidrogênio verde estiveram no Brasil para discutir oportunidades de cooperação e negócios entre os dois países.
A missão empresarial foi organizada pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) no âmbito do projeto H2Brasil, que integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e financiado pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.
A delegação foi composta por representantes da NRW.Energy4Climate, agência de fomento de energias renováveis do estado da Renânia Vestfália; CAMPFIRE, consórcio para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias de conversão e armazenamento de energia baseadas em amônia verde; RWE TI, subsidiária da RWE, quinta maior geradora de energia da Europa; Hydrogen Hamburg, cluster de hidrogênio verde da região Hamburgo; Ministério da Economia, Transporte, Construção e Digitalização da Baixa Saxônia, com um representante do departamento de matérias-primas, questões energéticas da economia e grandes projetos industriais.
Para disseminar informações sobre o potencial brasileiro no mercado de hidrogênio verde e fornecer ao grupo uma visão ampla das estruturas já instaladas no Brasil, a missão empresarial promoveu visitas técnicas e reuniões de negócios no Ceará e em São Paulo.
Tendo início em Fortaleza (CE), o grupo iniciou a programação com uma visita técnica à planta da EDP em São Gonçalo do Amarante, a primeira de produção de hidrogênio verde comercialmente viável no Brasil. No mesmo dia, a delegação participou também de uma reunião com Hugo Figueiredo, Presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), e visitou as instalações para conhecer a estrutura e as oportunidades para a exportação de derivados de hidrogênio verde, como amônia e metanol.
O Presidente do CIPP defendeu o potencial do estado do Ceará em se tornar a capital brasileira do hidrogênio verde. Localizado a 60 quilômetros da capital Fortaleza, o Hub de hidrogênio verde vai concentrar diversas empresas ligadas à produção dessa fonte limpa de energia e deve se tornar uma porta de saída estratégica rumo ao mercado internacional.
Localizado no CIPP, o Hub terá conexão direta com o Porto de Roterdã, na Holanda, o maior da Europa, com lucro líquido de 351,7 milhões de euros em 2020 (cerca de 2,1 bilhões de reais).
Segundo o plano diretor do complexo cearense, a área de dois quilômetros quadrados destinada ao Hub terá capacidade de produzir cerca de um milhão de toneladas de H2 por ano.
“A localização geográfica privilegiada não é a única característica que faz do estado do Ceará um forte atrativo para investimentos em H2V. Somos um grande produtor de energia eólica e solar. Estima-se que apenas com o potencial fotovoltaico cearense, estimado em aproximadamente 643 gigawatts (GW), seria possível suprir mais que o dobro da demanda por eletricidade do Brasil”, explicou Figueiredo.
A estadia da delegação alemã em Fortaleza incluiu ainda uma visita ao Centro de Competência de Transição Energética do instituto SENAI do Ceará, para conhecer de perto as iniciativas do estado voltadas a qualificação profissional em áreas relacionadas e energias renováveis.
Em uma reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), o grupo apresentou as áreas de atuação das instituições que representam e pode conhecer outros cases de parceria entre o estado do Ceará e a Alemanha.
“A Alemanha sempre esteve presente no desenvolvimento do estado do Ceará, especialmente no campo das energias renováveis. E essa parceria de longa data tem potencial de intensificação diante do mercado de hidrogênio verde”, reforçou o Consultor de Energia da FIEC, Jurandir Picanço.
Em São Paulo, o grupo participou do evento Hydrogen Dialogue Latin America, uma iniciativa da NürnbergMesse Brasil, Hiria, Guia Marítimo e AHK São Paulo. Além de acompanhar discussões técnicas com especialistas sobre alguns dos principais temas para o segmento de energia e sustentabilidade, os membros da delegação participaram de um painel para apresentar as instituições que representam, discutir oportunidades de cooperação e se reunir com potenciais parceiros atuantes no mercado brasileiro. No último dia de programação no Brasil, o grupo visitou a cidade de Cubatão para conhecer a planta da Yara. A unidade é a maior produtora de amônia do Sudeste, responsável por mais de 95% do volume deste insumo produzido localmente. Este é o primeiro projeto global da companhia em que o biometano é a base para a produção da amônia verde.
O último compromisso da delegação no Brasil foi uma visita à sede da AHK São Paulo para uma reunião fechada com Paulo Alvarenga, Presidente da AHK São Paulo e CEO da thyssenkrupp South America; Barbara Konner, Vice-Presidente Executiva da instituição; e Gloria Rose, Diretora do Germany Trade and Invest (GTAI).
“Fiquei impressionada com toda a estrutura já instalada e o potencial do Brasil. Vou levar as notícias de tudo que vimos aqui e com certeza isso gerará interesse para contatos e cooperações futuras”, afirmou Sibyl Scharrer, Project Manager International Cooperation Hydrogen no Renewable Energy Cluster Agency Hamburg. Unânimes quanto às possibilidades de desenvolvimento de novos negócios bilaterais, o grupo reforçou que o Brasil é um parceiro estratégico da Alemanha para atingir suas metas de descarbonização. “O desenvolvimento de um mercado internacional de produtos por meio de toda cadeia de valor está relacionado à colaboração. Nosso papel no Governo [alemão] é capacitar para o desenvolvimento desses negócios”, afirmou Lars Bobzien, Deputy Head of Department “Economic Development and Potentials” do Ministério de Assuntos Econômicos, Transporte, Habitação e Digitalização de Niedersachsen.