Nesta quarta-feira (8), a Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo recebeu pela primeira vez Bettina Cadenbach, que desde setembro ocupa o posto de Embaixadora da Alemanha em Brasília. A Embaixadora participou do AHK Business Lunch com a Presidência e a Diretora da instituição para discutir temáticas importantes para o empresariado alemão no Brasil, com vistas para os temas que podem ser abordados nas Consultas Governamentais que serão realizadas em dezembro na Alemanha.
No mesmo dia a Embaixadora participou de um seminário promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso e a Embaixada alemã com o objetivo de fomentar o debate a respeito da transição verde e socialmente justa, abordando novas oportunidades de política econômica para o Brasil e a Alemanha.
Mediado por Sérgio Fausto, Cientista político e diretor geral da Fundação FHC; o debate com a Embaixadora contou também com a participação de Paulo Alvarenga, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) e CEO da thyssenkrupp para América do Sul; e Rafael Dubeux, Assessor Especial do Ministro da Fazenda e responsável pela coordenação do Plano de Transição Ecológica.
“A transição energética é o centro da cooperação entre Brasil e Alemanha”, afirmou a Embaixadora, elogiando o comprometimento do Governo brasileiro com a agenda de proteção climática e destacando que ambos os países já estão fortemente engajados no desenvolvimento de ações práticas, que envolvem desde o estabelecimento de uma economia circular, digitalização, reflorestamento e renaturalização, até a capacitação de profissionais para uma economia de baixo carbono.
Dando ênfase à estratégia alemã de desenvolvimento sustentável, a Embaixadora destacou ainda a cooperação como um fator essencial para o desenvolvimento global. “Estou convencida de que diante dos desafios que enfrentamos globalmente, como cooperação para inovação e diversificação da cadeia de valores, o Brasil tem um papel de liderança no tema de proteção climática mundial. Não há como fazer transição energética sozinho. Precisamos fazer isso juntos, tendo dimensão do tamanho do desafio e que a cooperação é essencial.”
Os desafios impostos pelo cenário global foram tema também da apresentação de Paulo Alvarenga. “Muito se fala sobre o combate às mudanças climáticas. Mas, ainda assim, a cada ano aceleramos as emissões de gases do efeito estufa. É preciso ter dimensão do desafio que temos pela frente se quisermos, de fato, atingir a neutralidade”, afirmou Alvarenga, reforçando que o Brasil tem grandes vantagens comparativas para se posicionar como um fornecedor global de hidrogênio verde. “Existe uma janela de oportunidade para o Brasil de não apenas fazer a transição energética e descarbonização, mas também de se reindustrializar”, destacou.
Para contextualizar o que está sendo feito pelo Governo brasileiro, Rafael Dubeux compartilhou detalhes da agenda do Governo para o tema e detalhou o Plano de Transformação Ecológica, apresentado em meados de agosto pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A iniciativa visa a criação do mercado regulado de carbono, a emissão de títulos soberanos sustentáveis e a reformulação do fundo do clima para financiar atividades que envolvem inovação tecnológica e sustentabilidade. O projeto prevê também a criação de uma taxonomia sustentável nacional, um conjunto de normas para reconhecer projetos ou ativos sustentáveis, e que possa servir de baliza para orientar investimentos públicos e privados.
“O Plano está estruturado em 6 eixos: finanças sustentáveis, adensamento tecnológico do setor produtivo, bioeconomia, transição energética, economia circular e adaptação à mudança do clima”, explicou, completando que o projeto visa canalizar recursos para fomentar iniciativas inovadoras e desestimular práticas não sustentáveis. Neste contexto, estão inseridas metas voltadas para diferentes setores, desde a indústria até a capacitação profissional.
O debate está disponível no canal da Fundação FHC no YouTube:
