Discussões sobre smart mining e sustentabilidade marcam o 2º dia da Conferência Brasil-Alemanha de Mineração

O segundo dia da 6ª edição da Conferência Brasil-Alemanha de Mineração e Recursos Minerais proporcionou aos participantes um rico debate a respeito da aplicação de novas tecnologias no setor de mineração. Promovida pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo desde 2016, a conferência  se tornou a principal plataforma de relacionamento entre os setores de mineração brasileiros e alemães. 

O primeiro painel da programação teve como tema Smart Mining e reuniu um time de especialistas para discutir não apenas as perspectivas de digitalização do setor, mas também os principais desafios e como superá-los. Em sua apresentação de abertura, Yuri Gurgel, Gerente Regional de Vendas na ifm electronic, citou o autor Dov Seidman para falar sobre a importância de novas soluções para otimizar processos: “Não é mais o que se faz que realmente importa, mas como se faz”.

Com uma apresentação dinâmica, Kassio Perini, Key Account Manager na ifm electronic, apresentou aos participantes os conceitos de smart mining sob a ótica de uma empresa que atua na área de sensoriamento. “O recurso mais valioso de hoje já não é o petróleo, mas os dados”, reforçou, completando que “a sustentabilidade está diretamente ligada a análise de dados. Quanto mais dados tivermos e mais precisos eles forem, poderemos estabelecer, por exemplo, o melhor caminho para redução de desperdício.”

O painel de discussão que se iniciou a seguir contou ainda com a participação de Josias Leal, Diretor de Engenharia e Desenvolvimento da Vulkan do Brasil, e Marcelo Fonseca, Engenheiro Especialista em Inovação e Confiabilidade na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Partindo dos pilares da mineração inteligente (sustentabilidade, otimização de resultados, prevenção de perdas e acidentes), os painelistas compartilharam suas perspectivas a respeito das soluções que são tendência para o setor. “O mercado da mineração inteligente em 2020 movimentou 8 bilhões de dólares e deve chegar a 24 bilhões até 2026. É um mercado muito promissor”, frisou Fonseca. Para ele, a tecnologia já permite avanços significativos, mas os principais desafios estão relacionados à cultura organizacional. “A mudança comportamental nesse processo é a mais complexa, é o elemento que mais toma tempo.”

O segundo painel do dia apresentou o PROcheck, solução da Haver & Boecker Niagara para processos de peneiramento. Lais Andrade, Gerente de Vendas e Aplicação na Haver & Boecker Niagara, apresentou o sistema Pulse de monitoramento, que integra sensores de corpo vibratório no corpo de rolamento dos equipamentos para transmitir informações via nuvem, de maneira remota e online, para manutenção preventiva sem a necessidade de ir a campo.

Em seguida, deu-se início a um painel de discussão com Clayton Carvalho, Managing Director na Haver & Boecker; Octávio Deliberato Neto, Cientista de Dados e Diretor na AggXtream, e Marcio Junges, Country General Manager na Hexagon Mining.

No debate, o tema smart mining voltou à pauta. “Entendo que falar da mineração do futuro é um erro. Já estamos vivendo esse futuro dentro do contexto do smart mining. Nosso desafio é discutir como ampliar nossa atuação”, afirmou Carvalho.

Para Deliberato Neto, a aplicação de inteligência artificial é decisiva para um uso assertivo dos dados coletados. “Nas outras indústrias já foi abandonado o conceito de amostragem. Na mineração isso ainda é híbrido, devido às próprias características do setor e seus processos”, completando que ainda há um longo caminho a ser percorrido no contexto de inteligência artificial. “Brinco que estamos apenas na idade média da era cibernética, estamos apenas arranhando a superfície.”

Junges concordou que a evolução da área de monitoramento dentro da indústria de mineração é um pouco mais lenta do que se observa em outras indústrias. “Mas estamos no caminho certo! A mineração precisa olhar o volume de dados e enxergá-lo como um ativo para melhorar seus processos e seus ativos em diversos fatores. Não apenas de forma isolada, mas uma visão integrada suportada por dados para implementar soluções disruptivas”, concluiu.

No terceiro painel do dia os participantes foram apresentados ao BeltGenius ERIC, Gêmeo Digital para transportadores de correia, apresentando por Stefan Hutzenlaub, Gerente de Produtos BeltGenius na Voith Turbo in Crailsheim.

Dr. Manfred Ziegler, Vice-presidente de Engenharia de Correias Transportadoras na Voith Turbo in Crailsheim; Marcel Roberto Castanheira, Engenheiro Sênior no Center of Excellence da Vale S.A; e Steffen Ballmann, Chefe do Centro de Engenharia Elétrica da RWE Power AG; se juntaram a Hutzenlaub no pódio de discussão.

“Em cada instalação temos que identificar e entender cada ponto fraco e cada potencial. Então nosso gêmeo digital é instalado rapidamente, com poucos valores de medição. O gêmeo digital opera com um grupo de parâmetros e compara com os dados medidos. As divergências podem ser minimizadas, por um processo automático de otimização. Após a calibragem, conseguimos saber por exemplo, quando um tambor vai apresentar falha”, explicou Ziegler.

No encerramento da Conferência, os moderadores agradeceram a presença dos participantes e a colaboração dos patrocinadores para a realização do evento. “É importante destacarmos a importância dessa Conferência como a principal conexão entre os setores de mineração do Brasil e da Alemanha”, destacou Gláucia Cuchierato, Diretora Executiva da GeoAnsata. Pedro Lopes, Head do Centro de Competência de Mineração e Recursos Minerais Brasil-Alemanha, completou: “Além da forte presença de participantes do Brasil e da Alemanha, contamos também com a participação de um público altamente qualificado do setor de mineração e recursos minerais de toda a América do Sul, África e Oceania”.

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