Economista Alessandra Ribeiro comenta cenários econômico e político brasileiros em reunião da Câmara Brasil-Alemanha

Reunião de Diretoria da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo

A Diretoria da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo se reuniu nesta sexta-feira (24) para discutir perspectivas sobre o cenário econômico no Brasil e na Alemanha.

Responsável pela condução da reunião, Manfredo Rübens, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Presidente da BASF para a América do Sul, deu as boas-vindas aos participantes e convidou o Cônsul Geral da Alemanha em São Paulo, Dr. Thomas Schmitt, para compartilhar um rápido panorama sobre a situação política e econômica da Alemanha, com enfoque nas perspectivas da eleição federal. O pleito para eleger os membros do Bundestag será realizado em 26 de setembro de 2021. 

“Lamento decepcioná-los, mas não farei nenhum prognóstico sobre o possível vencedor das eleições. Contudo, tenho uma convicção: não importa por quais partidos será formado, o novo Governo Alemão terá os aspectos ecológicos como uma de suas pautas centrais”, afirmou Dr. Schmitt.

Comentando o aspecto econômico, o Cônsul afirmou que “a economia alemã segue em fase de recuperação e para 2022 espera-se forte crescimento.” Ele completou sua análise elogiando o intenso trabalho da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo nos esforços de fortalecimento do comércio bilateral. “A Câmara está muito bem posicionada com seu trabalho em temas de extrema relevância, como sustentabilidade, negócios, eficiência energética e direitos humanos.”

Alessandra Ribeiro, Mestre em Economia e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendência Consultoria, foi a palestrante convidada do encontro. Em sua apresentação, intitulada “Influência Política para retomada econômica”, ela compartilhou um rico panorama sobre a política e economia brasileiras.

Segundo Ribeiro, a perda de popularidade do Presidente Bolsonaro tem antecipado o calendário eleitoral na agenda nacional. “A combinação entre fator econômico e instabilidade política trouxe recorde de rejeição da atual administração. E a mudança no patamar da avaliação do Governo sugere alternância de poder em 2022”, afirmou Ribeiro, confirmando a expectativa de que a eleição se caracterizará por um cenário muito polarizado de concorrência entre o atual Presidente e o ex-Presidente Lula da Silva.

Partindo para a temática econômica, Ribeiro analisou os reflexos do avanço da imunização contra o coronavírus: a estimativa de ao menos 70% da população imunizada até o final de novembro deve resultar em melhora no cenário econômico.  “O crescimento de 5% no PIB está muito ligado à vacinação e normalização de atividades”, lembrou.

Contudo, a alta não deve se manter. “Em 2022 esse PIB desacelerará, com um avanço de 1,8%. Esse recuo está relacionado ao exterior mais desafiador, aos impactos do aumento da taxa de juros em curso e, claro, às incertezas eleitorais do período.”

No panorama global, essa retomada rápida é uma boa notícia, mas o possível enxugamento prematuro da liquidez deve tornar o cenário mais desafiador para os países emergentes. “No Brasil, o risco de conjunção do ambiente doméstico com o cenário externo mais adverso mantém o balanço de risco negativo”, concluiu.

Pesquisa de conjuntura

A tradicional pesquisa de conjuntura realizada durante a reunião sinalizou para a retomada da economia:  67% dos respondentes avaliaram a atual situação de seu segmento como boa. O principal motivo para os atuais desafios nos negócios sofreu alteração: a baixa demanda foi superada pela cadeia de fornecedores enfraquecida (53%).

Questionados pelo nível de influência que a imagem do Brasil no exterior tem na tomada de decisão para investimentos, 49% dos executivos responderam que a influência é alta.

Já no aspecto político, 41% dos participantes acreditam na vitória de Olaf Scholz (SPD) nas eleições alemãs.

Quanto às eleições presidenciais brasileiras de 2022, o cenário se mostra um pouco mais dividido: 29% acreditam na vitória de Lula da Silva (PT); 14% acreditam na reeleição de Jair Bolsonaro (sem partido).