Seguindo o alto nível dos debates do primeiro dia de evento, a 8ª edição do Congresso Brasil-Alemanha de Inovação se encerrou nesta sexta-feira (25) com debates pautados pelo tema Human Driven Innovation.
Convidada para a abertura do evento, Gianna Sagazio, Diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), propôs uma reflexão sobre os desafios propostos para a indústria pela pandemia do novo coronavírus, reforçando sua opinião de que os investimentos em inovação se mostram cada vez mais necessários. “Mesmo diante de um cenário desafiador, é preciso sustentar os recursos destinados à inovação, para que o Brasil possa sair da crise causada pela pandemia com o menor dano possível e retornar o mais rápido possível ao desenvolvimento”, afirmou.
Em seguida, dando início ao terceiro bloco de paineis do evento, o keynote speaker do dia José Carlos Pavone, Head de Design da Volkswagen América Latina, apresentou um case sobre o processo criativo do VW Nivus, modelo de carro lançado em maio deste ano, e explicou como a inovação se aplica aos conceitos de design. “O processo de design começa muito criativo, mas logo avança para algo muito técnico. É preciso entender o universo em que o potencial cliente está inserido, analisando as mais diversas fontes de inspiração, desde a textura de um tênis até referências de esportes e jogos eletrônicos”, explicou.
O primeiro painel do dia teve como tema “Inovação orientada a inclusão e diversidade” e contou com a moderação de Marc Reichardt, Presidente Executivo & CEO do Grupo Bayer Brasil. Em sua fala de apresentação, Reichardt destacou as estatísticas desafiadoras que indicam o quanto ainda precisamos avançar no quesito diversidade no ambiente corporativo. “No Brasil, mais de 50% da população se autodeclara negra ou parda. Contudo, dentro das 500 maiores empresas instaladas aqui, só 5% dos cargos de liderança representam esse coletivo. Com inclusão e diversidade, atraindo novos talentos, aumentamos a nossa capacidade de ver o mundo. Dessa forma, a pluralidade aumenta a nossa capacidade de inovação”, declarou.
Em sua apresentação, Denise Hills, Diretora Global de Sustentabilidade da Natura, falou sobre as políticas de diversidade da companhia e reforçou que o tema deve ser tratado como parte de um planejamento estratégico. “Para nós, quanto maior a diversidade das partes, maior a riqueza e vitalidade do todo. Promover a diversidade é tão essencial para gerar impacto social positivo, quanto para ser fonte de inovação”, declarou.
Mas como fomentar a diversidade de forma assertiva nas companhias? Para Adriana Castro, CEO da Ben & Jerry’s, uma das ferramentas mais eficientes é a implementação do CV oculto, que não contém informações como idade ou gênero, mas foca nas experiências do candidato. “É preciso estar aberto para olhar além do currículo técnico e dar valor à história de vida de cada um. O lado técnico conta, é claro, mas a capacidade de inovação vem muito das vivências e da jornada de cada um”, explicou.
O segundo bloco do dia, “Customer Experience Innovation”, foi moderado por Tom Maes, Diretor Sênior de Vendas da Lufthansa America Latina, e teve como objetivo discutir como criar experiências para vender mais e melhor. Martin Saludas, Head de SAP Qualtrics da SAP Latin America and Caribbean, reforçou que é preciso encarar o tema de forma prática e realista. “Gerenciar a experiência do cliente não é uma medida romântica. É um investimento que traz retorno significativo, melhora a velocidade de crescimento, abaixa os custos e aumenta o valor agregado do produto. É preciso ter em mente que decisões são tomadas com base em emoções. E essas emoções são geradas pela experiência”, declarou.
Para Gary Brown, Vice-Presidente de Digitalização da BASF América do Norte e do Sul, o desafio se mostra maior para empresas globais devido a imensa diversidade entre o público-alvo. “Para ter sucesso, é preciso flexibilização e agilidade nos negócios. Mesmo sendo uma empresa global, entendemos que temos que dar liberdade para que as regiões façam o necessário para focar em seus clientes”, disse.
Os painelistas foram unânimes na opinião de que a pandemia acelerou um processo intenso de digitalização e este novo cenário traz novos desafios aos atores envolvidos na gestão da experiência do consumidor. “Com a digitalização, as experiências do consumidor ficaram ainda mais individualizadas. Precisamos absorver um mindset de startups. Se pensarmos como pensávamos a dois anos, as coisas não vão mais acontecer”, declarou Jorge Roberto do Carmo Junior, Head de Marketing da BMW Brasil.
Em seguida, os participantes do congresso puderam participar da segunda sessão da oficina realizada em parceria com a consultoria Pieracciani. Abordando a importância do detalhamento das personas de cada empresa, Daniel de Moraes Rodrigues, Sócio da Pieracciani, explicou que este processo de reconhecimento do público-alvo é um passo fundamental para o sucesso de um processo de inovação. “A melhor forma de detalhar a nossa persona é ir a campo e conversar com o público-alvo. Essa conversa e o exercício de observação trazem muitos insights para começar a trabalhar no desafio de inovação de uma forma mais estruturada”, concluiu.
Outro ponto importante destacado por Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, é manter o foco em projetos que sejam inovadores, porém palpáveis. “Quando falamos sobre projetos de inovação temos que levar em conta um ponto essencial: viabilidade. É importante ter o pé no chão. Temos, sim, que pensar fora da caixa e de maneira disruptiva, mas entendendo sempre as forças e fraquezas da empresa para desenvolver de fato o projeto em questão”, afirmou.
Finalizando o segundo dia de evento, os participantes puderam participar de um matchmaking realizado em parceria com 100 Open Startups com startups que já foram aceleradas pelo programa Startups Connected e que oferecem soluções voltadas à otimização e digitalização de processos.
Clique aqui para conferir os temas discutidos no primeiro dia de evento.