A Câmara Brasil-Alemanha realizou, nesta terça e quarta-feira (18 e 19), em São Paulo, o “Dia da Indústria Alemã de Energia Solar Heliotérmica (HLT)”. O evento, promovido em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) por meio do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), buscou fornecer informações e fomentar ideias sobre a tecnologia de energia solar térmica e sua aplicação na indústria.
Os dois dias do evento permitiram que empresas da cadeia de valor da Alemanha e do Brasil entrassem em contato com players diversos para apresentação de tecnologias, rodada de negócios, troca de informações, além de discussão de projetos e parcerias. Cientistas e especialistas de ambos os países proferiram palestras sobre a indústria HLT na Alemanha, os potenciais de projetos no Brasil, casos de parceria entre os dois países e aspectos técnicos da energia heliotérmica.
“Devemos levar em consideração que a área com a menor irradiação solar no sul do Brasil se encontra até 20% mais irradiada do que a área mais irradiada da Alemanha. Isso nos mostra claramente que o potencial brasileiro é grande, porém ainda não muito explorado. Esperamos, com o ‘Dia da Indústria Alemã de Energia Solar Heliotérmica’, abrir a discussão para o desenvolvimento futuro deste tipo de tecnologia entre empresas e pesquisadores” avalia Daniely Andrade, diretora do Departamento de Meio Ambiente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo.
Cooperação Brasil-Alemanha
O DKTI-CSP é um projeto de cooperação em energia solar térmica – ou energia solar concentrada (CSP, na sigla em inglês) – entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI) e o GIZ, no âmbito do Acordo de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação Brasil-Alemanha.
Eduardo Soriano, coordenador-geral de Tecnologias Setoriais da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, é o coordenador do DKTI-CSP, e participou dos dois dias do evento na AHK-SP.
Em entrevista ao Brasil Alemanha News, Soriano observou que o projeto não é apenas de cooperação técnica, mas envolve componentes de capacitação de recursos humanos, de mobilização setorial, cooperação científica e cooperação industrial e comercial, e abrange o uso da energia solar térmica tanto para gerar eletricidade quanto para gerar calor para ser usado diretamente em processos industriais.
O objetivo geral é fomentar a energia solar térmica no Brasil. “Mas fomentar não no sentido de apenas abrir mercado, porque o Brasil não vai abrir mercado para simplesmente a importação de equipamentos, e não só para produzir no Brasil, mas agregar valor no Brasil. Ou seja, é criar as condições para que essa nova forma de produção de energia possa ser inserida na matriz energética brasileira em curto prazo de forma competitiva”, ressaltou.
O DKTI-CSP teve início no ano passado, e conta com financiamento de € 9 milhões durante cinco anos por parte do governo alemão, com uma cooperação financeira opcional de € 75 milhões com o banco de desenvolvimento alemão KfW (que poderiam ser utilizados na construção de uma usina solar térmica, por exemplo), e com uma contrapartida do MCTI de valor variável, que deve ficar em € 5 milhões ou € 6 milhões durante os cinco anos.
De acordo com Soriano, já foram feitas várias atividades no âmbito do projeto, como missões de pesquisadores e governantes para capacitação na tecnologia, editais para treinamento de pesquisadores na Espanha e na Alemanha, visitas técnicas e missões de pesquisadores brasileiros a congressos internacionais sobre o tema. Está sendo elaborada uma plataforma online sobre a energia heliotérmica, que será lançada em maio (www.energia-heliotermica.gov.br), e está sendo adquirida uma biblioteca para doar para as universidades brasileiras que estão fazendo projetos no tema, dentre outras ações programadas.
O coordenador também reforça que o tema energia solar térmica não surgiu no Brasil apenas com o início do DKTI-CSP: “Já trabalhamos com ele no Ministério desde 2008, e existem pesquisas sobre o assunto na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), na Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) e em universidades. Inclusive, antes do início do acordo com a Alemanha, começamos um projeto para a construção de uma usina solar térmica experimental de 1 MW em Petrolina (PE), com financiamento do MCTI e do governo pernambucano e coordenação do Centro de Pesquisas Elétricas do Rio de Janeiro, juntamente com várias universidades”. A obra não tem, ainda, previsão de conclusão, mas conta com o apoio técnico e científico do DKTI-CSP.