Faltam poucos dias para a edição 2019 da BUS2BUS, mais importante feira europeia do setor de ônibus. O evento ocorre entre os dias 19 e 21 de março e surpreende por seu altíssimo teor profissional.
A feira apresenta as inovações da indústria tanto para a cadeia produtiva como para os usuários e atrai o público de alto escalão com eventos como o bdo Congress, evento focado em regulamentações e estratégias para a indústria, e o Future Forum, voltado para inovações no setor.
Anderson Poubel, especialista em regulação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), representou o órgão na última edição da feira, em 2017 e compartilhou suas experiências sobre o evento. Confira a entrevista abaixo:
Brasil Alemanha News: O que é a ANTT e como ela atua no mercado de ônibus?
Anderson Poubel: A ANTT é a Agência Nacional de Transportes Terrestres. Ela regula e fiscaliza o transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros.
BAN: Como souberam da feira BUS2BUS?
AP: Meu chefe já tinha ido à Alemanha para conhecer a Deutsche Bahn. Após voltar da visita, ele recebeu um convite para participar da feira. Como já tinha ido ao país, ele achou importante a nossa participação para conhecer a Alemanha, que é um país muito bem desenvolvido nessa questão de transporte. Foi uma excelente oportunidade para conhecer um modelo de transporte eficiente e poder trazer novas tendências para o Brasil.
BAN: Algum outro fator influenciou a ida à feira?
AP: Eu tive uma grande influência do próprio país. A Alemanha é um país referência em transporte. Eu ainda não conhecia a Alemanha e quando cheguei lá fiquei realmente surpreendido, porque você já sai do aeroporto com um transporte totalmente integrado. Fiquei maravilhado. Quando eu entrei no metrô, eu olhei aquele mapa e pensei: “Nossa, não sei nem para onde eu vou!” (risos). De tão complexo que é o transporte, mas tão eficiente. E como a cultura do país permite, por exemplo, que você valide o bilhete em uma única oportunidade, só é necessário guardar o bilhete, não precisa validar o tempo todo. São questões culturais muito interessantes que mostram que o nosso país ainda tem muito para avançar.
BAN: Qual é o diferencial da BUS2BUS em relação a outras feiras do setor?
AP: Eu já participei de feiras aqui no Brasil e o que me marcou foram os debates. Eram extremamente interessantes e alguns até acalorados (risos), discutindo exatamente a regulamentação do setor. O nosso país está passando por um momento de transição na regulação, de abertura do mercado, em que há uma busca por maior concorrência, maior liberdade tarifária, menor exigência para a entrada e saída das empresas. É uma situação que a Alemanha já passou e agora talvez tenha que voltar um pouco. Os debates em relação a isso foram muito interessantes para nós.
BAN: Houve alguma outra vantagem da participação da ANTT na feira?
AP: Também houve um evento com vários seminários mostrando novas tecnologias e novas tendências para o transporte. Os estandes, principalmente aqueles que apresentavam tecnologias de embarque em ônibus, também foram muito interessantes. Para nós, especificamente, é muito importante a redução na assimetria de informação que ocorre no mercado. Essas tecnologias de monitoramento da prestação do serviço são muito relevantes.
BAN: Você participou de algum dos eventos internos?
AP: Participei dos três [bdo Congress, Future Forum e BUS2CONNECT].
BAN: E qual foi sua percepção?
AP: Com certeza valeu muito a pena participar. Até brinco com os meus colegas que gostaria de ir novamente (risos). Eu só achei que, como tudo acontecia ao mesmo tempo, ficou difícil se dividir. Houve um momento, por exemplo, que iria acontecer um debate no qual queríamos muito participar, mas ao mesmo tempo tinha um discurso sobre uma tecnologia muito boa que queríamos assistir também. No final, tivemos que escolher e eu perdi um.
BAN: Com quais empresas ou instituições o senhor teve contato durante a feira?
AP: Eu lembro das tecnologias apresentadas: tecnologia de entrada e saída de passageiros em ônibus públicos e ônibus híbridos com energia elétrica. Nós também entramos em alguns micro-ônibus para ver como funcionava, uma vez que no fretamento nós permitimos recentemente o uso desses transportes na prestação de serviços.
BAN: Há interesse em participar como expositor no futuro para divulgar o Brasil como referência no mercado de ônibus?
AP: Com certeza! Acho muito interessante a participação do Brasil; até para mostrar como funciona aqui e também apresentar as singularidades do nosso transporte, dadas as nossas dimensões continentais. Além disso, os países da Europa têm um grande interesse em investir no Brasil. Talvez se eles conhecerem um pouco as nossas dificuldades e as oportunidades que temos, poderemos atrair investidores externos.
A Câmara Brasil-Alemanha, como representante oficial da BUS2BUS no Brasil oferece todo o apoio necessário para brasileiros que desejam expor ou visitar. Entre em contato com comex@ahkbrasil.com para se inscrever ou para mais informações.
