Nesta sexta–feira (14), a Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo recebeu Fábio Faria, Ministro das Comunicações, para discutir a imagem do Brasil no exterior. O evento contou com a presença de membros da Diretoria da Instituição e convidados.
“O potencial sustentável do Brasil ainda é pouco compreendido no exterior. Como Câmara queremos reforçar esse potencial e objetivar essa discussão a nível internacional”, declarou Manfredo Rübens, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Presidente da BASF para a América do Sul, em sua fala de abertura.
Responsável por conduzir o painel, Dr. Johannes Roscheck, CEO e Presidente da Audi do Brasil e Vice-Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, explicou que o objetivo do encontro era traçar um panorama geral da imagem internacional do Brasil, especialmente na Alemanha, e entender como podemos reforçar uma agenda positiva. “No início deste ano criamos um grupo de trabalho para discutir esse tema e estratégias. Essas conversas têm se mostrado muito ricas e queremos hoje compartilhar um pouco desses insights”, afirmou.
Em sua apresentação, o Ministro revelou que a pasta tem monitorado os conteúdos que a mídia internacional publica a respeito do Brasil e confirmou que entende a grandeza do desafio de melhorar essa imagem. “O Brasil se comprometeu com o fim do desmatamento ilegal até 2030 e a zerar a emissão de poluentes até 2050. Estamos 100% comprometidos com a agenda de sustentabilidade, pois entendemos que esse é nosso maior desafio no exterior. Agora vamos mostrar para o mundo que essas ações estão sendo executadas”, afirmou.
Ele reforçou ainda que o potencial brasileiro para o agronegócio sustentável é uma das armas para melhorar a imagem do país. “Nossa agricultura não necessita do desmatamento ilegal. Temos muito potencial no nosso agronegócio. Até 2050 iremos dobrar nossa capacidade de produção de alimentos, isso nos confere potencial para ser um fornecedor mundial de alimentos.”
Contudo, ele frisou que não há previsão de campanhas de divulgação neste momento. “Nós não temos recursos para investir em mídia no exterior em um momento como esse, pois estamos concentrando todos os esforços para combater a pandemia. Por conta da situação atual esse plano foi postergado, mas queremos trazer chefes de Estado e Embaixadores para Amazônia, para sobrevoar a região e ver com os próprios olhos nossas iniciativas”, disse Faria.
O Ministro falou ainda sobre o investimento em tecnologias e que o 5G está entre as principais apostas da pasta. “Queremos levar tecnologia para a Amazônia. Vamos realizar o leilão do 5G e será totalmente não-arrecadatório. Temos 210 milhões de brasileiros, dos quais 40 milhões ainda não possuem acesso à internet. Seremos o primeiro país da América Latina com 5G”, afirmou, completando que este será apenas o primeiro passo para o desenvolvimento de cidades inteligentes ao longo de todo território nacional.
Convidado a apresentar um panorama da imagem brasileira no exterior, o Cônsul Geral da Alemanha em São Paulo, Dr. Thomas Schmitt, destacou que ainda é preciso fugir dos estereótipos de que o país é definido apenas por futebol, samba e caipirinha. Schmitt foi enfático ao explicar que a população alemã é muito engajada com questões ambientais e que as estratégias de preservação ambiental brasileiras são decisivas para uma aproximação ainda maior entre os dois países. “O verdadeiro problema não é que haja inverdades sobre o Brasil circulando na Europa. O motivo de uma resistência reside na divergência entre a realidade brasileira e os valores de nossos eleitores. As prioridades políticas internas, em especial o tema sustentabilidade, são projetadas em nossos eleitores e, naturalmente na nossa relação com o Brasil. Isto porque as pessoas na Alemanha estão convencidas de que o mundo precisa do Brasil para uma estratégia mundial de proteção do clima”, afirmou.
O Cônsul declarou ainda que não acredita que haja oportunidades para um diálogo sistêmico antes das eleições alemãs, que devem ocorrer em setembro deste ano. Para ele, a melhor estratégia é se apoiar em dados e divulgar de forma efetiva quais são as estratégias do Governo Federal. “O Brasil já tem normas legais rígidas e instituições muito estáveis para proteger o meio ambiente e também seu próprio povo. Elas podem nos ajudar a melhorar a imagem do país na União Europeia. Tenho certeza de que se trabalharmos nessa linha, estaremos trazendo resultados positivos não apenas para o meio ambiente brasileiro, mas também para as relações entre o Brasil e a Alemanha”, concluiu.
O painel contou ainda com a participação do Embaixador do Brasil em Berlin, Roberto Jaguaribe. Em sua fala ele afirmou que a imagem que o país possui no exterior não é verossímil, mas ainda assim são necessários esforços nacionais a fim de melhorar a tratativa dos temas ambientais. “A ideia de que o Brasil passou a ser, de repente, o grande vilão do meio ambiente merece uma análise mais atenta. Somos muito mais sustentáveis do que a média dos países da OCDE. Temos um perfil futuro de engajamento muito promissor. Indubitavelmente há muitas coisas que o Brasil pode fazer para melhorar essa situação. É preciso que o discurso do Governo Federal seja mais preciso e engajado e passe a ter resultados constatáveis”, explicou Jaguaribe.
Ele citou ainda o desafio que as dimensões continentais do nosso país oferecem às estratégias de monitoramento e preservação e completou: “É necessário o engajamento de todos os atores envolvidos para trazer essa discussão do nível emocional para o nível racional.”
Pesquisa de conjuntura
A tradicional pesquisa de conjuntura realizada durante a reunião sinalizou para o otimismo dos representantes do empresariado alemão no Brasil. Questionados sobre a atual situação de negócio de suas empresas, os membros da Diretoria revelaram um crescente otimismo: 68% afirmaram que avaliam como boa, frente a 48% da pesquisa realizada em janeiro deste ano.
Cerca de 49% dos participantes indicaram ainda que suas empresas atingirão o nível de faturamento pré-crise ainda em 2021. Questionados sobre a redução no quadro de funcionário, 90% dos participantes responderam que não preveem nenhum tipo de redução.
Diante da pergunta sobre a influência que a imagem do Brasil no exterior tem na tomada de decisão de investimentos, 45% declaram que o impacto é muito baixo. Preservação ambiental liderou a lista de temas que merecem atenção especial do Governo brasileiro para melhorar a imagem do país no exterior.