Desafios da transição energética e oportunidades de cooperação marcam debates do Research2Industry Days

Foto: AHK São Paulo / Carlo Ferreri

Nesta quarta-feira (11), o auditório do Blue Tree Transatlântico Convention Center, em São Paulo, foi palco do segundo dia de Research2Industry Days. O evento fez parte do Matchmaking Tour da EnergInno Brazil 2022, campanha liderada pela Fraunhofer-Gesellschaft, que trouxe ao Brasil uma delegação com os vencedores da competição “Call for Ideas & Innovation in Green Hydrogen and Biogas”. Com o objetivo de fomentar a cooperação bilateral no campo da energia sustentável, o evento promoveu dois dias de intensos debates e networking.

Confira aqui um resumo das discussões do primeiro dia de evento

Responsável pela mediação do evento, Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação e Sustentabilidade na Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, deu as boas-vindas aos participantes presenciais e on-line e contextualizou o envolvimento da instituição na iniciativa. “Desde o ano passado nós conectamos as frentes de inovação e sustentabilidade da Câmara, pois acreditamos que para falar de futuro é preciso abordar esses dois pilares sob uma ótica unificada, não apenas antecipando as tendências, mas também os desafios, para trazer à discussão temáticas estratégicas para os nossos associados”, explicou.

Em seu discurso de abertura, Dr.-Ing. Rodrigo Pastl, Head da Fraunhofer Liaison Office Brazil, reforçou a essencialidade da cooperação para o desenvolvimento de ecossistemas inovadores. “A inovação só é possível por meio de pesquisa aplicada. E no campo da transição energética não é diferente. Nós do Fraunhofer estamos de portas abertas para apoiá-los”, frisou.

Ao longo da manhã, os participantes do evento puderam acompanhar palestras e paineis sobre diferentes aspectos que tangem a transição energética.

Gloria Rose, Diretora do Germany Trade and Invest (GTAI), deu início à rodada de palestras, apresentando um breve panorama sobre o cenário de PD&I na Alemanha. “A Alemanha já atingiu seu potencial máximo com 10 mil plantas de biogás e não deve avançar em expansão nos próximos anos. O foco agora deve ser o aumento da eficiência dos projetos já existentes”, explicou, completando que o mercado de hidrogênio alemão se mostra muito promissor, com investimentos não apenas na produção, mas também em infraestrutura, transporte, armazenamento e distribuição.

Ela detalhou ainda as primeiras plantas-piloto de hidrogênio verde, com destaque para um projeto no norte da Alemanha com energia eólica que, apesar de muito bem-sucedido, ainda apresenta custos de geração muito maiores do que o Brasil pode oferecer hoje. “A Alemanha quer alcançar uma matriz de energias 100% renováveis até 2035. Com uma matriz 85% renovável, o Brasil já está próximo hoje do que a Alemanha tem como meta para a próxima década. Isso mostra o potencial gigantesco que o País tem como parceiro para transição energética alemã”, destacou.

 Convidado a expor o cenário de PD&I no Brasil, Rodrigo Orestes, do SENAI CIMATEC, abordou temas relevantes, como a necessidade de uma ampla reformulação do sistema elétrico. “De 2017 pra cá passamos a focar não apenas para a transição energética em si, mas também para a mudança do modelo de negócio como um todo, olhando também para a modernização do setor elétrico”, afirmou.

Orestes exemplificou importantes projetos em desenvolvimento, com destaque para o Corredor Verde, uma planta hibrida inteligente que opera de forma experimental. “Seis estados foram contemplados com a primeira eletrovia da região nordeste, uma iniciativa inédita para transformar a mobilidade elétrica na região”, explicou. O SENAI CIMATEC trabalha também em parceria com o Governo da Bahia no mapeamento de stakeholders da cadeia de hidrogênio verde, traçando as vertentes políticas e regulatórias para o desenvolvimento dessa economia de hidrogênio verde no estado.

Após as exposições individuais, Gloria Rose e Rodrigo Orestes foram convidados a integrar um painel com Julia da Rosa Howat Rodrigues, da AES. Em sua fala, ela apresentou um pouco da estratégia da companhia para plantas renováveis. “O setor vai parar de se organizar em silos, como distribuição e geração, e caminha para um futuro com um cliente mais empoderado, que demanda mais poder de escolha. Esse será um processo de plena transformação do setor. Nossa estratégia é focar esforços em produzir mais produtos, serviços e modelos de negócios cada vez mais próximos do cliente. E o Hidrogênio Verde é uma dessas frentes, desenvolvendo tecnologias adjacentes, trabalhando na certificação, soluções de monitoramento e gestões de energia”, disse.

Um dos palestrantes convidados, Marcos Simonetti, da EMBRAPII, detalhou as áreas de atuação da associação, apresentando seus modelos de apoio e o mapeamento das capacidades das unidades para projetos em hidrogênio verde. Em seguida, João Bruno Bastos, do SENAI, falou sobre a importância do engajamento do setor industrial na temática. “O SENAI acredita que o Brasil tem toda condição de abrigar uma indústria não apenas neutra, mas negativa em carbono”, ressaltou. Caio Klasing Pandolfi, da Siemens Energy, também compartilhou com os participantes as principais iniciativas da companhia para transição energética.

Cerimônia de premiação

Durante o evento foi realizada a cerimônia de premiação de Inovadores Brasileiros, por meio do Fraunhofer-Gesellschaft, que reconheceu projetos com soluções inovadoras para a área de transição energética.  A premiação foi moderada por  Carolina Wienand-Sangaré e Dr.-Ing. Rodrigo Pastl, Head da Fraunhofer Liaison Office Brazil.

Conheça os vencedores de cada categoria:

Biogás
Prof. Thales Alexandre Carvalho Maia
Dr. Mario Coelho
Prof. Renata Mello Giona
Dr. Fábio Augusto de Souza Ferreira

Hidrogênio Verde
Dr. Milton Sérgio Fernandes de Lima
Dr. Felipe Augusto Moro Loureiro
Prof. Haroldo Cavalcanti Pinto
Gabriela N. da Silva

Biogás e Hidrogênio Verde
Prof. Gerhard Ett
Prof. Sérgio Peres
Michelle dos Santos Cordeiro Perna