Os setores de pesquisa, desenvolvimento e inovação foram destacados como estratégicos para o desenvolvimento das relações bilaterais, durante o 29º. Encontro Econômico Brasil-Alemanha, realizado no Rio de Janeiro. A necessidade de aproximação academia-mercado, a diferença entre as culturas e a evolução da cadeia de fornecedores foram enfatizados, no debate, mediado pelo jornalista William Waack.
Ronaldo Mota, secretário do setor de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, salientou que ambos os países têm um histórico de ações concretas neste segmento, mas que podem fazer muito mais. Para ele, a questão fundamental é como transformar conhecimento em negócio. “A Alemanha tem uma larga tradição nessa área e sobreviveu à crise, em parte, graças à sua capacidade de inovar”, afirmou. Para Mota, o Brasil tem boa base científica, mas ainda precisa desenvolver suas habilidades para transformar ciência em negócios. “É preciso criar pontes entre a academia e o setor produtivo, área em que a Alemanha pode nos ajudar”.
Para Wilson Brício, presidente da Comissão de Inovação da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, é fundamental focar em setores específicos para garantir sucesso nas ações ligadas à inovação. Brício sublinhou as áreas de meio-ambiente, mobilidade e urbanização como focos prioritários. Quando o debate chegou à questão das PMEs, afirmou que no Brasil “é preciso ajudá-las a despertar para a cultura da inovação”. Trata-se de uma situação diferente daquela que se observa na Alemanha, onde as empresas de pequeno e médio porte são conhecidas pelo sua alta capacidade inovadora.
Peter Nagler, Vice-Presidente da Evonik, empresa do setor químico, acrescentou que uma inovação só pode ser considerada como tal quando “a invenção for transferida para o mercado”. Nagler também acredita não ser necessária uma mudança de cultura para que as duas nações possam cooperar. “É preciso estar disposto ao risco. Na Alemanha experimentamos isso e vejo essa disponibilidade no Brasil”.
Ulrich Dietz, CEO da GFT Technologies AG, sociedade do setor de tecnologia da informação, mencionou o perfil jovem da população brasileira como grande diferencial do País, o que é positivo para o desenvolvimento de um ambiente inovador. Já o diretor da Fraunhofer-Gesellschaft, Eckart Bierdümpel, comentou a experiência do instituto na aproximação entre academia e mercado. “Por atuarmos dos dois lados, temos a possibilidade de conhecer quais as necessidades de ambas as partes. Esse é o nosso caminho, mas não é uma receita única”.