Em meio a desafios e incertezas no âmbito global, as empresas alemãs se mantêm otimistas sobre o futuro em suas filiais internacionais. É o que mostra a última edição do AHK World Business Outlook, estudo realizado pela Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria (DIHK, em sua sigla em alemão) e baseado em feedbacks de quase 3.500 empresas ao redor do mundo.
A pesquisa mostra que o cenário internacional é repleto de incerteza e inconstância devido a crises geopolíticas e conflitos, mas a economia global se mostra em desenvolvimento e cada vez mais resiliente. “Nossas empresas precisam se adaptar rapidamente às incertezas globais para aproveitar as oportunidades internacionais que surgem”, explicou Volker Treier, Chefe de Comércio Exterior da DIHK.
De acordo com o levantamento, desde 2022, com a estagnação da produção global, diversas empresas ao redor do mundo são afetadas. Nesse contexto, a baixa demanda é o mais comum risco de negócios, se tornando uma preocupação cada vez maior para todos os setores, principalmente empresas de manufatura e construção e as empresas de varejo.
Além dos riscos da baixa demanda, riscos estruturais como falta de mão de obra qualificada e custos do trabalho estão dentre os mais citados.
As empresas consideram alguns outros fatores como riscos, destacando a escalada de conflitos geopolíticos e uma recessão global. Além disso, foi mencionado também o aumento da burocracia, excesso de regulação, corrupção e a concorrência chinesa, que vem aumentando por meio do dumping incentivado pelo governo da China.
Já no Brasil, as empresas encontram outros desafios: a falta de mão de obra qualificada afeta 44%, enquanto no restante da América do Sul e Central apenas 26% vê isso como um risco. Da mesma maneira, a falta de segurança jurídica é um problema para 39% das empresas no Brasil, diante dos 19% internacionalmente.
A pesquisa indica que, em relação à posição de competitividade, 46% dos respondentes relataram uma melhora em suas posições e 16% reportaram uma deterioração. Essa melhora é associada a alguns fatores, como a sustentabilidade. Nesse sentido, os produtos alemães se destacam do mercado, já que muitas vezes a produção é mais rigorosa devido aos padrões da União Europeia. Alguns outros fatores citados são os selos de “Feito na Alemanha”, que afetam positivamente, e os preços da produção, negativamente.
Já as intenções de contratação das companhias, assim como os planos de investimentos das localizações internacionais das empresas alemãs, são limitadas. Mesmo com o leve aumento das intenções de contratação, há um aumento nas intenções de demissão, de 12% para 15%.
De acordo com o levantamento, mesmo com as dificuldades da Alemanha em lidar com o desenvolvimento da economia e comércio global, a tendência não é a mesma para as empresas fora do país. Apesar da comparação com a última pesquisa, as empresas continuam mais satisfeitas do que a média: 27% esperam desenvolvimento econômico (comparado com 31% da pesquisa anterior) e 51% esperam estabilidade. O Brasil apresenta um cenário ainda mais positivo, no qual um terço tem expectativas positivas sobre o melhoramento da economia global.
Em decorrência das tensões geopolíticas e a deterioração das expectativas econômicas, os planos de investimentos das empresas são cada vez mais cautelosos. Apenas 30% das empresas ao redor do mundo planejam investir mais nos próximos doze meses e 18% planejam investir menos, números abaixo da média e negativos em comparação à pesquisa de outubro. Entretanto, a expectativa da América do Sul e Central é contrária às tendências mundiais. Na região, o investimento deve subir de 16 para 19 pontos, enquanto no Brasil a intenção cresce em nível maior e constante, nos 28 pontos.
“Apesar da turbulência global, as empresas alemãs estão se provando resilientes em diversos mercados”, afirmou Treier, Chefe de Comércio Exterior da DIHK, completando que “as empresas encontram nas localizações condições que estão garantindo a competitividade nos locais. Os desafios são grandes, mas há também diversas oportunidades em diversas localizações”.
Acesse os resultados da pesquisa na íntegra aqui