Nesta terça-feira (22), especialistas do setor de energia se reuniram no webinar “Power-2-You: Mulheres no mercado de hidrogênio verde” para discutir o fomento à diversidade e inclusão no setor.
O webinar gratuito foi promovido pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) no âmbito do projeto H2Brasil e reuniu mais de 400 participantes na transmissão ao vivo. A gravação está disponível no canal da instituição no YouTube.
Na abertura do evento, Aschkan Davoodi Memar, da GIZ Brasil (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), falou sobre o H2Brasil, projeto implementado pela GIZ com recursos do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha (BMZ, na sigla em alemão), que, em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil, promove a expansão do mercado de Hidrogênio Verde no Brasil.
Ainda na abertura, Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação e Sustentabilidade da AHK São Paulo, contextualizou a importância de discussões como essa. “Quando falamos sobre transição energética, o nosso principal elemento são as pessoas. E no mercado de Hidrogênio Verde, ainda temos um número muito defasado de mulheres atuando. Nossa missão é alavancar a participação feminina no setor”, destacou.
Uma das convidadas para o primeiro painel do dia, Monica Panik, Diretora de Relações Institucionais na Associação Brasileira de Hidrogênio, também discorreu a respeito da inserção feminina neste mercado, ainda em franca expansão. “O hidrogênio verde é o pilar da descarbonização, atuando na substituição dos combustíveis fósseis. A cadeia de atuação do hidrogênio verde é muito ampla”, frisou, completando que já é possível observar a migração de mulheres de todas as áreas de estudo interessadas nas oportunidades do mercado de hidrogênio verde.
Dado o potencial do Brasil como produtor global de hidrogênio verde, a inserção do País de forma estratégica neste mercado acarretará na geração de novos empregos. “O Brasil tem um potencial enorme na produção de energias renováveis, que já estão, inclusive, implementadas na nossa produção de matriz energética, como as hidroelétricas e usinas eólicas. Eu vejo agora um aumento na quantidade de mulheres ocupando espaços de referência e pesquisa, especialmente nessa área”, complementou Suani Teixeira Coelho, professora/orientadora do Programa de Pós-graduação em Energia (PPGE) da USP e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Bioenergia (GBIO/antigo CENBIO) do IEE/USP.
Em um painel composto por Rosana Domingues, Especialista contratada pela Integration no projeto H2Brasil Pt-X; Marina Reis Piva, Engenheira de Desenvolvimento de Negócios Sênior na Neoenergia; e moderado por Eliane Siviero, CEO Brasil na Lanxess e Vice-Presidente da AHK São Paulo; os participantes puderam acompanhar uma discussão sobre as principais competências para atuar neste mercado.
No âmbito da formação profissional, Rosana Domingues destacou que acredita que a temática seja incorporada pelos cursos de graduação já existentes. “Para as próximas graduações, o esperado é que as demandas de conteúdo sejam incluídas como matérias complementares nas grades dos cursos ao invés da criação de novos cursos específicos para o hidrogênio verde, por exemplo.”
Ainda que este mercado esteja se estruturando, as palestrantes foram unânimes ao defender que há urgência em investimento. “O momento é agora! Estamos todos ao mesmo tempo desenvolvendo esse potencial e, como país, temos muito a contribuir”, concluiu Eliane Siviero.
Apresentando cases de ideias inovadoras em hidrogênio verde lideradas por mulheres, a Profª. Andréa Souza Santos, Professora do Programa de Engenharia de Transportes (PET); Glaucia Vieira, CEO na Green Energy; Rossana Gaete, Gerente Global de Hidrogênio Verde na AES; e Carolina Kimura, Analista Técnico Pleno na Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), discutiram os motivos que influenciam a baixa inserção feminina neste mercado em crescimento.
“Existe um passivo muito grande em relação ao espaço das mulheres em diversas áreas, então quando falamos sobre atingir a igualdade de gênero temos que superar esse passivo por meio da criação de novas oportunidades. A mulher tem um potencial que muitas vezes é boicotado pela sociedade. Isso justifica incluir a mulher e proporcionar o espaço para engajamento feminino pela capacidade enorme de evolução que agregamos”, afirmou Andréa Souza Santos.
Novamente a temática de formação profissional ganhou destaque na discussão. “Com o novo mercado de hidrogênio verde existe uma demanda de capacitação e de reformulação dos cursos. Precisamos formar os estudantes com esse foco, além de apresentar essas oportunidades para os profissionais já atuantes”, reforçou Glaucia Vieira.
Com o intuito de disseminar essas oportunidades no campo de energia, Himanshi Dhawan, do Women in Green Hydrogen, apresentou detalhes do programa de mentoria da iniciativa. “Mulheres representam apenas 20% dos speakers em conferências de hidrogênio verde. E essa disparidade se repete em todo a indústria: entre os trabalhadores do setor de energia, a participação feminina representa apenas 32% no campo das energias renováveis, 35% na indústria química, 22% nos transportes e 22% no setor de óleo e gás”.
Encerrando a tarde de discussões, Agnes Maria de Aragão da Costa, Chefe da Assessoria Especial em Assuntos Regulatórios no Ministério de Minas e Energia, trouxe uma perspectiva governamental para que haja mais equidade de gênero. “É importante trazer mais diversidade para o setor de energia para que de fato as políticas sejam representativas dos anseios da sociedade como um todo.”
O webinar está disponível na íntegra no canal da AHK São Paulo no YouTube. Clique aqui para assistir.
Para saber mais sobre as oportunidades e notícias acerca do Hidrogênio Verde no BRasil acesse o portal H2Brasil aqui.