Nesta quarta-feira (18), autoridades e especialistas brasileiros e alemães se reuniram para debater os temas mais atuais da mineração no primeiro dia da 6ª edição da Conferência Brasil-Alemanha de Mineração e Recursos Minerais.
Em seu discurso de abertura do evento, Manfredo Rübens, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Presidente da BASF para a América do Sul, destacou o importante papel do setor de mineração para a economia brasileira, mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia do Coronavírus. “Em 2020, o faturamento do setor no Brasil somou R$ 209 bilhões no ano passado, uma alta de 36% em relação a 2019. Esses números evidenciam a importância de eventos como a nossa Conferência na contribuição para um crescimento sustentável do setor e no compartilhamento de boas práticas”, afirmou.
Em sua apresentação, Flávio Ottoni Penido, Diretor-Presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), compartilhou com os participantes um panorama do setor mineral brasileiro e o enorme potencial de exploração de diferentes tipos de minérios. Também apresentando dados recentes do setor, Lilia Mascarenhas Sant’agostinho, Secretária de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), destacou: “Tivemos uma pequena turbulência no início do ano passado, mas o setor conseguiu ter ao longo de 2020 a mesma performance habitual de produção, com alguns setores destacadamente se expandindo além de qualquer projeção prevista”, disse, completando que as previsões para os próximos meses indicam saltos significativos e robustos, indicando abertura de novas oportunidades de trabalho.
Visto que diferentemente de outros setores, a mineração não parou com a pandemia, eventos que promovem a cooperação e troca de experiências entre Brasil e Alemanha se mostram fundamentais para o setor. “Essa Conferência é a plataforma de intercâmbio central para as chances de cooperação entre Brasil e Alemanha. E a programação deste ano reflete a preocupação com sustentabilidade e digitalização, fatores que a economia global tanto precisa neste momento e que certamente influenciam a agenda de cooperação entre os dois países”, afirmou Dr. Markus Utsch, Chefe de Divisão Adjunto no Departamento de Política Internacional de Matérias-Primas do Ministério Federal Alemão de Economia e Energia (BWMi).
Em seguida, Dr. Esteves Pedro Colnago, Diretor-Presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), falou sobre a sólida parceria entre os serviços geológicos brasileiro e alemão. “É uma parceria que completa 5 anos e, apesar de jovem, já tem mostrado ótimos resultados”, comemorou. “A integração e a troca de conhecimento não envolve somente as equipes dos serviços geológicos, mas se estende a instituições parcerias, que contribuem para o desenvolvimento de capital humano.”
Dr. Herwig Marbler, da Agência Alemã de Recursos Minerais (DERA) do Instituto Federal de Geociências e Recursos Minerais (BGR), também reforçou o lado estratégico da cooperação entre Brasil e Alemanha. “A Alemanha depende da importação de matérias-primas e investe aproximadamente 80 bilhões de euros com a importação de metais e minerais industriais. O Brasil contribuiu com 4% do total de importações minerais da Alemanha e a perspectiva é que esse número só aumente nos próximos anos”, afirmou.
Com o tema “Soluções Sustentáveis para Mineração: tendências, desafios e melhores práticas”, o primeiro painel reuniu um time de peso para discutir soluções de sustentabilidade. Entre os principais temas discutidos estavam gestão de recursos hídricos e energias renováveis.
Thomas Jabs, Global Head Minerals and Mining Systems da FLSmidth afirmou: “Há dois anos temos um novo projeto de emissões zero de carbono e nos comprometemos a alcançar isso até 2030, e também apoiar nossos clientes. Isso abrange ainda poupar recursos hídricos e garantir sua utilização de maneira sustentável.” Marlene Costa, Sustainability Manager da VALE, também compartilhou as iniciativas da empresa. “Estamos hoje testando um navio que utiliza energia eólica. Esperamos poder aplicar muito mais projetos que utilizam energia renovável”, disse.
Neste contexto, Arie-Johann Heiertz, Head of Mining & Minerals da RWE Technology International, reforçou que a troca de experiências só se mostra eficaz a partir de treinamentos para adaptar as soluções para cada cenário. “As tecnologias testadas e usadas há décadas na Alemanha devem ser associadas a novas tecnologias no mercado para viabilizar o uso e torná-lo amigável às condições de outros países. E isso também exige treinamento para repassar know-how para os operadores”, destacou.
Os painelistas foram unânimes na opinião de que o uso de energias renováveis é de extrema urgência. “Não é uma sugestão, é uma necessidade: precisamos intensificar o uso de energias renováveis, já está passando da hora de mudarmos”, enfatizou Claudia Villa Diniz, Diretora do Mining Hub. Ela explicou ainda que a aproximação das mineradoras com o ecossistema de inovação já tem trazido resultados positivos. “Hoje no Mining Hub o uso de fontes alternativas de energia é uma das frentes de trabalho. As startups têm nos ajudado para que essa mudança ocorra de forma rápida até mesmo nas mineradoras menores, com menor investimento inicial.”
O segundo painel do dia, “Bem-vindos ao Futuro!”, teve como tema central a utilização de tecnologias, em especial, a Realidade Aumentada, no desenvolvimento de produtos e serviços. A discussão contou com as contribuições de Klaus Hepp, Presidente da Vulkan do Brasil; Marcel Moraes, Gerente de Desenvolvimento da Vulkan do Brasil; Reimund Gatzke, CEO & Founder da REGA-Consulting e Marcus Veigel, Presidente da Augmentify.
Durante o painel os participantes puderam testar o aplicativo Augmentify, cujos recursos de realidade aumentada podem ter aplicações industriais que vão desde a demonstração de um produto até auxílio a montagem e manutenção.
No último painel do dia, Alexandre Gomes, Especialista de Soluções em Mineração na Siemens Infraestrutura e Industria LTDA, compartilhou informações sobre sistemas gearless e a aplicação de tecnologias digitais em manutenção a partir de uma solução de moinho dedicada e otimizada. “Os moinhos gearless apresentam menos pontos possíveis de falha, mínimo risco de parada não programa, redução de custos de manutenção e aumento de eficiência de até 4%”, explicou.
A Conferência contou com o patrocínio das empresas Haver & Böcker, ifm electronic, RWE TI, Siemens, Voith e Vulkan.
A moderação dos painéis de discussão ficou a cargo de Pedro Lopes, Head do Centro de Competência de Mineração e Recursos Minerais Brasil-Alemanha e Gláucia Cuchierato, Diretora Executiva da GeoAnsata.