Recuperação de solos é desafio para o Brasil

A contaminação dos solos, além de ser um problema que afeta o meio ambiente, representa uma séria ameaça à saúde humana. À medida que substâncias químicas, como por exemplo o mercúrio, se espalham no solo, podem contaminar alimentos e lençóis freáticos. Mas a gravidade do problema não é proporcional ao tratamento que ele recebe no Brasil.


A falta de qualificação do mercado e os altos custos são alguns dos entraves que atrasam a identificação e a reabilitação de áreas contaminadas. Embora haja crescimento expressivo no surgimento de consultorias especializadas e empresas na área ambiental nos últimos anos, e leis que começam a forçar empresas e indústrias a se adaptarem, ainda falta muito para que o tema amadureça e os resultados sejam efetivos.


Segundo o geólogo Rivaldo Mello, vice-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Consultoria e Engenharia Ambiental (AESAS), o desafio é incentivar a criação de centros tecnológicos de referência que possam atuar junto com as empresas e, também, melhorar o padrão de investigação das áreas contaminadas. “Posso afirmar que hoje isso não está acontecendo no Brasil”, disse.


Intercâmbio


Se, por um lado, há deficiência; de outro, abrem-se perspectivas para o desenvolvimento de pesquisa e tecnologias. O Workshop de Gerenciamento de Áreas Contaminadas, realizado pela Câmara de Comércio Brasil Alemanha e pelo Centro Helmholtz para Pesquisas Ambientais UFZ (Helmholtz-Zentrum für Umweltforschung) da Alemanha, juntamente com o Centro Alemão de Inovação e Ciência e a Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI-Brasil), mostrou que o País pode aproveitar os conhecimentos avançados dos centros de pesquisa e universidades alemães.


Pesquisadores do Centro UFZ, do Centro de Competência TASK, do TTI GmbH e da Universidade de Stuttgart, vindos da Alemanha, apresentaram tecnologias modernas para avaliação e descontaminação de solos em áreas urbanas. Entre as inovações, estão sistemas baseados em rádio frequência com geração de calor e aplicações térmicas para vaporização dos contaminantes.


O Centro UFZ planeja lançar um projeto-piloto no Brasil e procura parceiros para viabilizar a iniciativa. Ainda não há, entretanto, informações mais concretas sobre o assunto.

 Luiz Machado/Câmara Brasil-Alemanha
Luiz Machado/Câmara Brasil-Alemanha