Diretoria da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo recebe Fábio Feldmann para reflexões sobre COP26

Foto: Divulgação AHK São Paulo.

Na tarde desta sexta-feira (03), a Diretoria da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo se reuniu para sua última reunião virtual de 2021 a fim de discutir perspectivas políticas, econômicas e ambientais do Brasil. O evento contou com a presença do time de executivos que integram a Diretoria da Instituição e convidados.

Thomas Timm, Vice-Presidente Executivo da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, deu início à reunião com uma homenagem ao Sr. Michael Rogowski, que faleceu em novembro aos 82 anos. Rogowski presidiu a Confederação da Indústria Alemã (BDI) de 2001 a 2004 e em 2004 foi reconhecido como Personalidade Brasil-Alemanha pelo lado alemão, junto ao sr. Ingo Plöger, pelo lado brasileiro.  Todos os membros da diretoria prestaram um minuto de silêncio em homenagem ao colega.

O Cônsul Geral Adjunto da Alemanha em São Paulo, Joseph Weiß, participou da reunião e compartilhou um panorama da situação política e econômica da Alemanha. Quase dois meses após as eleições parlamentares na Alemanha, os três partidos que negociavam a formação de um governo chegaram a um acordo de coalizão. Weiß listou alguns dos principais pontos do pacto entre os partidos Social-Democrata (SPD), Verde e Liberal Democrático (FDP).

Para ele, o combate à pandemia da Covid-19 figura como o tema mais importante para o governo alemão no momento. “São previstos também grandes investimentos nas áreas de digitalização e proteção ao clima”, explicou, destacando a importância da temática ambiental para o avanço das relações bilaterais entre o Brasil e a União Europeia e frisando que neste primeiro momento o novo governo não deve promover mudanças drásticas. “Os atores do mercado esperam mais continuidade do que grandes mudanças.”

A última reunião de diretoria de 2021 contou com duas palestras. A primeira delas foi ministrada por Stephan Wilken, Chief Country Officer do Deutsche Bank Brasil, e teve como tema o impacto do ESG no valor das empresas. “ESG não é um tema facultativo. É obrigatório para empresas bem-sucedidas, pois seus clientes exigem que produtos ou serviços sejam sustentáveis, financiadores exigem investimentos sustentáveis e funcionários querem trabalhar em empresas que levem isso em conta. Infelizmente muitas empresas aprenderam isso da pior maneira”, explicou.

Para ele, os três principais pontos a serem abordados por quem deseja avançar nessa área são:

1. Definir uma estratégia de ESG.
“É preciso refletir como pode transformar seus processos operacionais em direção à sustentabilidade? Que produtos novos e sustentáveis podem ser desenvolvidos? A partir daí é possível definir metas e KPIs que expressam sua estratégia e que sejam mensuráveis e relevantes”, disse.
2. Divulgação
Segundo ele, não basta traçar uma estratégia assertiva. É preciso comunicar essa estratégia de maneira proativa e transparente.
3. Financiamento
“Tendo estabelecido esses pontos com muita clareza é possível buscar financiamento para essa transformação”, disse Wilken.

A segunda palestra do dia teve como tema os impactos e perspectivas para o Brasil após a 26ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima (COP26) e foi ministrada por Fábio Feldmann, advogado e ambientalista.

Feldmann compartilhou um breve panorama dos resultados das negociações em Glasgow, na Escócia, destacando os avanços em relação ao tema do uso dos combustíveis fósseis, às reivindicações dos países pobres por justiça climática e os desafios para garantir o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

 “O governo brasileiro notoriamente lida muito mal com a questão ambiental. O Brasil entrou na COP26 pela porta dos fundos, mas conseguiu mudar um pouco sua posição graças à atuação da diplomacia brasileira. Entendo que tivemos duas participações: a do governo, de fato, e a da sociedade civil brasileira e do setor empresarial. O próximo passo agora é implementar aquilo que foi estabelecido “, reforçou. “As pessoas acham que mudança do clima não é um assunto para o Brasil de hoje e sim para o Brasil de amanhã. Isso é um equívoco, temos que fazer um esforço de mudar essa mentalidade e colocar o tema na agenda brasileira, usando os instrumentos de mercado para sua defesa”, disse.

O engajamento do setor privado foi outro ponto bastante mencionado por Feldmann em sua apresentação. “É importante que o setor empresarial incorpore a agenda ESG, e assim possa exigir clareza das autoridades brasileiras. Só assim o Brasil sairá dessa posição defensiva e poderá se tornar um protagonista importante na solução da crise climática e na transição para uma sociedade de baixo carbono”, destacou.

Pesquisa de conjuntura

Na tradicional pesquisa de conjuntura realizada durante a reunião, 52% dos respondentes indicam que suas perspectivas para os negócios de sua empresa em 2022 são positivas. No âmbito político, ao serem questionados sobre a atual gestão do governo do estado de São Paulo, 35% classificaram como boa, 58% como satisfatória e 8% como ruim. Já a nível federal, 12% avaliaram o a gestão do governo brasileiro como boa, 4% como satisfatória e 85% como ruim.