O seminário “Mercado e Inclusão” – Gestão e capacitação de pessoas com deficiência, promovido pelo Instituto Sócio Cultural Brasil-Alemanha e o Grupo de Intercâmbio de Experiências de Recursos Humanos da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha de São Paulo, aconteceu nesta terça-feira (7), no escritório da Demarest Advogados (parceira da iniciativa).
O evento contou com a participação dos palestrantes Marinalva Cruz (PADEF – Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência/Secretaria do Estado de São Paulo), Henrique Melo (advogado trabalhista da Demarest), Fernanda Wendy (IOS – Instituto da Oportunidade Social), Denise Vaz (ThyssenKrupp CSA) e Bruno Vath Zarpellon (ISCBA – Instituto Sócio Cultural Brasil-Alemanha). Além disso, Vinícius Gakiya Menezes contou ao público em LIBRAS sobre sua experiência como profissional surdo.
“A proposta do ISCBA é fomentar a realização de projetos que agreguem benefícios às empresas, por meio das leis de dedução fiscal”, afirma Klaus-Wilhelm Lege, presidente do Instituto Sócio Cultural Brasil-Alemanha.
“O objetivo principal dessa ação foi criar uma plataforma de discussão sobre o tema e trazer o know-how de cada parceiro. Dessa forma, poderemos identificar necessidades e parcerias em potencial para que o instituto continue a promover projetos de inclusão social junto às empresas que atende”, afirma Zarpellon, coordenador do ISCBA, após a apresentação da iniciativa “Atletas do Futuro”, que visa promover e desenvolver o paraesporte brasileiro.
Realidade Brasileira
Segundo Marinalva Cruz, as empresas já estão cumprindo a lei de cotas para pessoas com deficiência (PCDs), mas ainda fazem diferença entre gênero e tipo de deficiência: os homens com deficiência física são os mais contratados. Por isso, a conscientização é essencial para uma mudança de cultura na sociedade. “Se continuarmos a escolher o tipo de deficiência, vai ser difícil preencher a lei de cotas e alcançar a tão sonhada inclusão. O termo ‘pessoa com deficiência’, estipulado pela ONU, reconhece que a pessoa tem a deficiência, ou seja, o indivíduo vem em primeiro lugar e, depois, a deficiência, que nada mais é do que uma característica, assim como a cor dos nossos olhos”, complementa.
Segundo dados estatísticos do IBGE, cerca de 23% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. Apenas no estado de São Paulo, são mais de 9 milhões de indivíduos. Mesmo assim, Cruz aponta que as companhias têm dificuldades de atingir as porcentagens estabelecidas pela lei de cotas, alegando que o mercado está aquecido. Porém, não incentivam a criação e o crescimento desses funcionários dentro das empresas. “Passamos a maior parte do nosso tempo no trabalho. Se o ambiente não for agradável, com possibilidades de crescimento, ninguém vai querer ficar. Nem um profissional com deficiência”, explica a funcionária do PADEF.
Sucesso na Inclusão
Para além das leis e estratégias para um programa inclusivo de sucesso, Denise Vaz, do grupo de RH da ThyssenKrupp CSA, apresentou um case de sucesso sobre os investimento e planejamentos da empresa para gerir e capacitar pessoas com deficiência e incorporá-las em sua força de trabalho.
Segundo Vaz, o foco do programa é identificar pessoas com potencial para as vagas disponíveis e providenciar a formação técnica e comportamental desses funcionários recém-adquiridos. Para este fim, a ThyssenKrupp tem uma parceria firmada com o SENAI Itaguaí, do qual também participou da construção. Atualmente, a companhia conta com seis turmas formadas, desde 2009.
Além disso, a siderúrgica alemã também garante a acessibilidade desses funcionários até as instalações: ônibus rebaixados, monitores de computador maiores para os que têm algum tipo de deficiência visual e apoio de pé para os de menor estatura.
Em relação às leis de cotas, Vaz afirma que, atualmente, 85% das vagas exigidas já foram preenchidas e a empresa tem planos de estender as estratégias do programa de inclusão para atingir a meta do 100%. Entre esses novos planos, está incluído um curso de LIBRAS por meio de e-learning.