Seminário discute desafios da inovação


O Departamento de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasil-Alemanha promoveu, nesta quarta-feira (12), o II Seminário Brasil-Alemanha de Inovação, no Club Transatlântico, em São Paulo. O evento reuniu executivos de grandes empresas brasileiras e alemãs instaladas no Brasil, startups, representantes de universidades e de órgãos dos governos brasileiro e alemão para discutir os diferentes cenários dos dois países e as oportunidades de cooperação para o aumento da competitividade através da inovação.


Após abertura de Thomas Timm, Vice-presidente executivo da Câmara Brasil-Alemanha, Paulo Stark, Coordenador do Innovation Board da Câmara Brasil-Alemanha destacou a importância da Alemanha no cenário mundial de inovação e o papel do grupo.


Dando início à programação do evento, a primeira palestra foi de Maurício Antonio Lopes, presidente da EMBRAPA, que mostrou como o Brasil já está na rota mundial da inovação, com 10 mil doutores formados a cada ano, 230 mil pesquisadores em atividade e mais de 100 mil pesquisadores beneficiados pelo programa Ciência sem Fronteiras até 2015.


“O Brasil saltou de 24º em 1993 para 13º em 2013 no ranking de países com maior produção científica da Thomsom Reuters. Medicina e agricultura são as áreas de pesquisa mais representadas”, enumera Lopes. Ele acrescenta que com a evolução da produtividade por conta de novas tecnologias aplicadas à agricultura o Brasil tornou-se um dos maiores exportadores de alimentos, exportando cerca de 30% da produção, além de exportar também tecnologias.


Em seguida os integrantes do Innovation Board, Livaldo Aguiar dos Santos, Presidente das Indústrias  ROMI/ Burkhardt+Weber; Paulo Stark, Presidente e CEO da Siemens no Brasil; Ralph Schweens, Presidente da BASF América do Sul; Theo van der Loo, Presidente do Grupo Bayer no Brasil e Wilson Bricio, Presidente da ZF América do Sul; discutiram o diferencial da inovação alemã para a sustentabilidade das empresas, com moderação de Sofhia Elise de Lara Harbs, Diretora do Departamento de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasil Alemanha. O grupo concluiu que a receita da longevidade das empresas é a capacidade de inovar continuamente, além da flexibilidade na produção.


Inovação pode começar cedo. Isso foi o que mostrou William Guey, aluno do 9º ano da escola bilíngue Visconde de Porto Seguro, que mostrou uma impressora 3D construída por ele. O garoto fez a própria impressora gastando apenas 300 dólares e com peças enviadas por um amigo chinês.


Startups


Silvio Meira, Presidente do Conselho Administrativo do Porto Digital, foi responsável pela palestra que introduziu o painel de startups. “É preciso criatividade, inovação e empreendedorismo para encontrar soluções para problemas. Esse é o papel das startups, já que muitas vezes é difícil para empresas já estabelecidas abandonarem o que já dá certo para apostar no novo”, explica.


Fechando a manhã a round-table Startups: a Nova Inovação teve a participação de Bento Koike, Fundador da Tecsis; Ideval Crespo Munhoz, CEO da T-Systems para América Latina; Malte Horeyseck, co-fundador da Dafiti e Tallis Gomes, fundador e CEO da EasyTaxi, moderada por Juliano Seabra, Diretor Executivo da Endeavor Brasil, tratou das dificuldades de gerenciar uma startup.


No caso da EasyTaxi, um dos principais desafios foi fazer que os taxistas adquirissem os smartphones, essenciais para o serviço. “Compramos telefones para os taxistas, mas não deu certo. Acabei fazendo pessoalmente um trabalho de convencimento com eles. Depois as pessoas não pediam os táxis pelo aplicativo. A solução foi abordar estrangeiros em hotéis e apresentar o serviço”, enumera Gomes.


O primeiro desafio da Dafiti foi a burocracia. Com tudo pronto precisaram esperar por 15 dias para iniciar a operação porque a inscrição estadual não ficava pronta. “As diferenças do mercado brasileiro também foram um obstáculo. Na Europa o consumidor preza pela conveniência e paga o preço cheio. O brasileiro busca o menor preço, então tivemos que nos adaptar ao mercado e inovar dentro da startup”, comenta Horeyseck.


Já Munhoz, que atuou em duas startups indianas, apontou a mão-de-obra de tecnologia, com custos e cargos diferentes da Índia como uma complexidade a ser enfrentada. “Também tive que ser criativo em uma grande feira de tecnologia. Na Índia não costumam investir em brindes e no Brasil isso é quase obrigatório. Consegui um orçamento baixo e tive que inovar também nos brindes para potenciais clientes”, conta.


A questão cultural foi o desafio da Tecsis, que precisou convencer o operador logístico que seria vantajoso transportar as pás para turbinas eólicas, que eram uma novidade e muito grandes, apesar de leves. “Foi uma enorme dificuldade e também um enorme aprendizado”, pondera Koike.

AHK-SP/Cynthia Navarro
AHK-SP/Cynthia Navarro