Nos próximos anos, a matriz energética brasileira passará por importantes transformações. O desenvolvimento crescente do País aliado ao aumento da produção coloca o setor de infraestrutura e, mais especificamente, energético, no foco dos investimentos. Dos R$ 175 bilhões previstos para serem empregados em geração de energia na próxima década, R$ 47,6 bilhões serão destinados a fontes alternativas, de acordo com o Ministério de Minas e Energia.
Embora ainda tenham uma participação muito pequena (7,4%) na matriz energética, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), as fontes eólicas e a biomassa representam um grande potencial para os próximos anos, devendo alcançar 13% até 2019. Para o coordenador do Comitê de Infraestrutura da Câmara Brasil-Alemanha e presidente da Siemens, Adilson Primo, o Brasil tem pela frente um grande desafio.“Sem os investimentos necessários, o País não conseguirá atingir um crescimento sustentável nos próximos anos”, afirmou durante um workshop sobre o tema na Câmara, na última segunda-feira (9).
Energia própria
Um bom exemplo de como as grandes empresas estão se preparando para essa nova realidade, na qual os recursos energéticos assumem uma relevância cada vez maior, vem da Volkswagen. Para garantir fornecimento futuro e diminuir gastos, a empresa, em sociedade com outra companhia que atua no setor energético, construiu a sua própria PCH, no interior de São Paulo, que entrou em operação em março.
Segundo Michael Lehmann, gerente executivo da Volkswagen, a capacidade instalada de 22,7 megawatt-hora corresponde a 18% do consumo da montadora no Brasil. O empreendimento de R$ 130 milhões, com financiamento do BNDES e de acionistas, já demonstra ter sido um bom negócio: além de economizar e de garantir uma matriz energética mais limpa, há os benefícios fiscais concedidos e a previsão de retorno do investimento num prazo de 6 a 7 anos.
“Planejamos mais duas PCHs e também estamos avaliando projetos em biomassa”, afirmou Lehmann.
Eólica
Os ventos também sopram a favor da energia eólica. Para Pedro Angelo Vial, diretor presidente da Wobben Windpower, empresa de origem alemã que atua há 15 anos no País, trata-se de um momento importante para o desenvolvimento do mercado eólico.
A Wobben possui duas fábricas no Brasil e 16 usinas instaladas, cuja produção equivale ao consumo médio de 4 milhões de pessoas. Segundo Vial, a empresa instalará 21 novas usinas até 2012. Ele avalia que, a partir da implantação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) em 2002, houve uma ampliação considerável do mercado, que foi consolidada com o primeiro leilão de energia eólica brasileiro, realizado no ano passado. A Wobben calcula que, nos próximos dois anos, terá uma capacidade instalada de aproximadamente 1 gigawatt.