Com poucas propostas concretas, a Alemanha busca digitalizar-se de maneira sustentável, utilizando tecnologias conhecidas e inovações
Apesar de ser um dos países mais ricos da Europa, a Alemanha segue atrasada no que diz respeito à digitalização. O assunto é uma pauta complicada no cenário político do país, que caminha vagarosamente em direção ao futuro digital.
No mês de junho, aconteceu a feira “Digitalmesse Republica” em Berlim, que contou com falas do ministro da digitalização, Volker Wissing, e o chanceler, Olaf Scholz. Ambos se manifestaram sobre o tema, mas sem apresentar planos concretos. Scholz defendeu o fortalecimento da Internet como espaço progressivo, e Wissing exigiu a superação das tecnologias analógicas.
Os três projetos considerados cruciais para a digitalização do país são a expansão da banda larga, a promoção de identidades digitais e a uniformização de padrões técnicos para melhorar a interoperabilidade. Mas a implementação de cada uma delas é responsabilidade de cada setor, relembra Wissing.
Outro tema abordado pelo ministro liberal foi a possibilidade de monitoramento da internet, sugerido pela comissão da UE. Para ele, a medida vai contra o direito à liberdade e aproximaria a Alemanha de regimes autocráticos, como a Rússia e a China. Várias empresas e líderes também se posicionam contra a ideia. Mais de 70 organizações de toda a Europa já solicitaram que a comissão retirasse a proposta, e dezenas de alemães se manifestaram contra o controle de grupos de bate-papo em frente ao Ministério Federal do Interior neste mês.
Digitalização e sustentabilidade
É difícil falar em digitalização sem mencionar a sustentabilidade. Quem quer ser impulsionador dessa transformação deve pensar em soluções que abordem os dois conceitos, afinal, estão intrinsecamente conectados. Ambos são a resposta para o combate à mudança climática e para os desafios geopolíticos.
Hoje em dia, o modelo do ESG já faz parte das estratégias de negócio na Alemanha. Para pensar no longo prazo e de forma holística, a digitalização sustentável é uma das peças essenciais para a solução dos desafios. Sejam clientes, investidores ou funcionários, o público pressiona as empresas por mudanças e posicionamentos sustentáveis e modernos.
Mas esses investimentos provavelmente só serão possíveis com capital privado. As empresas precisam de evidências concretas e consistentes para oferecer a seus acionistas um valor agregado de longo prazo e que, ao mesmo tempo, garanta o futuro da humanidade e de nosso planeta. Para que isso seja possível, os políticos têm a responsabilidade de estabelecer a estrutura necessária, a fim de evitar que as indústrias migrem devido às taxas regulatórias.
Por meio do Green Deal da comissão da UE e do programa “Mehr Fortschritt wagen” (Ousar Mais Progressos) do governo federal alemão, foi definido que mudanças são necessárias e que estas podem ser alcançadas junto com a busca por inovação.
A digitalização sustentável alemã se baseia no uso de tecnologias conhecidas, no desenvolvimento de inovações e ações conjuntas dos vários setores. Passo a passo, o país caminha para um futuro digital e uma indústria mais sustentável.
Confira as matérias na íntegra, em alemão, nos links https://bityli.com/MpkZxJ e https://bityli.com/EwREUb.
*Texto produzido por Silvana Piñeiro, diretora da empresa associada Smartcom Inteligência em Comunicação e correspondente do Informativo Acontece Câmara na Alemanha.