Após eleições, escolha de Chanceler alemão depende de coalisões

Foto: Divulgação AHK Paraná

Nome será divulgado após acordo entre partidos com maioria no Parlamento

Depois de uma das mais emocionantes campanhas eleitorais da história, as eleições na Alemanha terminaram sem um vencedor. Isso porque, no sistema parlamentarista, os eleitores votam para a formação do Bundestag (Parlamento) que, por sua vez, indica o chanceler. Normalmente, o posto é ocupado por um representante da maioria parlamentar. O fato é que essa maioria é composta por uma coalisão de partidos que negociam entre si um trabalho em conjunto para os próximos quatro anos de mandato.

Até agora, o Partido Social Democrata (SPD), vencedor das eleições, tenta fechar acordos que permitam a sua governabilidade. Entre as possibilidades, as mais cogitadas são a coligação entre SPD, Verdes (Grüne) e o Partido Democrático Liberal (FDP), apelidada de Ampel – uma alusão às cores dos partidos, vermelho (SPD), amarelo (FDP) e verde. A outra possibilidade seria a Jamaika, que seria a aliança entre CDU/CSU (preto), FDP (amarelo) e Verdes. Sim, neste caso o SPD ficaria fora do governo, apesar de ter ganhado as eleições com 25,7%, um resultado histórico de quase dois pontos percentuais acima do segundo colocado, o CDU/CSU, que obteve 24,1% dos votos.

Por isso, e por outros pontos conflitantes no plano de governo, que o acordo é difícil. O resultado das eleições impacta nas negociações entre partidos, já que o povo alemão mostrou claramente que prefere uma coligação centro-moderada, alinhada com a abordagem que Angela Merkel encabeçou durante 16 anos, mas querem algumas mudanças. Isso porque enquanto o CDU caiu quase nove pontos, o SPD e o Grüne, juntos, ganharam 11. Aliás, dois milhões de eleitores do CDU migraram para o SPD, se comparado com os resultados eleitorais de 2017. Entre os jovens, esse número é ainda maior.

Até o momento, a coalizão Jamaika está descartada, pois o FDP e os Verdes decidiram parar com as negociações com o CDU/CSU. O debate agora gira em torno de um ajuste fino dos planos de governo para que as promessas feitas em campanha possam ser viabilizadas. Olaf Scholz (SPD) se comprometeu a aumentar o salário mínimo, o rendimento social mínimo (Bürgergeld) e as garantias de pensão, além de subir os impostos para os mais ricos, a fim de cobrir essas despesas adicionais. Annalena Baerbock (Grüne) luta para fixar um limite de velocidade nas Autobahn em 130km/h. Já Christian Lindner (FDP) refuta o aumento de impostos e é um defensor feroz das estradas sem limite.

O embate já dura três semanas e reflete negativamente nos índices da Bolsa de Valores alemã e na confiança do país. Quanto antes for decidido o novo Chanceler, melhor para todos.

 

* Esta matéria foi baseada no artigo de Miguel Otero-Iglesias, professor da IE School of Global and Public Affairs (IE University) e investigador principal do Real Instituto Elcano. Leia o artigo na íntegra https://bityli.com/fdIseq.