As competências da recuperação da economia em 2021

Foto: Divulgação AHK Paraná

Wilson Míccoli*

A economia brasileira sofre com inúmeras crises, financeiras, políticas, com o câmbio, com a concorrência global, enfim, de inúmeras origens. O empresário brasileiro pode ser comparado a um soldado em uma guerra sem fim, perseguido, e traumatizado por infinitas emboscadas e batalhas.

O ano de 2020 começou com esperanças, e muitas eram as expectativas de retomada da economia, com sinais do ambiente dos negócios otimistas e muitas boas iniciativas.

Eis que surge repentinamente uma onda de destruição silenciosa e avassaladora, e a pandemia da covid-19 iria confinar ainda mais os negócios a níveis de dificuldades nunca conhecidos.

O caráter resiliente e criativo do empresário brasileiro, entretanto, permitiu que ele se reinventasse, que desenvolvesse soluções elásticas, pudesse objetivar e sonhar com tempos melhores. Muitos abdicaram, outros perderam negócios, cortaram custos, demitiram colaboradores, reduziram estoques, concederam descontos, reduziram os lucros, renegociaram dívidas, novamente, grandes sacrifícios que os brasileiros já haviam vivenciado em épocas passadas.

A economia não será a mesma e não pode ser pensada como há uma década. As ações de isolamento social impeliram a utilização das mídias digitais, provocando um enorme processo de desenvolvimento desses instrumentos. Isso acelerou ainda mais a multiplicação dos dados globais, que já antes da pandemia quase que dobravam a cada ano.

Três serão as competências necessárias, PBS (Post-Pandemic Business Skills), que permitirão a sobrevivência das empresas. Entre elas:

  1. Competência para a produtividade e qualidade – poder enxergar e eliminar (na pior hipótese, reduzir) perdas, essas que se associam aos custos e que precisam ser repassadas aos preços. Muitas literaturas as associam unicamente às áreas de produção, sem considerar que todos os setores são geradores de desperdícios, que são passados adiante nos processos produtivos ou na cadeia de suprimento, sendo impreterível o empresário ter ciência disso, identificar e eliminar tais perdas. Refiro-me aqui às técnicas do Lean-Six Sigma, ou mesmo do WCM (World Class Manufacturing), desenvolvimento posterior do Lean Manufacturing, em que a velocidade, a eliminação de desperdícios e o foco na qualidade perfeita têm lugar.
  2. Competência de tomar as melhores decisões – com dados cada vez mais abundantes e difusos (em 2021, na casa dos zettabyte, ~ 1,8 trilhão de gigabytes), e poder vir a utilizá-los para melhorar os processos de decisão da empresa, utilizando-se de sistemas complexos fundamentados em fatos e dimensões reais, tornando-os instrumentos do sucesso empresarial corporativo. O Business Intelligence e o Data Analytics são fundamentais para encontrar novos mercados, e tomar decisões (DOD – Data-Driven Decision) que afetem positivamente os negócios da empresa, nas relações com clientes e fornecedores, que garantem a sua sustentabilidade.
  3. Competência para a manutenção da legalidade empresarial – vive-se em uma sociedade de alta complexidade, que se desenvolve com alto nível de exposição a grandes riscos, como transgressões trabalhistas, cíveis, ambientais, fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro, falhas nos sistemas de tecnologia da informação etc. Para minimizar os riscos empresariais, a aplicação de alguns instrumentos é essencial, tais como a Governança Corporativa, Compliance, MLD – Multi-Disciplinary Legal Assessment (metodologia de avaliação proativa multidisciplinar de riscos).

 

* Wilson Míccoli é administrador e sócio-fundador da Plena Soluções Empresariais, especializada em consultoria nas áreas de Qualidade, Data Analytics e Legalidade Empresarial. Possui MBA em Gerenciamento de Projetos, é mestre em Engenharia Mecânica, Doutor em Ciências Econômicas (Gerenciamento de Projetos), e cursa atualmente pós-doutorado na mesma área. Foi colaborador da Robert Bosch por 31 anos.

A Plena Soluções Empresariais é associada à Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná).