Longa duração do conflito com a Ucrânia, fortes sanções vindas da União Europeia, enfraquecimento econômico e bloqueios de fortunas russas tornam permanência insustentável e podem abrir oportunidades para o Brasil
Não importa o tamanho nem o ramo de atuação. Há semanas, as empresas iniciaram uma debandada das terras russas como forma de protesto contra as violentas investidas do país na Ucrânia e a manutenção do massacre dos ucranianos.
Marcas como Coca-Cola, MacDonald´s, Starbucks, Ikea, foram seguidas pelas gigantes do óleo e gás BP e Shell, as poderosas automotivas Mercedes e Volkswagen e, também, pela Apple, Samsung, Mastercard e Netflix. Todas anunciaram a saída da Rússia e o fechamento de suas filiais instaladas no país.
Mais do que um protesto concreto contra a guerra, as marcas internacionais ponderam sobre a queda econômica esperada dos russos provocada pelas rigorosas sanções impostas pela União Europeia, que impactam diretamente no desenvolvimento do país e no poder aquisitivo do seu povo. O Banco Central russo convive com o congelamento de boa parte de suas reservas internacionais, em torno de US$ 630 bilhões, além da exclusão do Sistema Swift, que interliga pagamentos ao redor do mundo.
Até grandes afortunados russos, como Roman Abramovich, dono do clube de futebol inglês Chelsea, Alexei Mordashov, o homem mais rico da Rússia, Mikhail Fridman, que controla o principal banco privado, entre outros líderes empresariais que apoiam o Estado russo, tiveram os seus ativos congelados.
O boicote das marcas tem efeitos imediatos no aumento da penetração em outros mercados. Quanto mais internacional, maior o retorno positivo em outros mercados, afinal é papel da empresa contribuir para o bem-estar da sua comunidade, e isso passa pelo posicionamento claro em grandes debates públicos, como é o caso de uma guerra.
“Ficar na Rússia pode ter consequências desastrosas para a reputação mundial dessas marcas”. É o que afirma Cornelia Fehl, economista e pesquisadora do Leibniz-Institut e da Fundação para Pesquisa da Paz e Conflitos (HSFK).
O movimento provoca um tombo na economia russa e abre oportunidades de investimentos para outros mercados mais “seguros”, como o Brasil. Apesar dos impactos imediatos nos preços de alimentos, grãos, fertilizantes e energia, o país parece estar na contramão da economia mundial, que ainda se recupera dos prejuízos causados pela pandemia.
O ministro da economia, Paulo Guedes, afirmou recentemente que até o final do ano o Brasil conta com compromissos de investimento na ordem de US$ 200 bilhões em contratos já assinados para portos, concessões de rodovias e setor elétrico.
Não se pode também ignorar a força consumidora brasileira, objeto de desejo de muitas marcas internacionais que, agora, talvez vejam uma oportunidade para aumentarem as suas presenças por aqui. Se interessou? Gostou do que leu? Entenda mais nos links direto das fontes https://bityli.com/GJQEFz, https://bityli.com/fdamS.
* Texto escrito por Silvana Piñeiro, Diretora da associada Smartcom Inteligência em Comunicação e correspondente do Informativo Acontece Câmara na Alemanha.