Apesar da tendência de cancelamentos das feiras internacionais, a edição 2021 acontece no formato digital
Pela primeira vez em 70 anos de existência, a Hannover Messe, principal feira industrial da Europa, acontece no formato on-line. Durante cinco dias – de 12 a 16 de abril –, mais de 1.800 expositores apresentam suas inovações, tecnologias, produtos e tendências para fábricas, sistemas de energia e futuras cadeias de abastecimento.
Como não poderia deixar de ser, o tema principal desta edição é “Transformação Industrial”, com a realização de apresentações on-line, transmissões ao vivo dos expositores, inúmeras videoconferências e uma nova ferramenta de rede, num ensaio para um “modelo híbrido”, que deve ser utilizada no pós-pandemia. “Espero sinceramente que nos encontremos aqui em Hannover em exatamente um ano”, disse o diretor da feira de negócios, Jochen Köckler. A ideia é oferecer em 2022 um híbrido entre o centro de exposições completo e eventos e encontros em formatos digitais.
Por conta da pandemia, a feira de 2020 foi cancelada. O novo formato, totalmente digital, reúne 600 empresas alemãs e 500 novos expositores. Cerca de 7.000 produtos e quase 400 projetos de pesquisa e desenvolvimento são apresentados em transmissões ao vivo e vídeos pré-produzidos. Bate-papos e videoconferências devem permitir a troca pessoal. Köckler afirmou ainda que espera “muitas dezenas de milhares de visitantes, esperançosamente 100.000” – embora digitalmente.
Abertura traz nova realidade da indústria
Apesar da queda de 9,8% da produção industrial em 2020, a indústria alemã projeta para este ano um incremento de 8%. As exportações devem aumentar 8,5% devido à concretização de importantes parcerias comerciais. É o que afirmou, nesta segunda-feira (12), o presidente da Federação das Indústrias Alemãs (Bundesverband der Deutschen Industrie – BDI), Siegfried Russwurm durante a abertura da Hannover Messe 2021.
Em 2020, as exportações alemãs caíram 9,3%. De acordo com o executivo, a América do Norte e a Ásia trarão a economia global de volta aos eixos. O plano de estímulo econômico de um trilhão de dólares do presidente dos EUA, Joe Biden, dá um impulso adicional à economia global. “A indústria é atualmente a âncora da estabilidade da economia alemã. É a grande responsável pela recuperação econômica”, disse o presidente do BDI. A entrada de pedidos já está acima do nível do ano anterior e até do pré-crise.
Além da Federação das Indústrias, a chanceler Angela Merkel também marcou presença na abertura da feira, como faz todos os anos, desde 2006. Ela destacou a participação do país convidado, Indonésia, e abordou as lições aprendidas com a pandemia. A Europa deve tornar-se “mais soberana”, por exemplo na fabricação de medicamentos e vacinas, mas “também no setor digital”. Merkel sugeriu um estímulo aos acordos comerciais entre a UE e outras áreas econômicas ou estados como a Indonésia, com a qual o país realiza negociações na área digital há cinco anos.
Mas nem tudo é otimismo entre os setores econômicos alemães. A situação se complica quando se fala em componentes eletrônicos para a construção de veículos elétricos. A recente divulgação de fusões entre fornecedores dessa categoria econômica é vista como um sinal de freio devido aos problemas de entrega. As previsões originalmente otimistas dos fabricantes de automóveis para 2021 são, portanto, dificilmente sustentáveis. A tendência cada vez maior de e-cars pressiona a demanda por semicondutores e elementos de controle eletrônico – afinal, para um carro elétrico, é necessário quase o dobro de peças do que para um veículo com motor a combustão.
Leia mais sobre a Hannover Messe e confira quais exposições acontecerão neste ano nos sites alemães:
https://www.instaff.jobs/messen/2021
https://www.dw.com/de/hannover-messe-erstmals-nur-online/a-57164996