Encarar mudanças nem sempre é fácil, especialmente quando um competidor está conquistando market share, uma startup está rapidamente desconstruindo o mercado ou um produto campeão está se tornando obsoleto. Entretanto, se essa ainda não é a realidade do seu setor, prepare-se: Com a chegada da transformação digital, a economia mundial está sofrendo importantes transformações nos modelos de produção, concorrência e consumo. O movimento se reflete de forma bastante tangível quando comparamos as 10 maiores empresas nos últimos 10 anos, de acordo com a Fortune Global 100 List.
Neste sentido, Inovação se tornou a palavra da vez. Muitas empresas aderiram à “onda da inovação”, porém, de forma desestruturada, sem alinhamento com a estratégia de seu negócio e até mesmo com iniciativas que se sobrepõem, tendo em vista a frequente falta de governança. Pode-se dizer que tais ações muitas vezes foram postas em prática apenas para fins de comunicação, marketing ou atração de talentos de forma superficial, sem buscar de fato uma mudança consistente a médio e longo prazos. Ao contrário do que se vê por aí, não é o puff colorido ou o escorregador que farão sua empresa estabelecer uma cultura de inovação.
No nosso cotidiano, trabalhando na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo, temos a oportunidade de acompanhar de perto as empresas ganhando experiência e maturidade no assunto. Desde o momento em que entendem melhor as suas forças e fraquezas, bem como os gargalos envolvidos no processo de inovação, até o momento em que começam a tratar o tema de forma estratégica, envolvendo colaboradores e a alta liderança. Com isso, observamos uma alta nos investimentos relacionados à Cultura de Inovação no último ano,
Aqui, vale uma observação: quando falamos em inovação, existem muitas formas além do clássico desenvolvimento de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) interno: podemos desenvolver projetos de pesquisa com institutos de ciência e tecnologia parceiros; visitar ecossistemas de inovação e seus casos de sucesso no Brasil e no exterior; promover programas de intraempreendedorismo; ou escolher uma das muitas formas de conexão com startups. A escolha da ferramenta ideal depende do que sua empresa busca, mas… por onde começar?
Vale lembrar que inovação não é acaso, mas, sim, consequência. Costumamos falar que um projeto de inovação é apenas a última etapa do fluxo, antes disso é preciso analisar uma série de fatores para entender, por exemplo, o contexto que estamos inseridos e o ambiente de trabalho.
Com base na nossa experiência em acelerar startups e ajudar nossas empresas associadas a darem o “próximo passo”, selecionamos algumas dicas valiosas para que sua empresa comece o seu processo de inovação:
- Olhe para dentro e reconheça a sua empresa
Quais são os pontos fortes e fracos da sua organização? Qual é a situação do mercado na qual está inserida? Qual é a estrutura disponível para inovação?
Tendo as repostas para essas perguntas é possível ter um raio-x da situação atual na qual sua empresa se encontra e isso é primordial para que você consiga definir para onde quer ir.
- Mobilize as pessoas em torno de um objetivo em comum
Além da receita financeira, qual é o propósito da sua empresa? Quais são os seus principais objetivos? Quais são os principais “problemas” que vocês querem resolver? Quais critérios podem ser utilizados para priorizar os objetivos e “problemas” identificados? (Dica: pense nos processos, produtos, questões organizacionais e marketing)
Utilize essas perguntas para entender qual o entendimento dos seus colaboradores em relação aos objetivos prioritários da empresa. Ter uma equipe que está no “mesmo barco” é essencial para que possam todos remar na mesma direção e ter um esforço conjunto.
- Defina suas ferramentas
Uma vez entendidas suas capacidades para inovar e já identificados os objetivo ou “problema”, no qual focarão, pergunte-se: quais ferramentas de inovação devo utilizar? Estas ferramentas já estão disponíveis na empresa? Vale a pena realizar ações com o próprio time ou trazer especialistas/consultores externos?
Com base nas respostas a essas perguntas a definição de ferramentas para alcançar os objetivos de sua empresa fica bem mais fácil.
- Crie indicadores e faça um piloto
Sempre haverá céticos ou desacreditados. Pequenos projetos podem mostrar que a transformação é possível, sim, e com isso, contagiar mais pessoas para o “movimento”. Para ter sucesso, é essencial que os resultados sejam mensuráveis.
- Sustente a mudança e conquiste o mundo!
Ok, talvez seja um exagero. Mas sustentar a mudança é uma atividade constante e exige grande esforço. Pense em ferramentas, habilidades e sistemas que apoiem a empresa e seus colaboradores a continuar melhorando constantemente.
Fique atento pois há oportunidade de amortização do risco financeiro e tecnológico por meio de incentivos à inovação como: Rota 2030, Edital de Inovação para a Indústria, Embrapii, Fundações de Amparo à Pesquisa de seu estado (ex. PIPE FAPESP), etc.
Desejamos muito sucesso nessa jornada, e nosso canal está sempre aberto para discutir casos e aprender juntos!
Bruno Vath Zarpellon e Hannah de Lemos Bremberger, respectivamente, diretor e analista de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasil-Alemanha.