Durante muitos anos, o conceito de sustentabilidade foi tratado como uma “pedra no sapato” por alguns empresários. Para eles, trabalhar com a sustentabilidade era sinônimo de aumento de custos, licença para operar ou, na melhor das hipóteses, uma ação de marketing para melhorar a imagem da empresa. Hoje, nas grandes organizações, predomina o entendimento de que a sustentabilidade deve fazer parte da estratégia competitiva, pois ajuda a gerar e proteger valor, sendo fundamental para a longevidade dos negócios.
Segundo a pesquisa “A New Era of Sustainability”, realizada em 2010 pela Accenture com 766 executivos de 13 setores industriais diferentes, as palavras “marca, confiança e reputação” eram citadas por 72% dos CEOs como um dos três principais fatores que os impulsionavam a agir em questões de sustentabilidade. 91% deles relataram que sua empresa empregaria novas tecnologias, como energias renováveis, eficiência energética, tecnologias da informação e comunicação, para abordar questões de sustentabilidade ao longo dos próximos cinco anos.
Para que a sustentabilidade, de fato, seja incorporada à gestão de uma empresa, a sua liderança deve estar comprometida e investir na educação e desenvolver, de forma transversal, a competência da sustentabilidade nas suas equipes. No Brasil, poucas são as organizações que podemos considerar inovadoras por trazerem o conceito da sustentabilidade integrado em sua gestão ou com papel transformador. A maioria delas está na fase de engajamento. São transparentes em seus processos, possuem a intenção de elaborar estratégias de sustentabilidade, melhorar relacionamento com stakeholders e liderança, mas não são inovadores em seu modelo de negócio, não desenvolvem atividades integradas em prol da sustentabilidade, tão pouco são transformadores em suas ações.
Dessa forma, algumas empresas precisam, além de medir suas “pegadas” e reduzir riscos, tratar a sustentabilidade como algo indispensável para a melhoria contínua da gestão, visando aumentar a lucratividade da empresa. De acordo com a pesquisa “The Innovation Bottom Line”, do MIT Sloan Management Review – 2013, com colaboração da consultoria Boston Consulting Group, que ouviu cerca de 2.600 executivos, mais de 60% das empresas que mudaram seu modelo de negócio e que têm a sustentabilidade como pilar estratégico de sua gestão disse ter lucros maiores devido à sustentabilidade, comprovando os melhores resultados financeiros por meio de “business cases”.
A sustentabilidade é capaz de aumentar a lucratividade de uma empresa, desde que ela tenha uma visão sistêmica da cadeia de valor e atue como um agente transformador de seus colaboradores, parceiros, fornecedores, clientes e consumidores de forma geral. É uma busca contínua e conseguirá chegar à frente a empresa que utilizar a sustentabilidade para melhorar sua gestão, inovar e compartilhar valor. Afinal, se uma solução mais sustentável tiver um custo maior para o cliente, certamente ela não é a mais sustentável.
*Roberto Araújo é diretor presidente da Fundação Espaço ECO, da BASF