A revolução digital no setor de saúde apenas começou 

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Os desafios impostos pela pandemia impulsionaram o desenvolvimento de inovações na área da saúde: telemedicina, o uso da inteligência artificial, novas políticas e regulamentações, entre outras medidas – é a Saúde 5.0 chegando! 

A Pesquisa Conectividade e Saúde Digital na Vida do Médico Brasileiro, divulgada no começo de 2020 pela Associação Paulista de Medicina (APM), englobou o parecer de 2.250 médicos de mais de 50 especialidades. A maior parte dos participantes (90%) afirmou que a tecnologia é uma grande aliada para melhorar a eficiência do sistema público e a saúde da população. Já 70% dos entrevistados acreditam que a telemedicina permite ampliar o atendimento médico além do consultório, com segurança de dados e a privacidade entre médico e paciente. 

Os números apenas evidenciam o que já é nítido: o setor de saúde – assim como tantos outros – nunca mais será o mesmo. Aceleradas pela pandemia, as mudanças tecnológicas ganharam espaço em tempo recorde por meio de soluções que envolvem inteligência artificial, big data e internet das coisas (IoT, em sua sigla em inglês).  

O termo Saúde 5.0 já começa a apontar um novo caminho de conexão de todo o sistema que está sendo criado para buscar soluções com foco no bem-estar e na saúde mental de todos os atores envolvidos: funcionários das instituições de saúde, equipes médicas e, claro, o paciente. Entre os principais desafios pós-pandemia estão a assertividade em todas as etapas do processo, agilidade, qualidade e segurança de dados em conformidade à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Desde 2015, o Startups Connected, programa de aceleração de startups da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) fomenta a cooperação entre empresas e startups para o desenvolvimento de soluções para diferentes áreas, entre elas o setor de saúde. O Hospital Alemão Oswaldo Cruz participou da edição 2020 com o desafio Jornada do Paciente e também na edição 2021 com o desafio Saúde Digital e Experiência do Paciente. Por meio da co-criação com startups, a instituição tem buscado por ferramentas digitais para gerar valor ao paciente e integrar toda a cadeia de cuidado. 

Para o Diretor Executivo de Inovação, Pesquisa e Educação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Ph.D Kenneth Almeida, o novo Coronavírus permitiu uma mudança de mentalidade a favor do desenvolvimento de Pesquisa e Inovação em organizações brasileiras. “A área ganhou impulso, recurso e relevância em função do que foi demonstrado ser possível entregar para a sociedade”, explicou. 

Entre as inovações propostas pelo hospital durante a pandemia estão a implementação de dispositivos impressos em 3D para dinamizar o uso de respiradores não-invasivos; e a utilização da inteligência artificial para o diagnóstico da presença da Covid-19 no organismo, especialmente a partir de imagens do pulmão, permitindo entender o grau de comprometimento do órgão quando a doença é identificada.   

Mais um dos cases do Startups Connected é da TNS Nanotecnologia, que desenvolveu o Spray Anti-Covid TNS. O produto é um virucida e antimicrobiano contra vírus envelopados e não-envelopados, com eficácia de até 99%, auxiliando na inibição e replicação de bactérias que podem ser possíveis células hospedeiras.  

“Hoje, já temos três tecnologias de combate ao vírus, que protegem os ambientes e evitam a contaminação cruzada. Essa é a nossa segunda participação no Startups Connected junto com o time da BASF, o que nos deu acesso aos clientes globais da companhia e abriu portas para outras unidades do mundo, como a BASF Europa. Também estamos abrindo um importante distribuidor na Suíça e já fizemos exportação para mais de 18 países, a Alemanha é um deles. Tudo isso graças à oportunidade que recebemos da AHK São Paulo, que foi super estratégica para nós”, comemorou o Diretor Geral da TNS, Gabriel Nunes. 

Para a Mindify, outra participante do programa de aceleração, a aplicação de inteligência artificial na área da saúde é um caminho sem volta. O recurso é fundamental para apoiar os médicos na tomada de decisão para diagnósticos mais eficazes, redução de custos e automatização de processos. Por isso, a startup foi convidada pela Bayer para fazer um piloto de um marketplace de protocolos eletrônicos.  

“O sucesso foi tanto que já estamos no terceiro contrato fechado. Nossas soluções são adaptadas para a realidade do setor brasileiro e auxiliam os profissionais a coletarem dados precisos. Desta forma, um generalista tem informações mais concretas que permitem encaminhar o caso do paciente com mais agilidade para um especialista. A AHK São Paulo nos ajudou a abrir portas para realizar vários negócios benéficos para todo o ecossistema de saúde. Só temos que agradecer”, finalizou o CEO da Mindify, André Ramos. 

A mobilização pelo combate ao Coronavírus não se limitou apenas às empresas da área médica. O setor de transporte de carga não apenas assegurou o abastecimento de medicamentos e insumos para as unidades de saúde, como também teve representação na área de apoio ao diagnóstico por meio de uma iniciativa da Mercedes-Benz do Brasil, que criou uma Unidade Móvel de Tomografia para diagnosticar a Covid-19. A carreta ampliou o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da parceria com o CIES Global e com o apoio da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo. O projeto contou ainda com o apoio do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, que ofereceu aporte de cerca de 190 mil euros para a iniciativa. 

Além disso, a empresa gerencia o projeto #MB Bridges também com suporte oferecido pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e com apoio do Governo Alemão, “que está contribuindo com 4,5 milhões de euros para a aquisição das Unidades Móveis de Saúde. No total, serão oito carretas percorrendo o País, atendendo diversas especialidades e ajudando também em campanhas de vacinação e combate à Covid-19”, detalhou Karl Deppen, Presidente da Mercedes-Benz do Brasil & CEO América Latina. 

Para Deppen, as Unidades Móveis de Saúde permitem levar tratamento e serviços básicos de saúde a quem não tem assistência médica ou tem acesso limitado e, certamente, precisam ter continuidade após a pandemia. “É uma contribuição importante para a sociedade brasileira e mostra nosso compromisso com a sustentabilidade na dimensão social”, ressaltou. 

*Essa matéria foi publicada originalmente na Revista BrasilAlemanha de Inovação 2021. Para conferir este e outros textos na íntegra, faça o download da publicação aqui.