O fluxo de investimento direto estrangeiro (IDE) global recuou 37% no ano passado, depois de uma queda de 16% em 2008. Essa retração ocorrida nos dois últimos anos se deu muito em função dos efeitos da crise. A retração do crédito, a queda no valor dos ativos e a redução dos lucros minaram a capacidade de investimento das empresas.
Apesar dessa queda, o fluxo de IDE no mundo em 2009 de US$ 1,1 trilhão, foi 5,5 vezes superior ao fluxo médio do inicio da década de 1990, que era em torno de US$ 200 bilhões ao ano. Ou seja, trata-se de um processo estrutural da estratégia das empresas, que incluíram a internacionalização dentre os principais objetivos.
Esse movimento não se restringiu às empresas sediadas nos países desenvolvidos. Empresas oriundas de países em desenvolvimento, especialmente China, Brasil e Coreia do Sul também ampliaram significativamente o seu papel no jogo global, abrindo filiais fora das suas fronteiras.
O Relatório Mundial de Investimentos, cuja edição 2010 foi recentemente divulgada pela UNCTAD (Conferencia Nacional das Nações Unidas para o Comercio e Desenvolvimento, na sigla em inglês), destaca que a queda dos fluxos de IDE ocorreu em todos os setores, mas foi mais forte na indústria, que caiu 77%. O setor de serviços e setor primário, embora também com quedas expressivas de 57% e 47%, respectivamente, foram proporcionalmente menos afetados. Poucos subsetores tiveram elevação em 2009, comparativamente ao ano anterior, dentre os quais se destacam os de energia elétrica, gás, saneamento, construção civil e telecomunicações, relacionados à infraestrutura.
O IDE representa para o país hospedeiro um importante papel, uma vez que produz externalidades, ao transformar a estrutura produtiva e de comércio exterior, com a incorporação de inovações na produção e também no gerenciamento das empresas. Esse processo, se bem conduzido, é bastante benéfico para a economia local, aumentando a produtividade e estimulando a competitividade.
A economia brasileira também teve o impacto negativo da crise e após ter recebido um fluxo de IDE de US$ 45 bilhões apresentou uma queda de 42%, para US$ 26 bilhões, em 2009. Os dados do primeiro semestre de 2010, que acumularam ingressos de US$ 12 bilhões denotam que os ingressos para o ano não devem crescer relativamente ao período anterior. Mas, esse é um quadro que se repete na maioria dos países, uma vez que ainda prevalece muita incerteza quanto à recuperação da economia global.
Uma análise dos dados globais denota que, apesar do aumento da internacionalização observado nos países, o IDE ainda representa apenas uma parcela diminuta, pouco inferior a 10% do total dos investimentos realizados nos países, a formação bruta de capital fixo.
A dinâmica das economias nacionais é dada principalmente pelos investimentos domésticos, do setor privado e do Estado. No entanto, tendo em vista a lógica das grandes cadeias produtivas globais tem se tornado cada vez mais importante para os países, especialmente aqueles em vias de desenvolvimento, não só serem receptores de investimentos estrangeiros, mas transformarem em investidores no exterior, por meio da internacionalização das suas empresas.