A digitalização de todos os setores da indústria é uma oportunidade única para aproveitar o valor sem precedentes de suas cadeias de valor inerentes, alavancando as mais novas “tecnologias disruptivas”, acessíveis atualmente a custos de commodities e com capacidades altamente maduras. Por outro lado, a falta dessa transformação poderia representar uma ameaça substancial, até mesmo para os players já estabelecidos nos negócios que não reconhecem o imperativo comercial atual por uma plataforma digital moderna e mais avançada. Afinal de contas, no estágio atual das tecnologias, (1) conectadas a redes interligadas em escala mundial, (2) novos artefatos baseados em sensores, trazidos pelas mais recentes inovações da Internet das Coisas (IoT), permitem que dispositivos conectados a esta imensa via de informações (“The Network”) direcionem os fluxos de informações para (3) infraestruturas de nuvem bem mais flexíveis e protegidas, capazes de fomentar a adesão às tendências de “sensores e medições”, sobre as quais, então, (4) soluções analíticas de dados podem transformar quantidades massivas de informações em valor de negócio acionável – desde a geração reativa de relatórios de dados até a gestão proativa de exceções, soluções analíticas preditivas e soluções analíticas de dados prescritivos (baseados em machine learning). Tudo isso entregue com ferramentas de adaptação do usuário nas (5) plataformas de mobilidade que impulsionam a adoção e proporcionam experiências aprimoradas ao usuário. De modo geral, um novo ecossistema de informações que pode formar a base para um verdadeiro machine learning e uma visão de negócios sem precedentes. Essas são a base, ao meu ver, para o novo paradigma de digitalização.
Isso leva à percepção de que, nos dias de hoje, todo negócio é digital, o que pode exigir a inversão do modelo de tecnologias que suportam processos e modelos de negócio ineficientes para modelos e processos projetados para aproveitar ao máximo o que a tecnologia tem a oferecer atualmente. Embora haja um equilíbrio, para reconhecer o novo paradigma é necessário a revisão do modelo atual de modo a desencadear a necessidade de acelerar a capacidade de digitalização end-to-end exigida pelos negócios nos dias de hoje.
Portanto, na minha opinião, a transformação digital da indústria e dos serviços de logística devem seguir a mesmo premissa de regras: a necessidade de aceleração na transformação. Embora isso possa ser visto como um fator de interrupção fundamental no espaço de serviços logísticos, também pode ser o ponto de partida de um conjunto de tecnologias e recursos funcionais modernizados, para corresponder perfeitamente o mundo físico da logística em uma escala global com os dispositivos digitais recém-disponibilizados, cada qual capaz de fornecer visibilidade posicional em tempo real sobre o movimento das mercadorias ao redor do mundo, detectando, medindo, gerando relatórios e fornecendo aconselhamento sobre as condições, a qualidade, a saúde e o gerenciamento de exceções com recursos de SPC (Controles Estatísticos de Processo), antes disponíveis apenas para a fabricação de alta tecnologia. Em poucas palavras: fretes inteligentes e cargas inteligentes deslocando-se através de um mundo conectado de logística global. 
Na DHL, estamos plenamente cientes do nosso papel de liderança ao introduzir a transformação digital no universo da logística e, portanto, embarcamos no desafio de acelerar o ritmo da transformação digital do nosso negócio. Uma transformação que, embora de natureza evolutiva, aproveita os princípios de desenvolvimento ágil, pensamento empreendedor, inovação e uma compreensão clara da criação e percepção de valores nas etapas e nos estágios de sucesso “MVP” (mínimo viável) com interações de soluções para acelerar o valor diferenciado e os resultados, tanto para nossos clientes quanto para a nossa eficiência interna.
No ramo da Logística Global, a DHL conta com soluções avançadas, como o nosso produto global para a cadeia fria (“Thermonet”), que nos permite monitorar e controlar os parâmetros de temperatura inerentes aos requisitos da logística para as ciências biológicas – desde medicamentos até vacinas – obedecendo regulamentos rigorosos regidos por SOPs (Procedimentos Operacionais Padrão) altamente específicos na cadeia logística global. Isto representa uma oferta de produto maduro, que proporciona valor diferenciado aos nossos clientes em todo o mundo, com base na nossa experiência em soluções globais e em nossos recursos logísticos e tecnológicos, fornecendo visibilidade e controles end-to-end.
Do mesmo modo, estamos explorando e desenvolvendo novas capacidades baseadas em tecnologias “IoT” criadas com finalidades específicas, com características de baixo consumo de energia e ampla área de cobertura, permitindo informações em tempo real sobre movimentos logísticos de alto valor, exigindo um conjunto diferenciado de controles para medir condições físicas e exceções específicas, altamente variáveis, incluindo força / torque / pressão, aceleração, vibração, temperatura, descargas elétricas / magnéticas e informações de geolocalização quase em tempo real. Os casos de uso e as aplicações para este tipo de tecnologia são a base para o surgimento de um novo conceito de frete-inteligente (“smart-freight”) / carga inteligente (“smart-cargo”). Por isso, na minha opinião, os princípios da logística inteligente estão em seu estágio primário para desencadear um novo valor agregado à cadeia de valor global geral de logística. Um valor capaz de alavancar dispositivos com sensores com a computação de fronteira (“Fog-Computing”) com processamento próximo, desencadeando uma gestão de exceções significativa (o que é relevante para conhecer e gerenciar), visibilidade em tempo real e soluções analíticas de dados para trazer um conjunto único de soluções e serviços de logística global para nossos clientes.
Em suma, a transformação digital pode ser uma excelente oportunidade, se abraçada, ou uma clara ameaça, se ignorada. Trata-se de uma realidade que chegou para ficar e evoluir, e que continuará a mudar os modelos e princípios de negócios atuais, bem como outros paradigmas assumidos ou adotados. A DHL está empenhada em continuar a desenvolver e proporcionar a atuação logística mais global que existe, apoiada por especialistas em todo o mundo e sustentada por conhecimentos globais avançados de soluções e soluções tecnológicas.
Ricardo Bartra é CIO para as Américas da DHL Global Forwarding
Fotos: Divulgação DHL