Internacionalização de startups: para aqueles que querem conquistar o mundo

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O que startups como Dafiti, TNS Nanotecnologia e VTEX têm em comum? Além de terem seus negócios avaliados em milhões, elas viram a oportunidade de levar sua ideia para fora do Brasil, a fim de prosperar ainda mais em seus ramos de atuação. Startups que sonham alto e buscam levar seu negócio para além das fronteiras do próprio país precisam estar preparadas não apenas para o desejado sucesso, mas também para o caminho que as levará até lá.

Ainda que seja uma jornada difícil, internacionalizar um negócio e conquistar o desconhecido pode proporcionar inúmeros benefícios para uma empresa. “A internacionalização de empresas é vital para a existência a longo prazo. Considerando o processo atual de abertura econômica do Brasil e o Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia, por exemplo, acredito que diversos setores terão que se reorganizar e voltar a olhar o mercado externo para se manter competitivos”, comenta Ricardo Castanho, Diretor do Departamento de Internacionalização de Empresas e Desenvolvimento de Negócios da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo.

A startup TNS Nanotecnologia foi acelerada pelo Programa Startups Connected da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo em 2017 e a partir dali deu início ao seu processo de internacionalização. A startup faz aditivos em escala micro e nano que permitem as mais diversas aplicações industriais, tornando-as mais eficientes. Após identificar forte sazonalidade e instabilidade nos abastecimentos recorrentes no Brasil, a TNS viu que a aplicação para busca de regulamentação internacional poderia ser uma oportunidade e encontrou apoio de clientes globais atuantes no Brasil para dar início ao processo. “A oportunidade de buscar clientes no mercado externo surgiu durante a elaboração do nosso planejamento estratégico. Atuar com clientes globais estava em nosso roadmap, principalmente devido ao tamanho das oportunidades e o fator multiplicador que poderíamos alcançar após encantar os clientes presentes nas unidades brasileiras”, comenta Gabriel Nunes, Diretor Geral da startup.

A VTEX, multinacional brasileira de tecnologia com foco em cloud commerce, iniciou sua expansão em 2009, enxergando a demanda por um serviço diferenciado, junto com o crescimento do mercado de e-commerce fora do Brasil. Hoje, a empresa possui operação em mais de 30 países.

”Conhecer e entender o mercado, trazer para perto pessoas locais que sejam referência no ramo e que possam aumentar a notoriedade da marca nesse novo mercado, participar das principais iniciativas para mostrar a presença da marca e procurar parcerias estratégicas. Essas são as primeiras coisas a se fazer na hora de internacionalizar uma empresa”, revela Diego Cione, EMEA Team da VTEX.

Percorrendo um caminho diferente, porém não menos desafiador, o brasileiro-alemão Philipp Povel deixou a Alemanha para abrir, em 2011, o primeiro e-commerce de moda 100% online no Brasil. CEO e cofundador da Dafiti, Povel explica o porquê dessa decisão. “O Brasil tem algumas características que são muito únicas: é um mercado amplo, com uma grande indústria de moda local e, naquela época, ninguém vendia calçados de moda pela internet”. Mesmo não sendo bem aceita a princípio, os fundadores da empresa persistiram na ideia. “Quando meus sócios e eu viemos ao Brasil, conversamos com vários empresários, fundos, pessoas do ramo de moda, e elas sempre falavam: ‘Mas ninguém compra moda pela internet aqui’. Já sabíamos que isso se tornaria realidade em algum momento. Então usamos isso como o principal argumento para entrarmos no mercado. Se não existia moda na internet naquela época, conseguimos criar esse mercado.” A empreitada gerou resultados tornando a Dafiti no maior e-commerce de moda e lifestyle da América Latina.

Para quem deseja entrar no mercado alemão, oportunidades não faltam – só o total de importações da Alemanha em 2017 foi equivalente a quase 2 vezes o PIB argentino no mesmo ano – e a Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo dá apoio para startups que buscam expansão, oferecendo serviços como estudos de mercados, formação de portfólio de clientes e parceiros comerciais, e participação em feiras alemãs.

Entretanto, a fim de dar esse passo com sucesso, Castanho afirma que startups devem tomar os mesmos cuidados que uma empresa consolidada, considerando diferenças culturais, jurídicas e, principalmente, de comunicação. “É muito importante realizar adequações à propaganda e ao posicionamento da startup de acordo com a cultura alemã, para que as mensagens ligadas ao produto sejam positivas, gerem bons negócios e contribuam para o sucesso internacional da startup”.

Esse conteúdo foi originalmente publicado na edição de 2019 da revista BrasilAlemanha de Inovação. Para acesso ao conteúdo na íntegra, clique no link para essa e outras edições: https://www.ahkbrasilien.com.br/publicacoes/revista-brasilalemanha