Sustentabilidade na mineração

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O assunto sustentabilidade já se tornou pauta constante nas discussões a respeito das atividades do setor de mineração. Atualmente, a maioria das empresas do ramo já incluem o tema como parte das suas estratégias de negócios. Isto porque já foi percebido que o alinhamento às questões socioambientais é parte fundamental para se obter a chamada licença social para minerar. Prova disso são os relatórios de sustentabilidade que as empresas publicam anualmente. Quando o conteúdo é apresentado de forma objetiva, decodificada para entendimento do cidadão comum, este tipo de publicação pode ser uma excelente forma de mostrar à sociedade com transparência o trabalho que vem sendo feito, sem a conotação de propaganda.

O Relatório de Sustentabilidade 2019 da Vale, divulgado em abril deste ano, por exemplo, apresenta as ações e aprendizados da empresa em função do rompimento da Barragem I da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro de 2019. Eduardo Bartolomeo, Diretor Presidente da Vale, afirma que o material representa a base de um novo pacto com a sociedade e que entre as prioridades estão a já iniciada desativação de barragens a montante, as iniciativas orientadas para um monitoramento mais eficiente dessas estruturas e treinamento das equipes em um esforço para reforçar a segurança das operações.

“Acompanhamos e buscamos adotar as melhores práticas do setor de mineração, usando-as como referência para a melhoria contínua de nossas estratégias, políticas e processos. Com isso, queremos reduzir ao máximo razoável os impactos negativos que nossas operações provocam às comunidades e ao meio ambiente”, escreveu, destacando ainda que uma dessas metas é tornar a Vale uma empresa carbono neutro até 2050, reduzindo e neutralizando as emissões, em conformidade com os princípios do Acordo de Paris.

Para Maria José Gazzi Salum, Doutora em Tecnologia Mineral e Diretora da RGS Consultoria, uma estratégia efetiva para traçar ações socioambientais é buscar alinhá-las com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), devidamente atestadas pelas comunidades-alvo dessas ações. Isto porque os ODS não foram instituídos por organizações da mineração, mas sim pela própria Organização das Nações Unidas (ONU), conferindo às ações respaldo de critérios internacionais.

Para Salum, analisando o contexto brasileiro, a mineração nacional apresenta dois grandes desafios, que de certa forma estão interligados: disposição de rejeitos e a sua imagem perante a sociedade. “De alguma forma, muitos procedimentos já mudaram e têm sido adotados por diversas empresas, como, por exemplo, a separação de rejeitos grossos de rejeitos finos, uma vez que cada um deles tem propriedades diferentes que afetam suas melhores formas de disposição no ambiente, bem como novos equipamentos e processos de desaguamento desses rejeitos que possibilitam seus empilhamentos. Além disso, os processos de concentração têm se aprimorado de forma a gerar o mínimo de rejeitos e vários estudos têm sido desenvolvidos em termos de aproveitamento de rejeitos em outras cadeias produtivas. Em síntese, um novo mundo da mineração está em construção”, afirmou.

Esse conteúdo foi originalmente publicado na edição de 2020 do Guia de Fornecedores de Mineração. Para acesso ao texto na íntegra, clique no link para essa e outras edições: https://www.ahkbrasilien.com.br/publicacoes/guia-de-mineracao