A Aldeias Infantis SOS apresentou, no inicio de dezembro de 2022, o Relatório Diagnóstico quanto à Promoção, Proteção e Defesa do Direito da Criança e do Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária em Manaus (AM). O documento traz informações importantes acerca de condições de vida, acesso a direitos fundamentais e violações de direitos, especialmente de grupos em maior situação de vulnerabilidade socioeconômica na capital amazônica.
O diagnóstico é resultado da pesquisa, promovida pelo Instituto Bem Cuidar (IBC), divisão de pesquisa e produção de conhecimentos da Aldeias Infantis SOS, concluída em julho de 2022.
Um dos destaques da pesquisa foi a identificação da mudança no perfil da população de rua na cidade de Manaus: anteriormente, a dependência química era o fator determinante para essa condição, entretanto, a vulnerabilidade social, decorrente da extrema pobreza, é considerado o principal indicador para a situação de rua atualmente. Outro resultado são os 40% de estudantes entrevistados, de 20 escolas públicas, que cuidam de outras pessoas da família, especialmente de irmãos.
Segundo o cientista social José Carlos Sturza de Moraes, Coordenador do Instituto Bem Cuidar e supervisor da pesquisa, em junho de 2022, Manaus contava com mais de 160 mil famílias vivendo em situação de extrema pobreza, correspondendo a cerca de 445 mil pessoas nesta situação (19,7% de sua população).
“Em resumo, a proporção é de uma a cada cinco pessoas vivendo em situação de miséria na capital do Amazonas. Além disso, a falta de oferta adequada de escolas de educação infantil tem feito com que adolescentes e jovens e, muito provavelmente, crianças estejam cuidando de outras crianças na cidade, com todos os riscos envolvidos e comprometimento dos estudos desses estudantes”, alerta Moraes.
O relatório também traz 12 recomendações para os poderes públicos, conselhos e sociedade da capital amazonense, que abordam desde a necessidade de manutenção dos auxílios públicos às famílias em situação de fragilidade socioeconômica até a necessidade de ampliar serviços públicos, como escolas infantis e serviços de apoio às famílias, como os CREAS.
A pesquisa integra o Núcleo SOS de Apoio às Famílias da Aldeias Infantis SOS, que busca realizar o acolhimento de famílias com base em evidências. Até julho de 2022, a Organização atendeu 224 famílias, sendo que 43 receberam acompanhamento muito próximo e frequente, em virtude do risco de ruptura de vínculos, por conta da perda do cuidado parental de mães e pais em relação aos filhos.
O atendimento dessas famílias resultou em mais de 170 visitas domiciliares, 50 rodas de conversas e inúmeros contatos durante a pandemia, garantindo resultados positivos para o trabalho.