A proliferação da cigarrinha (Dalbulus maidis), inseto vetor e disseminador do complexo de enfezamento do milho, pode reduzir a produção de grãos em até 70%, segundo a Embrapa, trazendo prejuízos diversos aos produtores rurais. Atentos ao problema, especialistas e entidades do setor buscam a conscientização dos agricultores para que adotem medidas preventivas de forma integrada, visando controlar a praga. Uma das ações essenciais é a eliminação de plantas de milho voluntário (Tiguera ou guaxo), visando combater o enfezamento.
Os indicadores de que algo não vai bem com o cultivo são visíveis: plantas mortas, dobrando com o vento e grãos chochos ou malformados, devido ao complexo de enfezamento. O milho tiguera são todos os grãos de milho que acabam ocorrendo, principalmente, nas áreas agrícolas, após a safra do milho e que são perdidos durante o processo de colheita, bem como partes de sabugos com grãos de milho que nascem de forma natural, aleatória, nas áreas agrícolas.
“Ele acaba servindo de ponte verde entre uma safra e outra, abrigando tanto o inseto quanto os agentes causais das doenças: o enfezamento vermelho, enfezamento amarelo (pálido) e o vírus do raiado fino (vírus da risca). Por isso, ele precisa ser eliminado”, adverte o Especialista em Cultura do Milho da Bayer, Paulo Garollo. “Ao se alimentar de uma planta contaminada com uma das doenças, a cigarrinha pode se infectar e transmitir os três agentes juntos.”
O maior problema, segundo ele, é que esta praga é resistente. Estudos da Embrapa mostram que em plantas como milheto, a cigarrinha sobrevive por até cinco semanas sem se alimentar, tempo o bastante para aguardar o milho tiguera aparecer e fazer a ponte verde para a próxima safra. “Por isso é importante controlar o milho assim que ele surgir, usando herbicidas graminicidas”, recomenda.
Conforme o especialista da Bayer, é possível prevenir o aparecimento da praga adotando medidas integradas, que precisam começar muito antes da erradicação do milho tiguera. “O produtor deve usar o tratamento de sementes, aplicações de defensivos químicos e biológicos de forma estratégica, uso de híbridos de milhos mais tolerantes ao complexo de enfezamento, ajuste da época de plantio (evitando plantios tardios) e não realizar plantios consecutivos de milho”, cita Garollo.
Outro ponto importante mencionado pelo especialista da Bayer é que durante a colheita, o produtor precisa ficar atento à regulagem adequada das máquinas, evitando que caiam muitos grãos no campo, ou mesmo a quebra de espigas, contendo grãos que irão germinar. “Essa germinação pode acontecer até 15 dias depois, por isso é necessário monitorar as áreas após a colheita”, recomenda. E em regiões que passam extensos períodos de estiagem durante o inverno, o milho pode esperar a chuva para crescer, caso de áreas como o Centro-Oeste e Sudeste, em Minas Gerais.