Após muitas solicitações feitas por seus associados de um conteúdo aprofundado sobre a crise atual no Leste Europeu, a Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) realizou o evento “Impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia” nesta terça-feira (19). O webinar reuniu especialistas para debater os principais impactos econômicos, políticos e sociais que a guerra entre os dois países provocará no Brasil e no mundo.
Contando com a mediação de Nina Luise Garcia, Gerente de Assuntos Associativos da instituição, a primeira apresentação ficou a cargo de Oliver Stuenkel, Professor Associado na Escola de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV) São Paulo, e teve como foco apresentar um contexto histórico e político do conflito.
Durante sua fala, Stuenkel comentou os cenários mais prováveis para os próximos meses e como a diplomacia mundial está sendo impactada pela crise. “Historicamente o Brasil tem um posicionamento neutro, buscando manter os laços comerciais e diplomáticos com os dois lados do conflito. Contudo, os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia podem ser perigosos para o País por conta da possibilidade de sanções secundárias a países que tenham qualquer relação com a Rússia”, disse.
Por outro lado, a relação do Brasil com o governo russo é importante, devido à demanda do País por fertilizantes russos. Esse fato foi abordado de forma mais detalhada na segunda apresentação do dia, realizada por Dr. Mario Mesquita, Economista-chefe do Itaú Unibanco.
A participação de Mesquita foi direcionada para a exposição das principais consequências do conflito para a economia brasileira. “As economias brasileira e russa têm características parecidas por serem grandes exportadores de commodities. A exclusão da Rússia do mercado global é bastante expressiva para a economia internacional e pode afetar principalmente o agronegócio do Brasil”, explicou. Ainda segundo ele, o posicionamento neutro do País em meio à guerra se deve justamente pela importância dos fertilizantes para o mercado interno brasileiro.
O último painel do evento buscou divulgar os dados mais recentes referentes ao deslocamento dos refugiados ucranianos. Comandada pela Chefe do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) em São Paulo, Maria Beatriz Nogueira, a apresentação reforçou as principais medidas adotadas ao redor do mundo para o recebimento da população ucraniana que foge da guerra. “O deslocamento de refugiados da Ucrânia é o maior êxodo de pessoas desde a 2ª Guerra Mundial e a receptividade dos países parceiros têm sido de fundamental importância para ajudar as pessoas nesse momento”, afirmou.
Nogueira encerrou sua participação com um apelo acerca da necessidade de políticas públicas e privadas voltadas para o apoio de refugiados em geral. “Todo o investimento feito para recepção de refugiados, independente de sua nacionalidade, é importante para que esse movimento cresça e possamos sempre abrigar mais pessoas e da melhor forma possível”, disse. “Essas ações não podem ser pontuais. Elas devem fazer parte de um todo e também estar alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).”