Conferência da Câmara Brasil-Alemanha traça caminhos para a sustentabilidade e a digitalização da mineração

Foto: Homero Xavier

O dia 17 de agosto foi marcado pela volta ao formato presencial da 7ª Conferência Brasil-Alemanha de Mineração e Recursos Minerais, evento tradicional organizado pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo). Realizada em Nova Lima, Minas Gerais, a conferência reuniu profissionais e autoridades do setor de mineração para discutir temas como sustentabilidade, transição energética e digitalização nas mineradoras.

Em seu discurso de abertura o Vice-Presidente Executivo da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, Thomas Timm, comemorou a realização da conferência no formato presencial e ressaltou o papel fundamental do estado de Minas Gerais para a atividade de mineração no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o estado atingiu a marca de R$ 339 bilhões em faturamento em 2021.

Logo em seguida, o Conselheiro Econômico da Embaixada da República Federal da Alemanha, Johannes Thomas, comentou as transformações que o mundo tem enfrentado por conta da Guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “Neste momento de crise, a Alemanha tem a intenção de fortalecer parcerias com países que compartilham os mesmos valores e isso se aplica também ao setor de energia e minerais, especialmente por conta da sustentabilidade que eles podem ter”, disse.

O Diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do IBRAM, Júlio César Nery Ferreira, considera que a mineração tem um papel muito importante para ajudar o Brasil a passar pelas consequências econômicas da crise causada pela pandemia, mas explicou que o setor ainda tem carência de soluções tecnológicas.

De forma online, o Diretor-Presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Pedro Paulo Dias Mesquita, destacou a estreita parceria entre o Brasil e a Alemanha e os resultados dessa relação bilateral.

Por fim, o Diretor do Departamento de Gestão das Políticas de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Ministério de Minas e Energia (MME), Antonio Glauter Teofilo Rocha, fez uma exposição sobre o planejamento do governo em relação à atividade mineradora, com foco especial na recente criação do Conselho Nacional de Política Mineral. Inspirado no Conselho Nacional de Crise Energética, o grupo tem o objetivo de atuar de forma rápida e eficiente para resolução de questões urgentes e estabelece princípios de norteamento e governança para o um desenvolvimento sustentável do setor. “Hoje em dia não é mais possível pensar em nada que não seja 100% sustentável e esse é um dos pilares principais do Conselho”, afirmou.

O primeiro painel do dia foi encabeçado por representantes da ifm electronic, patrocinadora ouro do evento. Abordando o Y-Path como uma estratégia segura para a digitalização, Yuri Gurgel, Gerente Regional de Vendas; Kassio Perini, Key Account Manager; e Robson Rodrigues, Gerente Nacional e Treinador de Vendas, exemplificaram o conceito a partir da associação com modulação. “O principal desafio que enfrentamos é encontrar uma maneira de todos os players da cadeia de valor se conectarem. As tecnologias para isso já estão disponíveis, mas precisamos aplicá-las de forma que haja segurança conectividade”, explicou Gurgel.

O painel seguinte teve o suporte técnico à distância como foco. Representando a patrocinadora ouro da conferência, VULKAN do Brasil, a apresentação contou com a presença do Gerente de Serviços da empresa e o Diretor de Desenvolvimento e Engenharia da empresa, Ednei Leite e Josias Leal, respectivamente. “Nossa plataforma busca dar suporte mais rápido e eficiente aos clientes, proporcionando menos deslocamentos e mais facilidade de operação dos equipamentos”, disse Leite.

Junto ao grupo, estavam presentes o Coordenador de Engenharia na TMSA, Eugênio Eduardo Figueiredo Junior; o Coordenador de Inovação, Melhoria contínua e Indústria 4.0 pela Mineração Morro do Ipê e Porto Sudeste, Marcelo Fonseca; e  o Supervisor de Engenharia e Responsável pelo Desenvolvimento dos projetos Elétricos e de Automação na FLSmidth, Vinicius Paim.

O próximo painel ficou por conta de Andrew Garcia De Simone, Gerente de Relações Externas da VALE. Em sua fala, ele expôs a nova solução da mineradora voltada para a sustentabilidade e debateu as vantagens de investimento em iniciativas verdes. “As preocupações em relação à origem de produtos são crescentes por parte dos clientes e isso chegará na mineração. Por isso as relações bilaterais ganharam ainda mais relevância no contexto geopolítico atual: a procedência de todos os processos da cadeia de valor devem ser confiáveis tanto no aspecto ambiental quanto no político”, afirmou.

Depois de uma pausa para o almoço, o Gerente de Vendas da RWE TI, Max Christian Pingen, abordou as principais atividades da empresa no que diz respeito aos desafios ambientais das indústrias mineradoras. Como patrocinadora ouro do evento, a RWE TI atua há 20 anos na América Latina com o intuito de fornecer energia sustentável. “Ainda que nosso objetivo seja sempre a sustentabilidade em nossos serviços, nós respeitamos as características próprias de cada mina e aplicamos soluções que sejam mais adequadas para elas”, explicou.

A digitalização foi o principal tema do painel organizado pela Haver & Boecker, patrocinadora ouro da conferência, que apresentou sua solução Pulse Condition Monitoring. A ferramenta permite que a prevenção e identificação de falhas nos equipamentos. “Trabalhamos com o conceito de manutenção preventiva, ou seja, não basta apenas detectar uma falha, mas sim identificar a sua origem e sua causa. Estamos engajados em aprimorar nossos equipamentos para que eles possam auxiliar os clientes da melhor forma possível”, disse Clayton Carvalho, Managing Director da empresa.

Além de Carvalho, estavam também presentes o Engenheiro de Vendas da Haver & Boecker, Thiago Buoso; o Cientista de Dados e Diretor na AggXtream, Octávio Deliberato Neto; e Gerente das unidades da Zona da Mata da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Christian Fonseca de Andrade.

O último painel trouxe o hidrogênio verde como foco. Patrocinando a conferência pela primeira vez, a APEX Group debateu o potencial do produto para uma cadeia de valor mais limpa. “O potencial do Brasil para o hidrogênio verde é enorme. O País tem rotas de exportação para Europa, é o segundo maior país com potencial para produção do produto e ainda pode obter outras vantagens com a implementação do hidrogênio, como os fertilizantes”, disse Thomas Fogelgesang, Key Account Manager do grupo.

Revista BrasilAlemanha de Mineração foi lançada durante o evento

Foto: Divulgação AHK São Paulo

Ao final do evento, a nova Revista BrasilAlemanha de Mineração foi apresentada. Com matérias ligadas ao setor, a publicação conta com matérias sobre mineração resiliente, diversidade, operações autônomas e uso de fertilizantes. Adicionalmente, a edição introduz uma perspectiva dos sete anos das atividades e iniciativas do Centro de Competência de Mineração e Recursos Minerais no Brasil.

A Revista foi redigida em português e alemão e pode ser acessada pelo link.