Nesta quarta-feira (30), o maior evento de inovação e sustentabilidade entre Brasil e Alemanha chegou à sua 12ª edição. Promovido pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo), o Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade reuniu mais de 350 participantes presenciais e outras centenas online, em um dia intenso de debates de alto nível sobre o papel estratégico do Brasil na transformação verde global.
O encontro abordou temas centrais como inovação aberta, aplicação de inteligência artificial para agregar valor a produtos, instrumentos financeiros voltados à sustentabilidade e a importância de uma cultura organizacional que estimule a inovação.
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Dando as boas-vindas aos participantes, Barbara Konner, Vice-presidente Executiva da AHK São Paulo, discursou sobre como o novo contexto geopolítico é propício para fomentar o Brasil como parceiro para soluções verdes tanto para a Alemanha quanto para o mundo. “Os recentes eventos globais e a Presidência do Brasil em iniciativas como o G20 e o B20, assim como a COP30, no próximo ano, são oportunidades únicas para este posicionamento. Como plataforma multiplicadora e intermediadora entre o Brasil e a Alemanha entendemos o potencial brasileiro e a importância do impacto das empresas alemãs que estão no Brasil nas mais diversas áreas como inovação, proteção ao clima e transformação social”, afirmou Konner, completando: “Neste sentido, a Câmara realiza iniciativas voltadas para promover tópicos estratégicos entre os dois países e alavancar projetos das empresas parceiras. Entre as nossas principais expertises vale destacar a inovação aberta, que nos posicionou em 3º lugar no ranking de ecossistemas de startups do Brasil realizado pela 100 Open Startups! Além de chancelar nosso trabalho e dedicação, esta conquista tangibiliza nosso impacto para o ecossistema! Foram dezenas de desafios lançados, milhares de conexões realizadas e muitos negócios viabilizados.”
Ainda na abertura do evento, Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação e Sustentabilidade da AHK São Paulo convidou Pablo Fava, Vice-presidente e Líder do Comitê de Inovação da instituição e Presidente da Siemens Brasil, para um bate-papo sobre o papel do Brasil como vetor da transformação verde global.
“O Brasil já dispõe dos principais ativos para ser uma potência verde global: abundância de recursos, biodiversidade, capital humano, ambiente inovador… Mas não adianta ter os ativos se não houver uma estratégia para a convergência de todos eles”, ponderou Zarpellon. Refletindo sobre o estabelecimento de cadeias verdes, Fava foi enfático: “Precisamos engajar os nossos ecossistemas. É importante levar a mensagem da transformação sustentável.” Para o executivo, a conexão já muito estabelecida entre Brasil e Alemanha é um grande trunfo para essa transformação. “Existe uma complementariedade dos dois países, não apenas em recursos naturais e tecnologia, mas também cultural: a cultura alemã é mais lenta à mudanças, já a cultura brasileira é mais aberta a riscos e ágil. Na Siemens acreditamos que a tecnologia endereça muitas coisas, nos posicionando à frente e permitindo que escolhamos nosso caminho. Essa é a nossa força e este é o momento da oportunidade. Como Brasil, precisamos fazer acontecer!”
Na sequência, o primeiro painel do dia discutiu os motivos que levam o Brasil a ser considerado a green powerhouse do mundo. Composto por Vinicius Navarro Herdy, Diretor Net Zero da BASF; Alessandro Pansanato Rizzato, Gerente de Mobilização Empresarial da Confederação Nacional Da Indústria (CNI); Julia da Rosa Howat Rodrigues, Gerente de Inovação e Digital da AES Brasil; e Maria Helena Zucchi Calado, Head de Sustentabilidade e ESG da Volkswagen Brasil; o painel mesclou perspectivas do setor privado e do setor público, debatendo pontos como o posicionamento global estratégico, o potencial de crescimento interno do País e a matriz energética já bastante renovável. Mesmo cientes dos desafios a serem enfrentados, os painelistas foram unânimes quanto à janela de oportunidade em que o Brasil se encontra e que este é o momento de tomar essa vocação natural como oportunidade e assumir, de fato, o papel de green powerhouse do mundo.
Partindo dessa discussão, o painel seguinte propôs um olhar para as startups de base tecnológica e como a inovação aberta pode viabilizar a absorção das soluções que essas startups têm a oferecer. Reunindo Mauricio Dall’Agnese, Managing Director, Strategy, Innovation and Environmental Management da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG); Ornella Nitardi, Gerente de Inovação Aberta e Ecossistemas Digitais da BASF; Fábio Cervone, Coordenador de Negócios da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI); e Jana Silva, ESG Specialist do CUBO; o painel propôs aos participantes do evento uma discussão profunda sobre inovação aberta. De um lado, as chamadas deep techs oferecem a capacidade de soluções imediatas, algo que as grandes indústrias ainda têm dificuldade em atingir. Essas companhias já consolidadas, por sua vez, podem oferecer às startups estrutura para P&D e um capital paciente. Desta forma, o ecossistema é regido por uma via de mão dupla, integrando maturidade e segurança à inovação, para a criação de soluções disruptivas no mercado.
Para fechar a primeira parte do evento, Bruno Zarpellon e Jana Silva apresentaram a iniciativa Deep techs for industry descarbonization (D4iD). Desenvolvida pela AHK São Paulo em parceria com o Cubo e apadrinhada por Pablo Fava, a iniciativa visa mapear, reconhecer e acelerar o go-to-market de startups de base tecnológica para descarbonização da indústria. Com essa conexão, as empresas âncora dos desafios se antecipam à crescente demanda mundial por industrialização sustentável, alavancando e otimizando investimentos via incentivos locais e internacionais.
Na parte da tarde, os participantes foram convidados a participar de um workshop com Meire Ferreira, Sócia da Iris Negócios Regenerativos, sobre liderança regenerativa, propondo uma reflexão sobre como a alta liderança pode enfrentar a complexidade da tomada de decisão em tempos de incertezas climáticas e sociais, incorporando a agenda ESG na própria estratégia de negócio.
Em seguida, a Dra. Agatha Depiné, Coordenadora de Inovação Aberta da AHK São Paulo, conduziu um debate sobre o programa Startups Connected. José Borges Frias, Director of Strategy and Business Development da Siemens; e Marcio Weichert, Head of Programme do DWIH. Discutindo a importância de programas de inovação aberta, o trio traçou um retrospectiva da iniciativa e seus resultados.
Questionado sobre o motivo que leva a Siemens a investir em inovação aberta, Borges foi categórico: “Está mais do que claro que independentemente do nível de competência, inovação ou quantidade de recursos de uma empresa, não é possível fazer nada sozinho. É importante interagir com esse ecossistema de inovação, porque essa é uma forma de se provocar e se desenvolver internamente com o apoio de quem tem mais agilidade.”
Marcio Weichert também comentou a longa parceria com a AHK São Paulo e anunciou a vencedora do último desafio proposto pelo DWIH no programa Startups Connected.
Durante o seu pitch, Deniz Tuzsus, fundador da paged.ai, compartilhou detalhes da solução. Utilizando ferramentas de inteligência artificial, a plataforma avalia vídeos a partir de características como a edição, a duração e a disposição do conteúdo, dando notas de acordo com o potencial do vídeo de causar impactos psicológicos.
Discutindo a atração de investimentos para iniciativas locais com impacto global, o painel seguinte contou com a participação de Felipe Albuquerque, Head of Sustainability LATAM da Bayer; André Aguilar, Diretor Mercosul do DEG; Gabriela Bertol, Head Strategic Execution Sustainability & Net Zero do Santander; e Alberto Abdu, Head de ESG e HSE para a América Latina da Bosch. Os painelistas defenderam a importância de um olhar atento a toda a cadeia em que se está inserido, para conseguir visualizar os pontos de impacto, e destacaram a transparência como chave para acelerar a transformação, visto que sem ela não há como atrair investimentos.
Conduzindo a discussão para uma análise das novas modelagens financeiras e finanças sustentáveis para desenvolvimento de projetos de inovação e sustentabilidade, Bruno Zarpellon, dividiu o palco com André Ferrarese, Diretor de Pesquisa da Tupy AS; Renato Ramalho, CEO e Sócio do KPTL; e Sergio Marcondes, Co-Founder do Blend Group, para discutir o corporate venture capital como um dos instrumentos para impulsionar a transformação.
Para fechar o dia de discussões de alto nível, Kathrin Pfeffer, CFO da Mercedes-Benz do Brasil e América Latina (Caminhões e Ônibus); Fernando Tourinho, Vice-Presidente de Recursos Humanos para a América Latina da Bosch; Adriana Nunes Machado, Superintendente Desenvolvimento de Negócios e Head de ESG da HTB; e Augusto Aielo, CEO da Voe Sem Asas, dividiram o palco com Bruno Zarpellon para discutir a perspectivas de pessoas como vetor de transformação. Compartilhando melhores práticas de desenvolvimento de cultura organizacional direcionada à inovação e work-life balance, os painelistas defenderam a construção de um espaço aberto para compartilhamento de ideias, não apenas para viabilizar o desenvolvimento de novos produtos, mas também para incrementar as soluções já existentes. Essa jornada de escuta e valorização dos colaboradores é essencial para a cultura da companhia, pois permite a construção de um canal de melhoria e engajamento dos colaboradores.
O Congresso também foi palco da cerimônia de premiação do Green and Digital Startup Award, um prêmio promovido pela AHK São Paulo que reconhece soluções inovadoras para enfrentar os desafios da transição digital e verde. As startups finalistas puderam apresentar aos participantes suas soluções inovadoras. São elas: Z Future, Terateks, Telite, Sustain Tecnologia, Yattó, Trashin, DEEP ESG, Green Balance, e Haka Bioprocessos. Conheça aqui as vencedoras.