Delegação alemã visita estados brasileiros para discutir oportunidades de cooperação na geração de hidrogênio verde

Foto: AHK São Paulo/Plaza Films

Entre os dias 12 e 17 de março, uma delegação formada por representantes de associações da Alemanha voltadas ao mercado de hidrogênio verde esteve no Brasil para discutir oportunidades de cooperação e negócios entre os dois países na área das tecnologias PtX (Power-to-X), que correspondem ao uso do hidrogênio como integrador entre a geração de energia elétrica e outras aplicações, como energética e química.

Organizada pelo projeto H2Brasil, que integra a Cooperação Brasil-Alemanha pelo Desenvolvimento Sustentável, a viagem da delegação contou com uma programação intensa de reuniões e visitas técnicas, visando a disseminação do potencial brasileiro no suprimento de hidrogênio verde em uma cadeia de valor global em formação. O principal objetivo da missão era fomentar o diálogo entre os representantes de associações, autoridades do Governo de Brasil e Alemanha e o setor industrial para discutir a viabilização e o desenvolvimento de negócios na economia de transição energética, principalmente por meio do hidrogênio verde.

A delegação foi composta por Gianna-Maria Pedot, Assessora Técnica no projeto H2Brasil da GIZ Brasil; Toraf Pilz, Conselheiro de Política Externa da Bundesverband der Energie- und Wasserwirtschaft (BDEW); Werner Diwald, Presidente do Conselho da Deutscher Wasserstoff- und Brennstoffzellen-Verband e. V. (DWV); Catharina Horn, Gerente de Programas Internacionais de Energia do NOW GmbH; Ekaterina Esche, responsável pela Comunicação Internacional da Bundesverband Energiespeicher Systeme e.V. (BVES); e Romuald Bittl, Conselheiro e Chefe do Departamento de Economia e Desenvolvimento do Distrito de Rostock.

Programação

A primeira parada da delegação no Brasil foi em Belo Horizonte para acompanhar as discussões da 39ª edição do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que promoveu, entre outros, um painel com autoridades, como Geraldo Alckmin, Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil; Robert Habeck, Vice-chanceler e Ministro Federal de Assuntos Econômicos e Proteção Climática da Alemanha; e Cem Özdemir, Ministro Federal de Alimentação e Agricultura da Alemanha.

Ainda em Minas Gerais, o grupo fez uma visita à empresa Neuman & Esser. Com investimentos de cerca de 8,5 milhões de euros, a empresa do grupo alemão inaugurou uma moderna fábrica em sua filial de Belo Horizonte. A planta produzirá geradores de hidrogênio verde por eletrólise, bem como reformadores de etanol e biometano.

O grupo participou também de um encontro com representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, a Invest Minas, a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMGE), o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG).

“A pauta de hidrogênio verde já está na mesa, mas agora queremos trazê-la para a prática. Minas Gerais tem um imenso potencial no campo da geração de energia e estamos felizes em receber essa delegação para dialogar”, disse Kathleen Garcia, Secretaria de Estado Adjunta de Desenvolvimento Econômico.

De Minas Gerais o grupo seguiu viagem para o Ceará para conhecer mais sobre o potencial do estado na geração de hidrogênio verde. Em Fortaleza, o grupo foi recebido por Hugo Figueiredo, CEO do Complexo de Pecém, porto industrial que está se tornando o primeiro centro de hidrogênio verde do Brasil. Com a assinatura de vários acordos internacionais, o polo oferece grandes oportunidades para a exportação de derivados de hidrogênio verde, como amônia e metanol, assim como para clientes potenciais em seu complexo industrial. O porto também abriga uma usina termoelétrica do Grupo EDP, a primeira de produção de hidrogênio verde comercialmente viável no Brasil.

Finalizando a agenda em Fortaleza, o grupo apresentou suas soluções para autoridades do governo local e representantes da indústria, como a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e visitaram o instituto SENAI/SESI do Ceará para conhecer o Centro de Competência de Transição Energética.

“A excelente relação entre Brasil e Alemanha é um grande capital que podemos oferecer para viabilizar tantas parcerias estratégicas”, afirmou o Vice-Presidente da FIEC, Carlos Prado, em seu discurso. “O tema de hidrogênio verde não é visto apenas como importante, mas como estratégico para o estado do Ceará. Queremos aprender e compartilhar aprendizado”, completou Salmito Filho, Secretário do Desenvolvimento Econômico do Ceará.

 Percepções da delegação

Animado com as conexões realizadas, o grupo retornou à Alemanha na última sexta-feira (17) e se mostrou unânime quanto aos resultados positivos da missão.

“Tivemos muitas interações interessantes nos últimos dias, com reuniões e vistas que nos ajudaram a entender melhor os aspectos do grande potencial brasileiro como exportador de hidrogênio verde. Pudemos entender melhor as estratégias e roadmaps das regiões visitadas, para compreender os potenciais de trabalho em cooperação e intercâmbio de tecnologia”, disse Catharina Horn, Gerente de Programas Internacionais de Energia do NOW GmbH. “As novas legislações ambientais vão promover uma verdadeira revolução nos próximos sete anos e reconhecemos que o hidrogênio é a energia que vai assegurar um fornecimento confiável. O que está sendo feito aqui no Ceará emite sinais muito positivos”, ressaltou Werner Diwald, Presidente do Conselho da Deutscher Wasserstoff- und Brennstoffzellen-Verband e. V. (DWV).

“Foram dias agradáveis e muito interessantes. Vimos um panorama da situação no Brasil em relação ao hidrogênio verde. E, em geral, que possibilidades existem de utilizá-lo de formas diferentes”, completou Romuald Bittl, Conselheiro e Chefe do Departamento de Economia e Desenvolvimento do Distrito de Rostock.

As visitas técnicas promovidas pela delegação foram listadas como parte fundamental para que o grupo pudesse ter uma visão mais abrangente sobre o potencial brasileiro e as estruturas já existentes para escalar a produção.

“Para nós, como delegação, é muito interessante descobrir como funciona a economia do hidrogênio no Brasil, especialmente no Estado do Ceará, como funciona, que estratégia e plano têm e também que possibilidades podem ser trabalhadas em conjunto no setor do hidrogênio”, destacou Ekaterina Esche, responsável pela Comunicação Internacional da Bundesverband Energiespeicher Systeme e.V. (BVES).

Os encontros com representantes do governo também foram listados como ponto alto na viagem. “As reuniões que tivemos com representantes do Governo, empresas e instituições evidenciaram o entusiasmo e dedicação do País em ocupar um papel de destaque na transição energética”, ressaltou Toraf Pilz, Conselheiro de Política Externa da Bundesverband der Energie- und Wasserwirtschaft (BDEW).

Sobre o H2Brasil

O projeto H2Brasil integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e financiado pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.