Em meio à crise climática no Brasil e ao novo aumento na conta de luz dos brasileiros, que subirá a partir de outubro com a bandeira vermelha patamar 2, o patamar mais caro do setor, a geração renovável, incluindo as fontes solar, eólica, biomassa e hídrica, tem colaborado para o abastecimento elétrico, de forma limpa, sustentável e competitiva. Adicionalmente, as fontes renováveis têm evitado uma escalada ainda maior na emissão de poluentes para a geração de eletricidade no País, considerando o atual momento de mais queima de combustíveis fósseis enfrentado pelo setor.
Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (ABSOLAR), com base em dados e estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a fonte solar foi responsável por 9,6% de todo o suprimento elétrico do Brasil, entre os meses de agosto e setembro de 2024 (1/8 a 19/9), com mais de 7,5 mil megawatts médios (MWmédios), tendo pouco mais da metade do abastecimento vindo da geração própria solar (4,6 mil MWmédios), ou seja, sistemas solares instalados em telhados e pequenos terrenos. Somando também as demais fontes renováveis, como hídrica (49 mil MWmédios), eólica (11 mil MWmédios) e biomassa (1,4 mil MWmédios), o abastecimento renovável neste período chegou a cerca de 90,4% da demanda elétrica brasileira.
A partir de outubro, os consumidores brasileiros pagarão, com a bandeira vermelha patamar 2, um adicional de quase 8%, com R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos no mês, resultado do acionamento de termelétricas fósseis emergenciais.
Na avaliação da ABSOLAR, esse cenário poderia ser ainda mais preocupante. Com mais de 47 gigawatts (GW) de potência instalada operacional, somando as grandes usinas e os pequenos sistemas de geração própria solar, a tecnologia fotovoltaica já evitou a emissão de 57 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade desde 2012.
Durante a crise hídrica anterior, de 2021, até então a maior dos últimos 91 anos, o governo criou a “bandeira vermelha escassez hídrica” e os consumidores arcaram com custos adicionais de R$ 28 bilhões, por conta do uso de todas as termelétricas fósseis emergenciais e da importação de eletricidade da Argentina e Uruguai. A consultoria especializada Volt Robotics fez estudo sobre o papel da geração distribuída solar naquele período e constatou que o custo teria sido de R$ 41,6 bilhões, ou seja, 48,6% maior, caso a sociedade não tivesse geração própria solar. Naquela época, o Brasil tinha apenas 7,5 GW em sistemas solares em telhados e pequenos terrenos.
Segundo a associação, a atual crise climática no Brasil, que já acumula impactos bilionários à sociedade, com alagamentos, secas históricas, queimadas e mais gastos com saúde pública, estaria num patamar ainda pior, se não fosse o alívio à demanda e aos recursos hídricos, proporcionados pelas fontes renováveis não-hídricas. “Sem estas fontes renováveis, as tarifas estariam mais altas, o risco ao abastecimento seria maior e o ar estaria sobrecarregado com mais poluentes e gases de efeito estufa”, apontou Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR.
Na visão de Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, o atual cenário acende um alerta para a necessidade de reforçar o planejamento e os investimentos na infraestrutura do setor elétrico, sobretudo em linhas de transmissão e novas formas de armazenar a energia limpa e renovável, gerada em abundância no País.
“O uso da energia renovável combinada com tecnologias de armazenamento pode aliviar ainda mais a pressão sobre as tarifas de energia elétrica e o consequente aumento na inflação, que corrói o poder de compra das famílias e a competitividade dos setores produtivos. Neste cenário, a energia solar é uma das melhores soluções para se proteger das bandeiras tarifárias e, assim, aliviar o bolso dos brasileiros, diante de um cenário hídrico cada vez mais desafiador”, concluiu Koloszuk.