Estudo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz sobre resposta imune durante infecção pela COVID-19 apresenta resultados promissores

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Um trabalho inédito feito pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz sobre o perfil da resposta imune do organismo, com relação ao Novo Coronavírus, identificou um diferente perfil imune em comparação com os indivíduos saudáveis. Foi evidenciado ainda um desbalanço entre ativação e inibição da inflamação nos casos mais graves da doença, além da correlação com o aumento no valor de seis citocinas com o maior risco de necessidade de ventilação mecânica (casos de evolução mais grave da Covid-19). O estudo foi publicado na revista internacional Immunology Letters, revista científica de alto impacto – Qualis A.

O estudo foi desenhado por médicos hematologistas do Centro Especializado em Oncologia e da unidade de Terapia Intensiva (UTI) e pesquisadores do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em parceria com o laboratório Fleury e o Hemocentro da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

O objetivo da pesquisa foi avaliar o desequilíbrio da resposta imune diante de uma“tempestade”inflamatória desencadeada por citocinas que atingem inúmeros órgãos, incluindo os pulmões, numa manifestação sistêmica que tem sido o principal alvo de combate contra o coronavírus. As citocinas são proteínas que atacam os vírus ou bactérias, e constituem a“munição”que protege o organismo, mas que também pode deflagrar um auto ataque, quando em excesso. O estudo é o primeiro do tipo aprovado pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).

Conclusões do estudo

A partir de maio de 2020 foram incluídos 62 pacientes com infecção grave pela Covd-19 internados na UTI do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Foram coletadas amostras de sangue no dia da entrada na UTI e a cada quatro dias, com o máximo de seis coletas por paciente, para avaliar o panorama de 17 citocinas. Estas amostras foram comparadas com controles saudáveis sem infecção (doadores de sangue).

Na análise dos dados foi observada a existência de um diferente perfil imune em comparação com os indivíduos saudáveis. Foi evidenciado também um desbalanço entre ativação e inibição da inflamação nos casos mais graves da doença, além da correlação com o aumento no valor de seis citocinas com o maior risco de necessidade de ventilação mecânica (casos de evolução mais grave).

Além disso, foi possível identificar o aumento progressivo dos níveis CD137 solúvel relacionando-o como um possível biomarcador para monitoramento de gravidade, e ainda, eventual alvo para estudo com medicamentos, a fim de modificar a evolução da doença.

CD137 é um membro da família do receptor do fator de necrose tumoral (TNF), responsável principalmente pela ativação das células T, integrantes do sistema imunológico responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos.

“Este estudo é relevante pois as análises permitiram traçar um panorama do comportamento do organismo desses pacientes frente ao vírus e identificou novos mecanismos potenciais para tratamentos contra a infecção pela Covid-19, além de ser inédito pelo grande número de citocinas avaliadas e o primeiro neste perfil a ser realizado no Brasil”, pontua Dr. Otavio Baiocchi, hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e coordenador da pesquisa.