A Marinha do Brasil (MB) e a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis realizaram no dia 8 de agosto a Cerimônia de Lançamento da Fragata “Tamandaré” (F200), a primeira, que dá nome à classe, das quatro previstas no Programa Fragatas Classe “Tamandaré” (PFCT). O evento foi realizado na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul (tkEBS), em Itajaí, Santa Catarina. O PFCT é considerado o mais inovador projeto de construção naval desenvolvido no Brasil, com mão de obra local e transferência de tecnologia.
A fragata lançada hoje tem alto poder combatente, é capaz de proteger a extensa área marítima brasileira, com mais de 5,7 milhões km², a “Amazônia Azul”, além de ter a capacidade de realizar operações de busca e salvamento, monitorar e combater ações de poluição, pirataria, pesca legal, dentre outras ameaças, e também atender a compromissos internacionais.
O evento contou com a participação do Presidente da República, Luíz Inácio Lula da Silva, do Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, e demais representantes do almirantado e outras autoridades, bem como membros da indústria de defesa e da comunidade científica e tecnológica.
Em seu discurso, o Presidente da República afirmou que “a modernização tecnológica de nossas Forças Armadas e o fortalecimento de sua Base Industrial de Defesa é uma iniciativa estratégica sob os mais diferentes pontos de vista: da defesa, da economia, da tecnologia e da cooperação internacional. Esse projeto, que agrega tecnologia de ponta, é o resultado de uma parceria muito bem construída pelo Ministério da Defesa e a Marinha do Brasil com o consórcio Águas Azuis”.
Já o Ministro da Defesa, José Mucio, lembrou que vê com muito gosto o resultado das iniciativas de diferentes segmentos da sociedade brasileira. “Não há prova melhor da nossa capacidade, em termos de Defesa, do que a entrega das Fragatas Classe “Tamandaré”. Isso viabilizará a substituição de navios com mais de 40 anos de operação. Materializando, portanto, a inadiável renovação da nossa Esquadra. E essa exigência de tornar a Marinha mais apta a defender os interesses do Brasil no mar, coincide com a confirmação do imenso volume de riquezas a serem protegidas para o povo brasileiro, na nossa Amazônia Azul”.
O PFCT tem como propósito modernizar a Esquadra brasileira, reforçando sua capacidade de garantir a soberania do País, além de incentivar o crescimento da indústria de defesa nacional e da cadeia produtiva necessária à construção dos navios em solo brasileiro. Ao longo do programa, serão criados mais de 6.000 empregos diretos e indiretos.
O Comandante da Marinha, Almirante Olsen, destacou a importância das riquezas naturais e o desmedido potencial econômico que abarcam as águas jurisdicionais brasileiras, que constitui estímulo impreterível para o Estado dispor de um poder naval com características de mobilidade, permanência, versatilidade e flexibilidade. “O Brasil é inviável sem o aproveitamento organizado do vasto domínio marítimo, um litoral com cerca de 7.500 km em confrontação com o Oceano Atlântico, por onde trafegam cerca de 95 por cento do seu comércio exterior”.
A SPE Águas Azuis é formada pela thyssenkrupp Marine Systems, pela Embraer Defesa e Segurança e pela Atech. O PFCT é gerenciado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON). Desde a assinatura do contrato com a MB, em março de 2020, importantes avanços nas atividades construtivas foram alcançados, seguindo o cronograma estabelecido. A Fragata “Tamandaré” começou a ser construída em setembro de 2022, e tem previsão de ser entregue à Marinha no final de 2025.
Sobre o Programa Fragatas Classe “Tamandaré”
O Programa prevê a transferência de tecnologia de manuseio e fabricação dos navios a partir de chapas de aço com baixa espessura, além da produção em blocos, para serem edificados posteriormente. Desse modo, é possível instalar acessórios e fundações de forma antecipada, além de facilitar a colocação de equipamentos a bordo e possibilitar trabalhos em diversos estágios de maneira segregada em cada unidade. O processo também aumenta a segurança dos colaboradores, por manter espaços abertos por mais tempo durante a construção.
Além disso, o PFCT trabalha com tecnologia paperless, que visa ao desenvolvimento totalmente digital, eliminando o papel na linha de produção, promovendo a preservação ambiental. O projeto prevê a gestão do ciclo de vida do navio, que projeta os investimentos desde a construção até o desfazimento do meio.
Todas as embarcações serão produzidas em território nacional, com altos índices de conteúdo local e transferência de tecnologia, que incrementam a construção naval nacional e fomentam a Base Industrial de Defesa. Ao construir as embarcações em Itajaí, Santa Catarina, a MB possibilitou a reativação de um estaleiro, recontratando profissionais e gerando mais emprego e renda para a região.
As Fragatas são um reforço importante na proteção dos mais de cinco milhões de km² de área da nossa Amazônia Azul. É no mar que se encontram as principais plataformas de exploração de petróleo e gás do Brasil; é pelo mar que é exportada a maior parte da produção nacional e é também pelo mar, que muitos brasileiros tiram sustento e renda através da atividade pesqueira e do turismo.
As quatro Fragatas serão entregues à Marinha de forma gradativa, entre 2025 e 2029.