Painelistas do 2º Congresso Brasil-Alemanha de Hidrogênio Verde são unânimes: futuro do Brasil está nas energias verdes

Foto: Divulgação AHK São Paulo

“Temos convicção de que o futuro do nosso País está nas energias verdes.” Foi com essa fala que Manfredo Rübens, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Presidente da BASF para a América do Sul, fez a abertura oficial do 2º Congresso Brasil-Alemanha de Hidrogênio Verde. “Nosso objetivo com este congresso é criar mais um espaço para a cooperação; para as parcerias; para a troca de experiências; e colaborar na criação de ideias para essa aposta mundial de descarbonização que o Hidrogênio Verde representa”, disse.

Antes de dar início aos paineis, Rübens fez o lançamento oficial da nova edição da Revista BrasilAlemanha. “Nossa revista bilíngue acompanha as principais tendências e o Hidrogênio Verde, como sabemos, é um tema de peso a ser abordado. Por esse motivo, essa edição se dedica especialmente a discutir os diversos aspectos desse condutor energético. Abordamos o potencial do Brasil; as oportunidades na Alemanha; as legislações envolvidas, assim como os conceitos básicos do Hidrogênio Verde”, explicou.

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O potencial brasileiro para o mercado de Hidrogênio Verde foi o fio condutor das apresentações dos palestrantes convidados. “O Brasil possui a vantagem de uma matriz energética bem diversificada, além de outras condições específicas que permitem que nos tornemos um grande player global para este segmento do Hidrogênio Verde”, ressaltou Hanno Erwes, Diretor Executivo da Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro.

Em seu discurso, o Embaixador da República Federal da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, comentou a importância das relações bilaterais. “A cooperação internacional é um  elemento fundamental para a estratégia alemã de Hidrogênio Verde, visto que a Alemanha não consegue atender sozinha ao seu mercado interno de Hidrogênio Verde, dependendo da importação de países parceiros”, disse, completando que neste contexto o Brasil desponta como parceiro estratégico para o fornecimento.

A abertura do evento contou ainda com a participação de Carlos Pires, Diretor do Departamento de Desenvolvimento Estratégico no Ministério de Minas e Energia, que falou sobre o engajamento do ministério no desenvolvimento de todo potencial brasileiro para se tornar um fornecedor global do vetor energético.

O primeiro bloco do congresso teve como temática o contexto global e local do Hidrogênio Verde e contou com a apresentação de João Guillaumon, Partner na McKinsey & Company, e de Ansgar Pinkowski, Gerente de Inovação e Sustentabilidade na Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro.

Discutindo as oportunidades e desafios identificados a partir de projetos-piloto no Brasil, Paulo Alvarenga, CEO da thyssenkrupp South America, afirmou que a temática da produção de Hidrogênio Verde não se restringe a um setor isolado. “O desafio da descarbonização não permite nos dar ao capricho de discutir tecnologias ou portes. Todos os esforços e tecnologias, dentro de sua aplicação e demanda, são igualmente importantes para cumprir essa missão que é da sociedade como um todo”, frisou.

Questionado sobre os principais desafios para tornar o Hidrogênio Verde mais competitivo, Daniel Gabriel Lopes, Diretor Comercial na Hytron, foi enfático: “Os maiores desafios serão inerentes a etapa de pós-venda e operação dos equipamentos em escala adequada. Pensando na cadeia de valor da indústria brasileira, precisamos preparar nossos serviços de pós-venda e nossa engenharia, estruturando esses elementos à nossa cadeia de valor para atender a essas demandas, especialmente no que diz respeito a sistemas de operação remoto.”

Em seguida, Fernanda Leite, Technical Advisor na Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH (GIZ), foi a responsável pela mediação de um painel sobre os critérios de sustentabilidade e certificações para o Hidrogênio Verde.

“Há uma convergência muito grande do tema em relação ao Brasil e a Alemanha. Nós temos um potencial gigantesco e a possibilidade de fazer um mix de contratos de energias eólica, solar e hidrelétrica, para que a oferta de energia renovável para plantas de eletrólise possa ser feita 24h. A perspectiva é que o Brasil em 2030 seja a Arábia Saudita do Hidrogênio Verde”, afirmou Nivalde de Castro, Professor e Coordenador na Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GESEL).

A certificação, tema de vital importância para o desenvolvimento do mercado de Hidrogênio verde, foi muito discutida pelos painelistas. “Temos que pensar na certificação. Naturalmente temos que olhar pelas perspectivas tecnológicas e econômicas, mas também é preciso alargar nossos horizontes e olhar a produção também pelos aspectos sociais e ambientais”, destacou Ulrike Hinz, Policy Advisor Climate and Energy na WWF Germany. Para Ítalo Freitas, Vice-Presidente de Desenvolvimento de Negócios da AES América do Sul, esse não será um empecilho à competitividade brasileira. “Esse será um mercado que irá se consolidar nos próximos anos. Atualmente, os países ainda divergem em alguns pontos relacionados à certificação, mas o mais importante é que o Brasil consegue atender a todos os conceitos.”

Dr. Christine Falken-Großer, Head of Unit IIA2 Bilateral Energy Cooperation no Ministério da Economia e Energia da Alemanha (BMWi), detalhou os instrumentos de financiamento para projetos de cooperação internacional. “O Governo Alemão oferece a garantia de compra por 10 anos por determinado preço. Esse contrato dá aos investidores a segurança de investimento, tornando possível obter financiamento do setor privado. Não queremos apenas apoiar projetos-piloto, mas queremos criar um mercado sólido e competitivo”, disse.  

Em seguida, Dr. Ing. Rodrigo Pastl, Head of Fraunhofer Liaison Office Brazil na Fraunhofer-Gesellschaft, compartilhou informações sobre alguns projetos envolvendo a produção de Hidrogênio Verde. Em 2019 a Fraunhofer-Gesellschaft foi a responsável por desenvolver o roadmap de Hidrogênio para a Alemanha. “Temos que tirar essas estratégias do papel e fazer acontecer. Para isso, todos têm que estar envolvidos e dispostos ao risco”, disse.

Para Daniel Hubner, Vice-Presidente da Base Chemicals Americas da Yara International, todo este processo exige celeridade. “Na nossa visão, a descarbonização é uma jornada sem volta. Precisamos encontrar soluções para acelerar este processo.”

Fechando a programação do Congresso, Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação e Sustentabilidade na Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, e Ansgar Pinkowski, apresentaram um programa de aceleração de projetos e soluções inovadoras da Aliança Brasil-Alemanha de Hidrogênio Verde.  “A iniciativa tem como objetivo criar e alavancar o ecossistema de produção de Hidrogênio Verde brasileiro em suas principais frentes: produção, logística e aplicação. O programa de aceleração promoverá transferência de conhecimento entre diferentes atores, inovação aberta entre empresas, institutos de pesquisa e startups e a atração de investimento do setor provador, apoiando assim a transição energética do Brasil por meio da inovação”, afirmou Zarpellon.