Empresas brasileiras estão mais preocupadas com compromissos Net Zero que a média global, mas o país ainda tem muito o que avançar. Os dados estão na 25ª edição da Pesquisa Anual Global com CEOs da PwC (25th Annual Global CEO Survey), que ouviu mais de 4.400 executivos, em 89 países, com uma participação expressiva de líderes do Brasil. O estudo procurou saber em que objetivo científico baseia o compromisso de neutralidade de carbono das empresas. 29% dos CEOs brasileiros dizem ter compromissos alinhados com a limitação do aquecimento global a até 1,5° C. Já 10% afirmam possuir iniciativas para que esse limite seja de até 2° C.
Ainda sobre a adesão ao movimento de neutralidade de carbono, 36% dos executivos brasileiros alegam não ter compromissos definidos, índice próximo à amostra global, 41%. Ao mesmo tempo, 38% não assumiram compromissos com iniciativas net-zero; índice global é de 44%. Quanto aos índices das empresas que assumiram compromissos com a neutralidade de carbono, são 27% no Brasil ante 22% entre os dados globais.
“Empresas que assumiram compromissos mais fortes tendem a incluir metas de redução de emissões em suas estratégias corporativas e planos de remuneração dos CEOs. Também sobre esse aspecto, 59% dos CEOs brasileiros afirmaram que as ações para reduzir as emissões serão validadas de forma independente, o que mostra que a responsabilidade ambiental está em pauta”, comenta o Sócio da PwC Brasil, Mauricio Colombari.
Entre os fatores que mais influenciam os compromissos de carbono neutro das empresas brasileiras, o principal é a mitigação dos riscos das mudanças climáticas, afirmam 67% dos CEOs entrevistados. Na sequência estão as entregas de produtos e serviços inovadores, para 62% deles. Em comparação aos índices globais, esses mesmos fatores aparecem com 61% e 52%, respectivamente.
Para aquelas companhias que alegam motivos para assumir compromissos de carbono neutro no Brasil, 57% dos CEOs afirmam não produzir uma quantidade significativa de gases de efeito estufa, 55% dizem não ter capacidade de mensurar as emissões e 52% apontam que o setor de atuação não tem abordagem estabelecida para descarbonização.
Impacto nas vendas
Para 63% dos CEOs brasileiros, a ameaça das mudanças climáticas deve impactar a venda de produtos e serviços nos próximos 12 meses. 45% deles acreditam que afetará o aumento de capital e 39% temem pela interferência no desenvolvimento de produtos e serviços. No mundo, as perspectivas sobre esses fatores são um pouco diferentes. Para 54% haverá impactos nas vendas, 28% no aumento de capital e 48% no desenvolvimento de produtos e serviços.
“Trata-se de um assunto de primeira ordem que intercorre por todas as instâncias. Por essa razão as empresas precisam estar mais comprometidas com os movimentos de neutralidade de carbono”, observa Colombari.
Reflexo nos bônus
De acordo com a 25ª edição da Pesquisa Global com CEOs da PwC, fatores ESG estão menos assimilados ao bônus anual dos CEOs brasileiros. 12% alegam que cotas para diversidade de gênero e metas de emissão de gases de efeito estufa influenciam nessa remuneração. Enquanto 8% dizem o mesmo sobre cotas com foco em diversidade étnico-racial. A título de comparação, 49% afirmam que métricas de satisfação de clientes compõem seus objetivos para remuneração do bônus anual.
Ao analisar os mesmos fatores não-financeiros com menos influência no bônus dos CEOs do mundo, há um movimento similar ao do cenário brasileiro. 13% dos executivos disseram que metas de emissão de gases de efeito estufa influenciam, enquanto iniciativas de diversidade de gênero e étnico-racial são mencionadas por 11% e 8%, respectivamente.